O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, acredita que os dirigentes europeus tendem a encontrar uma solu��o r�pida para a atual crise econ�mica que se abate sobre aquele continente. “Eu acredito que as lideran�as pol�ticas europeias, sempre que a perspectiva de um desastre venha a se aproximar, terminar�o acelerando determinadas solu��es”.
Em entrevista hoje (23), no Rio de Janeiro, ap�s abrir o semin�rio O Brasil e o Mundo em 2022, comemorativo dos 60 anos do BNDES, Coutinho avaliou que a solu��o para a crise externa, no curto prazo, viria por meio de uma uni�o banc�ria e um papel mais amplo e firme do Banco Central Europeu no mercado de t�tulos, apoiando tamb�m, de forma direta, o fundo de estabiliza��o.
“A solu��o existe. Ela � poss�vel”. Segundo Coutinho, a dificuldade � mais de cunho pol�tico e interna. No entender do presidente do BNDES, o problema na Europa n�o � se a Gr�cia vai sair ou n�o da zona do euro mas, sim, as grandes economias, como a Espanha e a It�lia. “� muito dif�cil supor que uma ruptura da Espanha ou da It�lia possa ser absorvida pelo sistema banc�rio, mesmo pelo sistema banc�rio alem�o”. Este cen�rio seria ainda de alta volatilidade e muita incerteza nos pr�ximos tempos, disse.
Ele afian�ou, por outro lado, que apesar da crise europeia, a economia brasileira tem condi��es de crescer, “se seguir uma estrat�gia de refor�o da sua capacidade pr�pria de investimento, aumentar a sua poupan�a dom�stica, usar mais o seu mercado interno, principalmente a fronteira de investimentos necess�rios em infraestrutura, em log�stica, para aumentar a capacidade competitiva da economia”.
O presidente do BNDES concordou com o economista norte-americano Barry Eichengreen, segundo o qual o Brasil tem condi��es de se tornar uma plataforma mundial, mas, para isso, necessita investir em educa��o. Coutinho destacou que o pa�s vem progredindo na �rea da educa��o, mas que precisa fazer mais. “Precisamos avan�ar fortemente em educa��o, em produtividade no sistema empresarial brasileiro. Temos uma agenda muito desafiadora. Mas o Brasil tem condi��es de partida mais favor�veis para enfrentar um per�odo muito dif�cil no cen�rio internacional”, ressaltou. “Ent�o, n�s temos que tirar proveito dessas condi��es”, completou.
Em rela��o � taxa de investimento, ele lembrou que o Brasil estava conseguindo elevar a taxa em dire��o a 20% do Produto Interno Bruto (PIB), ap�s oscilar durante muito tempo em torno de 15% a 16%. “N�o fosse a grande crise de 2008 para 2009, n�s ir�amos ultrapassar 20%. A crise derrubou. N�s fizemos o caminho de volta. Subimos a taxa. Tivemos um pequeno rev�s agora, no come�o deste ano, porque a crise externa se agravou. Mas n�s vamos fazer o caminho de volta. A taxa de investimento sobre o PIB no Brasil vai subir. N�s temos todas as condi��es de impulsionar isso”, disse.
Coutinho declarou n�o ter d�vidas que a taxa de investimento vai se recuperar j� neste segundo semestre. “Temos condi��es de atrair mais o investimento privado, especialmente para infraestrutura e log�stica. E junto com os est�mulos, temos hoje um patamar de juros historicamente mais baixo, que veio para ficar. Isso � uma mudan�a qualitativa importante. E n�s temos que construir”.