Economistas consultados pela Ag�ncia Estado enxergam na ata da �ltima reuni�o do Comit� de Pol�tica Monet�ria (Copom) do Banco Central (BC), divulgada na manh� desta quinta-feira, sinais de que a autoridade monet�ria dever� voltar a cortar a taxa b�sica de juros da economia, a Selic. No �ltimo dia 11, o Copom decidiu cortar a taxa em meio ponto porcentual, para 8% ao ano.
Na avalia��o de Felipe T�mega, economista-chefe da Modal Asset Management, esses sinais s�o vistos nas "poucas" mudan�as feitas na ata, relativas tanto � economia dom�stica quanto � externa, o que refor�am a ideia de que a Selic poder� sofrer pelos menos mais um corte de 0,50 ponto porcentual na reuni�o de agosto.
"De agosto em diante, vai depender de como estar� a economia internacional e de como a atividade interna ir� reagir aos incentivos, se estar� forte, como destacou na ata o Banco Central", disse T�mega.
Na opini�o do economista, o fato de ata ter apontado recuo na probabilidade de ocorr�ncia de eventos extremos nos mercados, mas ao mesmo tempo ter identificado consolida��o de perspectiva da atividade mais moderada, sinaliza que o BC n�o v� uma ruptura da economia internacional, mas que a situa��o pode ficar ainda pior do que o mercado imaginava. "O Banco Central apontou que a quest�o externa continua a ter vi�s desinflacion�rio sobre a economia brasileira, mas a combina��o de como essa desinfla��o vai acontecer mudou um pouco", afirmou.
Um outro ponto citado por T�mega diz respeito ao temor do BC com o avan�o da infla��o no atacado recentemente, j� que o Copom excluiu da ata de julho a avalia��o de que a modera��o dos �ndices de pre�os gerais (IGPs) pode ajudar na din�mica dos �ndices de infla��o. "Como os IGPs est�o acelerando bastante, o BC se rendeu ao efeito deflacion�rio dos pre�os no atacado que n�o est� mais ocorrendo", afirmou.
Com rela��o � parte fiscal, o economista ressaltou a mudan�a no par�grafo 32 no qual o BC diz que "O Comit� pondera que iniciativas recentes apontam cen�rio de neutralidade do balan�o do setor p�blico". Na ata passada, comentou, o Copom usou o termo "conten��o de despesas do setor p�blico", o que, para o economista, indica que a pol�tica fiscal n�o � mais contracionista, mas neutra.
"A pr�pria execu��o da pol�tica fiscal est� mais fraca, com a atividade econ�mica tendo impacto na arrecada��o, que tem sido majorada pela s�rie de iniciativas do governo de abrir m�o de certos impostos, como para autom�veis, na tentativa de ajudar a ind�stria", explicou, completando que o Copom est� se rendendo � realidade da execu��o fiscal deste ano e que, por isso, a Modal j� trabalha com um super�vit prim�rio abaixo de 3,1%, de 2,6% do Produto Interno Bruto (PIB) e com uma expans�o da economia de 1 80% em 2012.
Para o economista-chefe do Banco ABC Brasil, Lu�s Otavio de Souza Leal, as poucas mudan�as que a ata trouxe foram mais conservadoras do que esperava o mercado financeiro. Os analistas segundo ele, esperavam que a ata fosse trazer sinais claros de que o processo de corte de juros j� estaria no fim.
Pela leitura que fez da ata, Souza Leal inferiu que a autoridade monet�ria n�o dever� cortar a taxa b�sica de juros muito al�m dos atuais 8%, j� que continua apostando em uma recupera��o robusta da atividade econ�mica no segundo semestre. Deve lev�-la a 7,5% ao ano na reuni�o que encerra no dia 29 de agosto e aguardar o comportamento da atividade para ver o que far� em outubro, nos dias 9 e 10, quando o colegiado se re�ne novamente. "A ata faz com que a reuni�o do Copom em outubro fique em suspense", diz Souza Leal.
Ainda de acordo com o economista, a partir de agosto a ata da reuni�o do Copom dever� come�ar a discutir a quebra de safra nos Estados Unidos, que passa pelo per�odo de seca mais forte desde 1956. "Isso vai pegar forte na economia mundial e brasileira", prev� o chefe do Departamento Econ�mico do ABC Brasil.
O economista-s�nior do Esp�rito Santo Investment Bank (Besi Brasil), Fl�vio Serrano, acredita que BC dever� esperar dados da atividade econ�mica para ver o que far� com a taxa de juros em outubro. Para agosto, ele tamb�m espera que a autoridade monet�ria vai cortar a Selic em 0,5 ponto porcentual, para 7,5% ao ano, mas para a reuni�o de outubro ainda h� incerteza.
Ele destaca que o conte�do desta ata � muito similar ao da anterior, mostrando que a decis�o foi tomada com base no mesmo arcabou�o econ�mico que norteou a reuni�o de maio. "A ata mostra que os diretores do BC consideraram que o cen�rio externo � adverso e imputa risco desinflacion�rio sobre a economia."
No entanto, de acordo com o economista do Besi Brasil, a ata traz argumentos tanto em prol da continuidade do processo de corte de juros quanto em dire��o a uma maior cautela. E isso fica claro no trecho da ata onde se l� que "diante do exposto, mesmo considerando que a recupera��o da atividade vem ocorrendo mais lentamente do que se antecipava, o Copom entende que, dados os efeitos cumulativos e defasados das a��es de pol�tica implementadas at� o momento, qualquer movimento de flexibiliza��o monet�ria adicional deve ser conduzido com parcim�nia."
"Me parece que o BC, como n�s analistas, quer ter a certeza de que a recupera��o que ele espera para o segundo semestre vai mesmo se confirmar", diz Serrano.
At� agosto, de acordo com o economista do Besi Brasil, o BC s� ter� os dados de junho e alguma informa��o inicial de julho. "Na reuni�o de outubro o BC j� ter� os dados de julho, os iniciais de agosto e alguns coincidentes de setembro e ter� presente tamb�m o que de fato estar� acontecendo com a economia no terceiro trimestre", explica Serrano, para quem em outubro a taxa de juros poder� ter menos espa�o para continuar caindo.