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Estado de Minas 18 ANOS REAL

Estabilidade abriu oportunidades e mudou o mercado profissional

Hoje h� mais vagas, mas exige maior qualifica��o dos jovens


postado em 02/07/2012 06:52 / atualizado em 02/07/2012 07:29

Eles comemoraram anivers�rio no m�s de entrada em circula��o da atual moeda brasileira. Mas a diferen�a de 18 anos entre a data de nascimento de cada um imp�e s�rias varia��es em rela��o �s condi��es de ingresso no mercado de trabalho. Em julho de 1994, enquanto a Casa da Moeda tirava do forno as primeiras notas de real, Edilaine, � �poca com 18 anos, abria as portas de sua carreira profissional no mundo administrativo enfrentando um turbilh�o de incertezas; Ant�nio Edmundo, com o dobro da idade, de certa forma estabilizado no ramo da constru��o, aproveitava as perspectivas para criar sua primeira empresa; enquanto isso, assim como a moeda, o rec�m nascido Jafet tinha como esperan�a a promessa de uma nova – e mais pr�spera – realidade econ�mica.

"Hoje � certo que, se voc� for bom no que faz, uma empresa vai reconhec�-lo", diz Jafet Henrique Guerra Fagundes, estudante (foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press)

No ano da maioridade do Real, o mercado de trabalho d� mostras de atingir maturidade e m�s a m�s os n�veis de emprego batem recorde, superando inclusive os momentos de crise. Em Minas, depois de atingir patamares cr�ticos na d�cada passada, a taxa de desemprego baixou da casa de dois d�gitos e reduziu por mais da metade se comparado com o primeiro ano de medi��o (1996). Bom para Jafet, que se prepara para enfrentar o que um dia foi um bicho-pap�o. Mas, nem por isso, o jovem � menos exigido. Pelo contr�rio. Em busca do sucesso profissional, o estudante se v� obrigado a preparar-se com afinco antes de procurar o primeiro emprego. Aos 18, ele estuda quase 10 horas por dia – incluindo as aulas particulares quase obrigat�rias de ingl�s e espanhol – e pensa primeiro em cursar engenharia civil para depois tentar uma oportunidade numa grande empresa. “Hoje � certo que, se voc� for bom no que faz, uma empresa vai te reconhecer”, afirma o estudante Jafet Henrique Guerra Fagundes.

Com o maior acesso ao ensino superior, de longe o casamento n�o � mais prioridade na vida dos jovens brasileiros, que cada vez mais demoram a sair da aba dos pais. Dos anos 1990 para c�, a porcentagem da popula��o com forma��o superior se multiplicou por tr�s. E a forma��o educacional adequada se tornou a principal preocupa��o. Abandonar o conforto familiar, s� se for para morar fora do pa�s para refor�ar o estudo de idiomas. No caso de Jafet, a exig�ncia � ainda maior. Apesar de estar na lista das profiss�es mais demandadas, o mercado de trabalho para engenheiros requer trabalhadores superqualificados. “A exig�ncia aumentou. A educa��o se disseminou muito. Anos atr�s o Brasil tinha uma popula��o universit�ria bem reduzida”, afirma Alexandre Queiroz Guimar�es, doutor em economia pol�tica e professor da PUC Minas e da Funda��o Jo�o Pinheiro.
"Naquele tempo (de infla��o alta), mal dava para saber se osal�rio daria para pegar �nibus", afirma Edilaine Dutra, gerente administrativa (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

Especializa��o

Apesar de ter tido oportunidades semelhantes �s de Jafet, os tempos eram outros e o empres�rio Ant�nio Edmundo Bicalho de Melo recorda que, nos anos 1970, eram poucos os que se preocupavam com o aprendizado de um segundo idioma. Ele mesmo s� aprendeu as primeiras frases em ingl�s aos 19 anos, meses antes de entrar na universidade. Assim como na Europa do p�s-guerra, tal demanda s� se deu com a moderniza��o da ind�stria e do setor de servi�os. Hoje, seu filho de 18 anos � fluente em ingl�s e italiano e h� quatro anos estuda mandarim. Al�m disso, candidatos a uma vaga na sua empresa de engenharia s� s�o aceitos com o t�tulo de mestrado em m�os. “S� um em cada 10 dos meus colegas fez mestrado. � prov�vel que nenhum tenha feito doutorado. Eu mesmo s� fiz p�s-gradua��o porque queria dar aula”, afirma o engenheiro.

Caso tivesse nascido uns anos antes, Jafet teria enfrentado cen�rio completamente inverso. No in�cio dos anos 1990, o setor de constru��o vivia paralisa��o quase completa e a economia borbulhava em meio �s oscila��es cambiais dos anos anteriores. Nesse cen�rio, Edilaine Dutra se viu obrigada a escolher entre tentar ingressar numa faculdade ou no mercado de trabalho. N�o teve muitas d�vidas. Agarrou logo de cara a primeira chance numa grande empresa, deixando de lado o sonho de lecionar. Mesmo com cargo num n�vel mais baixo, sabia que n�o era hora de investimentos na carreira. “Hoje, com a moeda estabilizada se tem mais perspectivas. D� para planejar mais. Naquele tempo, mal dava para saber se o sal�rio dava para pegar �nibus”, afirma ela, que, com o pa�s j� ajustado, uma d�cada depois conseguiu concluir o primeiro curso superior e, com isso, alcan�ou o cargo de gerente administrativa.

"S�umem cada 10 dos meus colegas fez mestrado. � prov�vel que nenhum tenha doutorado", conclui Ant�nio Edmundo Bicalho de Melo, empres�rio (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

M�nimo adquire poder de compra
De 1994 at� hoje, com o controle inflacion�rio, o sal�rio m�nimo voltou a ganhar status e seu poder de compra tamb�m foi refor�ado. Se no ano de implanta��o do real, o sal�rio correspondia a apenas 10,97% do ganho necess�rio mensal para o brasileiro arcar com as despesas b�sicas constitucionais (alimenta��o, moradia, sa�de, educa��o, vestu�rio, higiene, transporte, lazer e previd�ncia), em 2012, essa diferen�a � bem menor e o m�nimo equivale a 26,09% do chamado sal�rio necess�rio, segundo c�lculos do Departamento Intersindical de Estudos e Estat�sticas Socioecon�micas (Dieese). “Podemos perceber dois fatores: o aumento do n�mero de consumidores e a melhoria na distribui��o de renda. Quem recebe o m�nimo hoje tem maior poder de compra”, afirma Alexandre Guimar�es, doutor em economia pol�tica e professor da PUC Minas e da Funda��o Jo�o Pinheiro.

Tal f�lego do sal�rio m�nimo corrobora plenamente com os argumentos adotados pelo governo para justificar a necessidade de ado��o de uma nova moeda. "A par da garantia de irredutibilidade, a lei nova est� dando ao sal�rio uma vantagem in�dita, pois com a convers�o em Unidade Real de Valor (URV) o sal�rio passa a acompanhar dia a dia a infla��o. Esta vantagem � por demais preciosa, devendo ser defendida com todas as for�as pelos trabalhadores", diz o texto da Medida Provis�ria assinada, em 30 de junho de 1994, por sete ministros do governo Itamar Franco para dar in�cio � terceira fase do novo modelo econ�mico: a entrada em circula��o do Real.

 


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