Belo-horizontinos que apreciam um bate-papo regado a cervejas costumam brincar: “j� que a cidade n�o tem mar,’ bora’ tomar um banho de bar”. Quem n�o dispensa o tradicional happy hour precisa ficar atento, pois o pre�o da gelada vai subir de 2,85% a 4%, em outubro, quando o governo federal mudar� as al�quotas de impostos para essa bebida, refrigerantes, �gua e isot�nicos. At� l�, por�m, a rec�m-criada Associa��o Nacional da Ind�stria da Cerveja (CervBrasil), que re�ne as quatro maiores fabricantes do pa�s – Ambev, Schincariol, Heineken e Petr�polis –, tentar� convencer o Pal�cio do Planalto a rever o aumento.
O surgimento da CervBrasil � um marco no mercado nacional, pois, at� h� apoucos meses, era quase utopia acreditar que as grandes produtoras pudessem se unir. A “alian�a” foi for�ada em raz�o de a fragmenta��o dessa ind�stria ter sido, na avalia��o dos pr�prios executivos da CervBrasil, uma das causas de a Uni�o sempre majorar o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) da cerveja toda vez que o governo precisou reduzir o mesmo tributo para segmentos com vendas baixas, como autom�veis e a chamada linha branca.
“Quando h� uma necessidade de se desonerar algum setor, � uma decis�o imediata (do governo) de se imputar a diferen�a no que (a Uni�o) considera n�o-essencial. O grande problema identificado � que a culpa � nossa, pois, ao longo dos �ltimos 100 anos, nunca tivemos um discurso unificado. Est�vamos preocupados em nos combater, uns aos outros, na guerra da cerveja”, diz Paulo Macedo, diretor da CervBrasil. H� cerca de dois meses, a entidade mandou um recado ao governo: o investimento de R$ 7,9 bilh�es, anunciado no in�cio do ano, em expans�o de f�bricas est� sendo revisto.
A CervBrasil n�o revelou os estados que podem receber o aporte, mas reuniu dados para mostrar � equipe econ�mica da presidente Dilma que a ind�stria cervejeira � importante para o desenvolvimento do pa�s. “Desembolsamos, apenas em sal�rios, cerca de R$ 17 bilh�es a cada 12 meses”, acrescentou Macedo.
Na pr�tica, a CervBrasil deseja conseguir o mesmo status da Associa��o Nacional dos Fabricantes de Ve�culos Automotores (Anfavea). Desde 2009, o governo reduziu o IPI de carros zero quil�metro em duas oportunidades. A ren�ncia fiscal foi paga por setores como o de cerveja. No fim de maio, o governo publicou o decreto 7.742, atualizando as al�quotas das chamadas bebidas frias (�gua, refrigerante, cerveja, isot�nico e energ�tico). Segundo o subsecret�rio de Tributa��o da Secretaria da Receita Federal, Sandro Serpa, os pre�os desses produtos ao consumidor final podem subir, em m�dia, 2,85% a partir de outubro.
Para a CervBrasil, por�m, o aumento da bebida alc�olica ficar� entre 3% e 4%. Se a Uni�o n�o atender a reivindica��o das cervejeiras, o Fisco deve arrecadar, em 2012, R$ 408 milh�es a mais com as novas al�quotas do setor. Em 12 meses, o valor ser� de cerca de R$ 2,44 bilh�es por ano. Procuradopara comentar a decis�o de a CervBrasil rever o investimento de R$ 7,9 bilh�es, o Minist�rio da Fazenda informou que n�o vai comentar o assunto.
O aumento dos impostos federais vai pesar mais, segundo Cristiano Lamego, superintende executivo do Sindicato das Ind�strias de Cerveja e Bebidas em Geral do Estado de Minas Gerais (SindBebidas), nos custos das microcervejarias. H� 11 delas no estado, respons�veis por uma produ��o mensal em torno de 900 mil litros. “A carga tribut�ria � de aproximadamente 48% (do pre�o da bebida)”, afirma Lamego.