
Depois de um primeiro semestre fraco, a retomada d� as caras, segundo o presidente da Assocla��o Nacional da Ind�stria Cer�mica (Anicer), Luiz Carlos Barbosa Lima. “Agora, acreditamos num segundo semestre forte e num primeiro semestre de 2013 tamb�m ativo, se mantido o discurso oficial e os an�ncios de que o Minha casa, minha vida dar� prioridade a materiais ambientalmente sustent�veis”, afirma. O desempenho ainda positivo dos �ndices de emprego em Minas, a despeito do desaquecimento da economia, contribui para o novo �nimo, num cen�rio de maior circula��o do dinheiro extra no fim do ano.
Al�m de grande fornecedoras das construtoras, as olarias – segmento da ind�stria que usa terra, ar e fogo na produ��o de tijolos, blocos e telhas – tamb�m se beneficiaram do crescimento recente da renda e da ocupa��o no pa�s, que levou � ascens�o as classes C e D. Nos �ltimos sete anos, de acordo com o presidente da Anicer, a expans�o dos neg�cios do setor beirou os 80%. Num ambiente, hoje, de baixo crescimento, a ind�stria mant�m a esperan�a de pelo menos superar o �ndice modesto de aumento da receita em 2011, de 2%. O faturamento de um universo de 6,9 mil empresas no Brasil somou R$ 18 bilh�es.
Qualquer refer�ncia a uma retomada ganha significado especial em Minas Gerais, que lidera o ranking nacional em n�mero de empresas (840) e receita (R$ 2,3 bilh�es), conforme pesquisa conclu�da no fim de 2011 pela Anicer. N�o h�, no entanto, estat�sticas consistentes sobre a produ��o brasileira. A melhora das vendas desde o m�s passado provocou algum al�vio, em meio �s revis�es para baixo das taxas de crescimento do PIB, de at� 5% no come�o do ano para os atuais 1,9%, lembra o industrial Rodrigo Silveira, diretor do sindicato da ind�stria mineira e propriet�rio da Cer�mica Jacarand�, h� 46 anos no ramo.
“O consumo formiguinha (a demanda das fam�lias que investem em reformas e amplia��o da habita��o) salvou o primeiro semestre e agora as vendas come�am a melhorar”, afirma. A empresa n�o chegou a estocar cer�mica para veda��o e na linha de blocos estruturais o estoque ficou alto at� junho, quando iniciou um movimento de baixa. Para se ajustar ao per�odo de dificuldades que o setor enfrentou, a f�brica, que emprega 200 pessoas em Ribeir�o das Neves, aproveitou para fazer a manuten��o em tr�s fornos.
Com a cultura da moderniza��o implantada pelo pai na d�cada de 80, Rodrigo Silveira concluiu em 2011 os investimentos na instala��o de um forno t�nel que permitiu aumento da produtividade industrial e redu��o do consumo de energia. Cerca de 65% da produ��o s�o destinados �s construtoras e os restantes 35% aos dep�sitos de materiais de constru��o. Atr�s de mais efici�ncia e qualidade , a Cer�micas Bra�nas, criada h� 60 anos, tamb�m investiu na atualiza��o tecnol�gica de suas unidades em Neves. A ind�stria adquiriu dois rob�s e construiu um forno t�nel, ambos os equipamentos com tecnologia italiana.
O processo de automa��o, com o realocamento de parte dos empregados – um universo de 500 pessoas – permite maior produtividade e uma queda dr�stica das perdas no controle de qualidade, conta Jos� Ant�nio Gasparini, engenheiro qu�mico e gerente de produ��o da Bra�nas. “A empresa investiu acreditando no aquecimento do mercado de consumo e tem como princ�pio atender imediatamente a demanda”, afirma. Tem crescido a participa��o das construtoras no neg�cio, que � de 60% das vendas totais das duas f�bricas, com capacidade total para produzir 18 mil toneladas anuais de blocos cer�micos e estruturais. A perspectiva de recupera��o neste segundo semestre � otimista, de acordo com Gasparini, embora a passos mais lentos do que o setor imaginava.
O que nos interessa
Elo forte no crescimento
O ritmo de atividade da constru��o civil, assim como da sua ind�stria fornecedora de mat�ria-prima e equipamentos, � medida importante e obrigat�ria para se avaliarem os rumos da economia. O setor responde por 5,9% do PIB de Minas e participa com 5,3% do resultado da economia brasileira. No estado, det�m uma fatia superior, por exemplo, a das empresas prestadoras de servi�os de transporte e aos chamados servi�os industriais de utilidade p�blica (3,6%), aqueles prestados pelas companhias de energia, �gua e esgoto. Se a constru��o civil e os elos que comp�em a cadeia v�o mal, � sinal de alerta para consumo das fam�lias e nos efeitos que isso causa, e tamb�m para os indicadores de emprego e rendimentos do trabalho.
Rea��o em toda a cadeia
A rea��o das vendas que alcan�ou a ind�stria da cer�mica foi sentida em julho pelo com�rcio de material de constru��o e se mant�m neste come�o ansioso de agosto, segundo Rui Fidelis J�nior, diretor da varejista Obradec e da Associa��o dos Comerciantes de Materiais de Constru��o de Minas Gerais (Acomac-MG). A recente redu��o das taxas de juros nos bancos ajudou, uma vez que o varejo apura 70% do seu neg�cio nos investimentos do chamado consumidor formiguinha em reformas e amplia��o da casa pr�pria.
"A redu��o dos juros foi uma das raz�es da recupera��o das vendas, assim como a decis�o do consumidor de come�ar a retomar as reformas, depois de reduzir o n�vel de endividamento", observa Fidelis J�nior. A Acomac est� levantando informa��es sobre o comportamento dos neg�cios no m�s passado para avaliar novamente as proje��es de crescimento neste ano. Com o primeiro semestre desanimador, as previs�es recuaram da aposta de 7%, feita no come�o do ano, para entre 2% e 3%. Um detalhe importante est� na queda dos juros do programa Construcard, linha de cr�dito oferecida pela Caixa Econ�mica Federal para a compra de material de constru��o.
Em julho, a Caixa anunciou a redu��o dos juros e a amplia��o do prazo de pagamento dessa carteira. A taxa m�nima, que era de 1,96% ao ano, foi reduzida a 1,4% anuais; e os encargos m�ximos recuaram de 2,35% ao ano para 1,85% anuais. O prazo de quita��o dos d�bitos aumentou de 60 para at� 96 meses. As revendas de material de constru��o apuram no segundo semestre algo ao redor de 60% das vendas do ano.
No embalo do crescimento da constru��o civil, a ind�stria cer�mica mineira mostrou expans�o de 7,5% do faturamento em 2011, portanto acima da m�dia nacional, conforme o levantamento feito pela Anicer. O presidente da institui��o, Luiz Carlos Lima, credita o destaque do estado aos efeitos positivos sobre as vendas do setor dos bons indicadores de emprego e renda da economia mineira, associados � capacidade de as f�bricas atenderem outros estados.
O f�lego da constru��o civil, de fato, continua e indica uma taxa de crescimento de 5% neste ano, na pr�tica, mantendo a performance de 2011, informa Luiz Fernando Pires, presidente do sindicato das empresas do setor (Sinduscon-MG). "As perspectivas s�o boas, com muitos investimentos em curso no Brasil, embora as obras de infraestrutura de que o pa�s necessita n�o caminhem na velocidade que se esperava", afirma.