O n�mero de empresas da ind�stria de transforma��o que j� assumem estar com dificuldades de fazer investimentos subiu 30% nos tr�s primeiros meses de 2012 em compara��o com igual per�odo de 2011. O principal motivo � a falta de recursos. Entre as organiza��es que perceberam entraves desse tipo, 46% mencionaram a limita��o de recursos, contra 34% no ano anterior, eleva��o superior a um ter�o, aponta a Sondagem Trimestral de Investimentos da Ind�stria, divulgada pela Funda��o Get�lio Vargas (FGV). Trata-se da maior propor��o de empresas com esse tipo de queixa desde o in�cio da s�rie hist�rica da pesquisa, em 2004.

As impress�es colhidas entre 102 empresas da ind�stria de transforma��o com capital aberto que divulgaram balan�o nos �ltimos anos s�o um reflexo de n�meros j� coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) entre maio e abril deste ano. De acordo com Andr� Macedo, economista e gerente da pesquisa industrial mensal de produ��o f�sica do instituto, em 2012 o resultado da produ��o industrial m�s a m�s e o acumulado do ano mostram �ndices negativos predominantes. Nos primeiros quatro meses de 2012, em compara��o com igual per�odo do ano anterior, a ind�stria de bens de capital teve queda de 9,8% contra retra��o de 2,8% na m�dia de todos os segmentos.
Os maiores recuos ocorreram na produ��o de m�quinas para transportes (caminh�es e carrocerias), que mostra queda de 14,7% entre janeiro e abril deste ano em compara��o com os quatro primeiros meses de 2011. Comportamento semelhante ocorre na produ��o de m�quinas voltadas para os setores de energia, como transformadores e geradores (-18%), e constru��o, como escavadeiras, tratores e motoniveladores (-12,6%).
Segundo Alo�sio Campelo, superintendente adjunto de Ciclos Econ�micos da FGV, o lucro operacional total das empresas pesquisadas foi de R$ 8,5 bilh�es no primeiro trimestre de 2012, mesmo per�odo da coleta de informa��es da Sondagem de Investimentos. O resultado � consideravelmente inferior ao verificado no primeiro trimestre do ano passado nas mesmas empresas, de R$ 10,2 bilh�es, e no primeiro trimestre de 2010, quando atingiu R$ 10,8 bilh�es. “Realmente, o lucro est� menor. Foi o pior resultado desde o primeiro trimestre de 2009, quando ficou em R$ 6,1 bilh�es”.
Desconfian�a De acordo com ele, as incertezas sobre a demanda est�o aumentando entre os empres�rios, mas permanecem em patamar inferior ao verificado em 2009, ano da crise. Entre as empresas que segundo a FGV enxergam algum fator limitante � realiza��o de investimentos, 34% apontaram d�vidas sobre a demanda por seus produtos no primeiro trimestre deste ano. No mesmo per�odo de 2009, esse porcentual era de 50%. No entanto, a fatia ainda ficou muito acima da verificada no primeiro trimestre do ano passado, quando apenas 19% viam incertezas acerca da demanda.
“Apesar de a demanda continuar relativamente boa no pa�s pelo lado do consumo, quando n�s olhamos os balan�os das empresas, principalmente as de bens de capital e de consumo, percebemos que havia uma receita financeira significativa, que acabava compensando o resultado operacional”, observa Miguel Daoud, s�cio-diretor da Global Financial Advisor. Mas, de acordo com ele, com a queda da Selic, o poder de arbitragem das empresas, que dava auxilio � parte operacional, come�a a deixar de existir. “Isso se reflete na queda da disposi��o para investir”, explica.