
O cr�dito que empurra o consumo tamb�m alcan�ou no mesmo m�s a maior marca j� registrada, de 50,1% do Produto Interno Bruto (PIB). Apesar dos indicadores, o chefe do Departamento Econ�mico do BC, T�lio Maciel, afirmou que n�o h� riscos na corrida para o consumo. “O cr�dito cresceu juntamente com a renda e com o emprego.” Analistas do mercado apontam que os n�meros do segundo trimestre v�o mostrar com mais clareza os efeitos das medidas macroecon�micas. “A inadimpl�ncia pode levar o governo a ter de rever a pol�tica de incentivo ao consumo”, aponta Mauro Rochlin, economista da Funda��o Getulio Vargas (FGV/IBS).
A queda da taxa b�sica de juros para o patamar de 8,5% ao ano, somada � concorr�ncia acirrada pelos bancos p�blicos, impulsionou a redu��o do custo do cr�dito. Segundo o BC, as taxas m�dias para pessoa f�sica atingiram a m�dia anual de 38,8% no m�s passado, menor patamar da s�rie hist�rica. Apesar de os dados apontarem para um cen�rio mais prop�cio ao endividamento, o descontrole do brasileiro preocupa especialistas. “O volume de cr�dito no pa�s n�o � excessivo, mas cresceu depressa demais, antes que os tomadores pudessem se educar”, diz Tharc�sio de Souza, coordenador do MBA em administra��o da Funda��o Armando �lvares Penteado (Faap). Segundo o especialista, a evolu��o do calote no curto prazo � um sinal de alerta para o governo.

Em Belo Horizonte, somente no Procon Assembleia, cerca de 750 consumidores chegam mensalmente para renegociar d�vidas. “Al�m de orientar sobre a educa��o financeira, o Procon faz a intermedia��o para flexibilizar as formas de pagamento, mas a jornada rumo � estabiliza��o financeira � bem longa”, alerta o advogado Marcelo Barbosa, coordenador do �rg�o.
O profissional de servi�os gerais Bruno M�rcio Silveira resolveu acertar as contas com o cart�o de cr�dito para sair da roda-viva que devorava seu sal�rio. Ele conta que dividiu sua d�vida em tr�s parcelas de R$ 130. Mas acredita que, se n�o fossem os juros, as parcelas n�o ultrapassariam R$ 60. “N�o tenho mais cart�o de cr�dito nem contas. Agora s� compro � vista”, declara.
Apesar dos indicadores, o incentivo ao consumo continua como estrat�gia para conter o esfriamento da economia. O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, disse, no in�cio do m�s, que alguns fatores sugerem a redu��o da taxa de inadimpl�ncia, entre eles a pol�tica de corte da taxa b�sica. Por outro lado, nesta semana o Banco de Compensa��es Internacionais (BIS) divulgou relat�rio no qual sustenta que o Brasil est� em uma “zona de perigo”, citando o descompasso entre o crescimento do cr�dito e o endividamento das fam�lias, al�m da alta de pre�os no mercado imobili�rio.
Gilmar Souza, servente da constru��o civil, tem a renda comprometida com a presta��o de um notebook e de uma televis�o. Ele diz que o cr�dito � uma boa ferramenta, mas considera os juros altos demais. “Se o pagamento da fatura atrasar sete dias, a presta��o fica R$ 20 mais cara.” Dados da Associa��o Nacional dos Executivos de Finan�as (Anefac) mostram que os juros do cart�o de cr�dito n�o acompanharam a queda da Selic: permanecem intactos potencializando o descontrole financeiro.
