
O tradicional cafezinho mineiro extrapolou o coador de pano e ganha sabores mais diferenciados e sofisticados nas m�quinas de marcas internacionais, como a su��a Nespresso, as italianas Gaggia e Ariete e a australiana Breville. O luxo chega com for�a aos tradicionais caf�s nos ambientes familiares e incentiva lojistas e marcas a fazerem investimentos maiores no estado. De gr�o em gr�o as vendas de caf� aquecem o mercado de m�quinas, que deve somar 400 mil unidades comercializadas no pa�s neste ano, contra 300 mil em 2011, segundo fabricantes. Em valores, os equipamentos dom�sticos tendem a movimentar R$ 20 milh�es em 2012.
No dia 20 a su��a Nespresso inaugura a primeira butique da marca em Belo Horizonte, no quarto andar do BH Shopping, em �rea de 135 metros quadrados. � a 11ª unidade no pa�s que vai ser aberta dentro de novo conceito, com design mais moderno e inovador do arquiteto italiano Aldo Parisotto. “� um grande desafio abrir a loja na capital do caf�. Mas a sofistica��o do produto no Brasil est� mudando. O caf� comum n�o cresce. O que cresce � o gourmet”, afirma Stefan Nilsson, diretor da Nespresso para Am�rica Latina.
As m�quinas v�o ser comercializadas por pre�os que v�o de R$ 495 (Essenza) a R$ 1,15 mil (Lattissima). Essa �ltima pode ser usada com �gua e leite e adaptar o capuccino. Todas as m�quinas t�m 19 watts de press�o. “Elas precisam de alta e constante press�o para certificar que vai sair todo o aroma do caf�”, explica Nilsson.
“O caf� deixou de ser aquela coisa estranha de fim de refei��o e virou op��o de card�pio”, afirma Magda Dias Leite, dona do Caf� Bistr� Santa Sophia, aberto h� sete anos no Bairro de Lourdes, em BH. “Meus clientes v�o desde crian�as, que tomam o coffe shake, a adultos”, observa. As vendas do seu caf� de marca pr�pria na loja ou para clientes que optam por levar o produto para casa, crescem de 8% a 12% ao ano.
No card�pio h� x�caras e drinks, com pre�os que v�o de R$ 3,50 a R$ 19. “As pessoas hoje entendem que vale a pena � pena pagar pelo caf� mais caro”, diz. A ideia de montar o Santa Sophia nasceu do seu pr�prio fasc�nio pelo produto. Magda costumava tomar, em m�dia 15 x�caras por dia. Hoje reduziu, est� entre seis a sete x�caras di�rias. Na sua casa tem uma m�quina h� oito anos, a Ariete Vintage.
No Centro de Belo Horizonte, o Caf� Kahlua � conhecido por sua marca pr�pria, a Jo�o Caetano. O caf� � torrado dentro da loja e tem origens de lugares diversos: chapada de Minas, Cerrado Mineiro, Paran�, Bahia e Pernambuco. O propriet�rio da casa, Ruimar de Oliveira J�nior, conta que come�ou a trabalhar com caf� diferenciado h� 10 anos e o consumo vem crescendo em torno de 10% ao ano.
A x�cara no Kahlua tem pre�os que v�o desde R$ 4 a R$ 35, como � o caso do Kopi Luwak, considerado o mais caro do mundo. O caf� do Jacu, p�ssaro da Mata Atl�ntica encontrado no Esp�rito Santo e em Minas Gerais, tamb�m � cobi�ado na loja. O caf� agrada ao paladar do p�ssaro, que seleciona os gr�os mais maduros, se alimenta com eles e os defeca inteiros com as fezes. No Brasil s�o produzidas apenas 12 sacas de 60 quilos ao ano. “Eu consigo s� uma saca e meia ao ano”, afirma Ruimar.
C�psulas de pre�os amargos
A Nespresso vai vender em sua butique 16 misturas diferentes de caf�s (nove expressos, tr�s pure origin e quatro lungos). As c�psulas t�m pre�os a partir de R$ 1,90. H� edi��es limitadas, com caracter�sticas raras e pre�os mais amargos, que chegam a R$ 3 por unidade. � o caso por exemplo do Duls�o do Brasil, que � a mistura dos blends Bourbon Amarelo e Vermelho, que lembram o sabor de um cereal e tem a��car natural mais forte.
Stefan Nilsson reconhece que os pre�os das m�quinas e c�psulas s�o amargos no Brasil, mas culpa as altas taxas de importa��o. Do total de caf� produzido pela Nespresso no mundo inteiro, 50% vem do Brasil. E Minas Gerais � o maior fornecedor brasileiro, com 75% do total. O produto � levado daqui para a Su��a, onde � feita a moagem e fabrica��o. Depois volta ao Brasil, bem mais caro.
A supervisora de marketing Manabi Coelho � f� de caf� e estudiosa do tema. Ela toma, em m�dia, oito x�caras por dia. Em sua casa, em Belo Horizonte, tem uma m�quina de Nespresso. Na casa de sua m�e, em Gon�alves, no Sul do estado, h� outra de caf� torrado e mo�do. “J� morei na Fran�a por dois anos, mas n�o troquei o caf� pelo ch�”, diz Manabi. Para tentar minimizar o alto pre�o das c�psulas no pa�s e diminuir o frete, Manabi faz encomendas junto com um grupo de amigos pela internet. “Mas j� comprei no exterior tamb�m, pois l� � mais barato. Vim com mala cheia de c�psulas e estoque para seis meses”, diz Manabi.
Na Tool Box, com cinco unidades na capital, o pre�o das m�quinas de caf� vai de R$ 395 (Nespresso) a R$ 4,09 mil (Gaggia de gr�o mo�do na hora). “As vendas est�o crescendo. H� uma cultura de caf� expresso sendo criada”, diz Andr�a Kalil, gerente de e-commerce da Tool Box. A rede n�o comercializa os sach�s de caf�s para as m�quinas, mas Andr�a afirma que podem ser encontrados no mercado por pre�os a partir de R$ 1. “Os valores est�o caindo. Antes custavam entre R$ 1,50 e R$ 1,80”, diz.