Bras�lia – O capitalismo brasileiro come�ou o semestre menos verde-amarelo. A perda para investidores estrangeiros do comando acion�rio de empresas s�mbolos em diversos setores, uma delas at� centen�ria, evidenciou dificuldades da livre iniciativa em resistir � crise internacional e em obter financiamento barato. Nos �ltimos meses, em particular em junho, orgulhos nacionais jogaram a toalha. De uma hora para outra, as marcas l�deres do varejo no pa�s – P�o de A��car e Carrefour – reproduzem o mesmo embate que travam pelo mercado franc�s. Isso porque, ap�s seis d�cadas sob controle da fam�lia do empres�rio Ab�lio Diniz, o s�cio franc�s Casino tomou as r�deas do P�o de A��car.

Ao lado da expressiva presen�a estatal na economia, a desnacionaliza��o de companhias privadas revela ainda a impossibilidade de o setor privado nacional capturar plenamente os b�nus do cobi�ado mercado interno. Nessa mesma toada, a rede de churrascarias Fogo de Ch�o passou �s m�os do fundo norte-americano THL, e a Yoki se incorporou ao grupo aliment�cio General Mills, tamb�m dos Estados Unidos. N�o escapou nem a tradicional cacha�a cearense Ypi�ca, fundada em 1846, que agora faz parte do leque da brit�nica Diageo, dona do u�sque Johnnie Walker.
Para completar a invas�o estrangeira, a maior companhia a�rea do pa�s, a TAM, fundada h� 36 anos pelo comandante Rolim Amaro, passou a pertencer � chilena LAN dentro da opera��o que criou o grupo Latam. A onda de desnacionaliza��o em curso come�ou no fim do ano passado, quando Camargo Corr�a e Votorantim venderam sua participa��o na Usiminas para o conglomerado argentino Techint, que agora controla a gigante do a�o ao lado dos japoneses da Nippon Steel. Com grande carga simb�lica, a primeira sider�rgica brasileira a ser privatizada, em 1991, � presidida desde janeiro pelo argentino Juli�n Eguren, em substitui��o a Wilson Brumer, que ficou quase dois anos no cargo.
Desvantagem J�lio Gomes de Almeida, diretor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), explica que a perda de mercado e de investidores das empresas de capital nacional se deve a uma combina��o de fatores que minam a competitividade do pa�s. O principal deles � ter apenas o Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social (BNDES) como fonte de financiamento de longo prazo cobrando juros mais pr�ximos dos praticados no exterior. “A situa��o externa � extremamente grave para a ind�stria e fica mais complexa tendo um �nico financiador”, ressalta.
O economista acha que a pol�tica de redu��o da taxa b�sica de juros (Selic), o c�mbio mais competitivo e a desonera��o de alguns setores industriais foram um alento para o setor produtivo. Mas o maior obst�culo para a redu��o das desvantagens em rela��o a competidores externos est� na estrutura tribut�ria, que onera mais os insumos e as linhas de produ��o do que o consumo e os servi�os. “Isso dificulta tanto baratear nosso produto exportado quanto onerar o produto importado”, resume.