O Relat�rio Trimestral de Infla��o referente ao segundo trimestre, de acordo com leitura feita pelo economista-chefe do Banco ABC Brasil, Lu�s Ot�vio de Souza Leal, indica que o Banco Central pode n�o ter espa�o para cortar a taxa b�sica de juros abaixo do n�vel de 7,5% ao ano - hoje a Selic est� em 8,5% ao ano. "Para mim, a grande pergunta que o BC deve estar se fazendo �: 'at� quando posso baixar juros sem me preocupar com a infla��o?'", diz o economista.
Neste aspecto, de acordo com Souza Leal, o mais interessante no relat�rio divulgado nesta quinta-feira � ler o que o BC escreveu mais do ponto de vista qualitativo do que quantitativo. Isso porque a redu��o da proje��o de crescimento do PIB para 2,5% neste ano, dos 3,5% previstos no relat�rio do primeiro trimestre divulgado em mar�o, j� era uma coisa amplamente esperada pelo mercado.
Mas, do ponto de vista das qualifica��es do BC no documento, observa Souza Leal, � importante observar o que a autoridade monet�ria fala sobre o cen�rio econ�mico mundial e seus impactos sobre a atividade econ�mica dom�stica. "E a� a gente v� que o BC n�o est� imune �s mesmas incertezas que o mercado tem", afirma o chefe do Departamento Econ�mico do ABC Brasil.
Indicativo desta incerteza, na opini�o de Souza Leal, � a preocupa��o do BC em salientar dois pontos no Relat�rio de Infla��o. O primeiro � a defasagem da pol�tica monet�ria sobre a atividade e o segundo, a confian�a do empresariado. "O fato de o BC colocar nas suas considera��es o imponder�vel, que � o impacto do cen�rio externo sobre a atividade econ�mica dom�stica embota a confian�a que ele pr�prio tem na sua pol�tica monet�ria", diz Souza Leal.
O ciclo de corte de juros, avalia o economista, dever� ser mantido. "Mas acho muito dif�cil a Selic ir para um n�vel inferior a 7,5% ao ano", afirma. "E, se for, o BC poder� p�r a perder uma bala que poderia usar l� na frente, caso o cen�rio externo venha a piorar."