O alto n�vel de inadimpl�ncia dos consumidores j� provoca rea��es do com�rcio em dire��o � recupera��o do cr�dito e do consumo. As Casas Bahia, do maior grupo varejista brasileiro, est�o promovendo uma campanha para a quita��o de d�bitos. O mutir�o, que normalmente acontece em novembro, em parceria com a C�mara dos Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), foi antecipado pela rede para esta semana. Para estimular o consumidor a “limpar” o nome e voltar a gastar, as negocia��es chegam a dar descontos de 80% no valor da d�vida.

Em Belo Horizonte, a campanha, que come�ou ontem e continua at� sexta-feira, chega em um momento de alta do calote. A inadimpl�ncia do consumidor no pa�s cresceu 6% em maio, atingindo a maior alta do ano e terceira eleva��o consecutiva, segundo indicador da Serasa Experian. “A negocia��o de d�vidas � uma alternativa muito boa para o consumidor voltar a ter cr�dito e uma op��o tamb�m para o com�rcio. Libera um hist�rico de d�bitos, que retorna como cr�dito para a empresa”, comenta Marcelo de Souza e Silva, vice-presidente da CDL-BH.
Miguel Jos� Ribeiro, vice-presidente da Associa��o Nacional dos Executivos de Finan�as (Anefac) ressalta que a liquida��o de d�bitos amplia o volume de vendas, mas mostra que o calote est� mesmo em alta e preocupa o setor. “As campanhas geralmente ocorrem no �ltimo trimestre do ano, pr�ximo ao Natal. O ato de antecip�-las demonstra que o n�mero de pagamentos em atraso est� superior ao de anos anteriores.” Para o executivo, as condi��es especiais para o consumidor s�o positivas e t�m dois efeitos. “Reduzem a inadimpl�ncia e aumentam o consumo.”
A instrumentadora Weslaine Rosa dos Santos que o diga. Ontem, em dez minutos ela conseguiu quitar uma d�vida que estava atrasada h� quatro anos e acabou levando o seu nome para o cadastro do Servi�o de Prote��o ao Cr�dito (SPC). “Fiquei muito satisfeita. Minha d�vida, que era de R$ 1,2 mil saiu por R$ 250.” Weslaine havia pago quatro parcelas de uma presta��o de eletrodom�sticos, mas ainda restavam 11 em aberto. “Fiquei desempregada e n�o pude pagar as presta��es.” Agora, com o nome limpo e emprego novo, a instrumentadora tem planos. “Vou fazer um cart�o de cr�dito para voltar a comprar parcelado.”
Recupera��o
Paulo Santos, diretor do departamento de cr�dito e cobran�a da Viavarejo – organiza��o que abriga as marcas Casas Bahia e Ponto Frio –, disse que o objetivo � atingir e recuperar o maior n�mero poss�vel de consumidores que estejam com pend�ncias financeiras com a rede para que eles possam retornar ao mercado de consumo. O executivo n�o revelou o volume de recursos que a campanha deve movimentar e tamb�m preferiu n�o comentar o crescimento do calote.

As campanhas de recupera��o do cr�dito t�m como alvo quitar d�vidas de pequeno valor e essa � outra vantagem para o com�rcio. “Com o valor unit�rio dessas presta��es � reduzido, a cobran�a se torna cara e demorada para a empresa, por isso a negocia��o � uma boa alternativa”, avalia o economista Roberto Piscitelli, membro do Conselho Federal de Economia (Cofecon) Segundo ele, em �pocas de grande endividamento das fam�lias, as campanhas aliviam a situa��o financeira das empresas, que, com maior liquidez, conseguem repor seus estoques e capital de giro, al�m de favorecer o recome�o do ciclo de endividamento.
Campanha de recupera��o de cr�dito
At� 22 de junho
Das 7h �s 19h
Local: CDL-BH – Avenida Jo�o Pinheiro, nº 495, Funcion�rios
Aposta positiva
O gerente da Divis�o de Macroeconomia da BB DTVM, Marcelo Arnosti, disse ontem que a inadimpl�ncia no pa�s tem perspectiva de queda no segundo semestre do ano. De acordo com ele, os altos n�veis de emprego e de massa salarial, al�m da possibilidade de refinanciamento de d�vidas por causa do processo de redu��o de juros em curso no Brasil, s�o fatores que prenunciam uma queda em um prazo de cerca de tr�s meses. "A inadimpl�ncia pode at� subir um pouquinho a curt�ssimo prazo, mas ceder� no segundo semestre", afirmou, ap�s workshop realizado na Funda��o Getulio Vargas (FGV), em S�o Paulo. De acordo com Arnosti, o processo de recuo do n�vel de inadimpl�ncia vai se refletir em aumento do cr�dito no pa�s, apontando para um aumento do consumo nos pr�ximos meses. "Renda robusta e juros reais em queda favorecem a confian�a do consumidor", disse.
Otimismo no com�rcio
A despeito do crescimento da inadimpl�ncia e aposta do mercado no desaquecimento da economia do pa�s em 2012, o com�rcio segue otimista. Segundo o levantamento do Banco Central, a previs�o dos analistas das institui��es financeiras para o Produto Interno Bruto (PIB) no fechamento do ano, recuou de 2,53% para 2,30%. Mas em Belo Horizonte, a C�mara dos Dirigentes Lojistas (CDL-BH) diz que o calote e a redu��o do ritmo da produ��o ainda n�o fizeram recuar as estimativas de crescimento do com�rcio, que permanecem em patamares acima do PIB. O vice-presidente da entidade, Marcelo de Souza e Silva, diz que o mercado de trabalho aquecido est� garantindo ritmo ao varejo, que deve manter firme o patamar m�dio de faturamento mensal, na ordem de R$ 1,8 bilh�o em Belo Horizonte.
A Confedera��o Nacional do Com�rcio, (CNC) tamb�m mant�m as estimativas nacionais para o setor, apontando para uma amplia��o das vendas entre 7% e 8% em 2012. “Existe uma parcela da popula��o que est� com renda e n�o est� endividada e esse percentual da popula��o continua a consumir”, diz Carlos Thadeu de Freitas Gomes, chefe do departamento de estudos econ�micos da CNC.