O �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) em julho, que veio acima do esperado pelo mercado, disparou uma press�o de alta para as taxas dos DIs na manh� desta sexta-feira. A percep��o dos investidores era de que, com o aumento da infla��o, ser� preciso elevar a Selic em algum momento no futuro. Este movimento foi contrabalan�ado pelo pessimismo no exterior, em meio �s d�vidas sobre a recupera��o econ�mica na zona do euro. A soma destes fatores levou a taxa do contrato futuro para janeiro de 2014 fechar em alta ante o ajuste de ontem, enquanto os vencimentos mais longos exibiram leves recuos nos pr�mios. A ata do Copom, que na quinta-feira levou a ajustes de baixa, pouco influenciou os neg�cios hoje.
Ao t�rmino da sess�o regular da BM&F, a taxa dos contratos futuros de juros com vencimento em janeiro de 2013 (422.260 contratos) marcava 7,41%, mesmo n�vel do ajuste de ontem. A taxa do DI para janeiro de 2014 (673.940 contratos) estava em 7,75%, ante 7,68% do ajuste anterior. Na ponta mais longa, o DI para janeiro de 2017 (93.960 contratos) tinha taxa de 8,89%, ante 8,94%, e o DI para janeiro de 2021 (4.795 contratos) marcava 9,52%, ante 9,58%.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) informou que a infla��o medida pelo IPCA-15 em julho foi de 0,33%, acima da taxa de 0,18% de junho. O resultado superou o teto das estimativas dos analistas consultados pelo AE Proje��es, que esperavam alta de pre�os de 0,12% a 0,25% em julho.
De acordo com o IBGE, os grupos Alimentos e Bebidas e Despesas Pessoais foram os que apresentaram as maiores taxas de varia��o de pre�os no IPCA-15. Os alimentos passaram de uma alta de 0,66% em junho para 0,88% em julho, o equivalente a um impacto de 0,20 ponto porcentual no IPCA-15 deste m�s (61% do �ndice). No caso de Despesas Pessoais, a taxa avan�ou de 0,34% para 0,92% em julho.
Para o economista-chefe da TOV Corretora, Pedro Paulo Silveira, a surpresa ficou com os alimentos, cujos pre�os subiram em fun��o das dificuldades clim�ticas. O IBGE informou que o clima prejudicou a lavoura de produtos como o tomate (de +19,48% em junho para +29,30% em julho), a cenoura (de -1,11% para +13,63%) e a batata inglesa (de +6,70% para +11,78%). J� a alta do trigo fez a taxa do p�o franc�s subir de +0,14% para +1,67%. "Mas o evento � sazonal", minimiza Silveira. "A quest�o deve ocupar espa�o nas pr�ximas semanas, mas depois haver� um efeito inverso."
Segundo Silveira, a alta de hoje da taxa do DI para janeiro de 2014 est� ligada tamb�m �s dificuldades, nos Estados Unidos, na safra de gr�os. "O mercado faz as contas sobre o choque de gr�os sobre os pre�os no Brasil e o que isso vai significar mais para a frente. � por isso que h� alguma press�o no janeiro 2014", afirma. Os EUA est�o enfrentando a pior seca dos �ltimos 50 anos, o que tem elevado os pre�os das commodities agr�colas - fen�meno que j� come�ou a se refletir nos IGPs calculados pela Funda��o Get�lio Vargas (FGV).
Este impacto, por�m, � minimizado nos vencimentos mais longos, em meio � percep��o de que o problema de safra ser� resolvido no ano que vem. Neste trecho da curva a termo, as taxas dos DIs sofreram a press�o de baixa do pessimismo externo, puxado pela Espanha. Embora os ministros de Finan�as da zona do euro tenham endossado o resgate dos bancos espanh�is, a regi�o de Val�ncia informou que precisar� de ajuda do governo central do pa�s. Al�m disso, o ministro do Or�amento espanhol, Crist�bal Montoro, disse que o Produto Interno Bruto (PIB) dever� ter contra��o de cerca de 0,5% em 2013 - e n�o expans�o de 0,2%, como previsto antes.