O aumento do faturamento real da ind�stria em junho explica-se pela alta da venda dos estoques e um maior uso de componentes importados pelo setor, segundo o gerente executivo de Pol�tica Econ�mica da Confedera��o Nacional da Ind�stria (CNI), Fl�vio Castelo Branco. De acordo com dados da confedera��o divulgados nesta ter�a-feira o faturamento cresceu 2,9% em junho ante maio (dado dessazonalizado) e 2,4% na compara��o com igual m�s do ano passado. "A ind�stria est� produzindo menos e acaba por empregar menos. Com isso, a atividade do parque industrial se reduz e a s�ntese � a utiliza��o da capacidade instalada (UCI)", disse o economista. A UCI ficou em 80,8% no m�s passado, a menor marca desde setembro de 2009, quando estava em 80,6%.
Conforme o economista da CNI Marcelo de �vila, o efeito de carregamento de faturamento real at� agora � de 2,3%, o que significa que, se nada mais mudar, esse indicador registrar� alta dessa magnitude em 2012.
"� dif�cil dizer se o aumento do faturamento tem a ver com as medidas do governo", disse Castelo Branco. Isso porque o ambiente macroecon�mico tamb�m melhorou, como taxas de juros mais baixas e d�lar mais alto. "� preciso ter movimentos mais claros para se caracterizar uma tend�ncia", considerou Castelo Branco. Ele ressaltou, por�m, que a expectativa era de recupera��o do setor no in�cio deste ano, mas que a rea��o n�o se materializou nem no primeiro nem no segundo trimestre. A expectativa da CNI � de que algum avan�o seja visto ao longo do segundo semestre. Evidentemente, a redu��o do estoque indesejado se refletir� em breve e dar� espa�o para o crescimento da ind�stria", previu Castelo Branco.
O gerente de Pol�tica Econ�mica da entidade ressaltou, por�m, que h� quest�es de natureza estrutural que ainda atravancam a competitividade dos produtos brasileiros com os estrangeiros, principalmente em um ambiente de excesso de oferta. Como exemplo ele citou os custos elevados de log�stica e energia, al�m da carga tribut�ria. "Se compararmos nossa ind�stria com a de pa�ses do epicentro da crise, estamos melhores. Se comparamos com os da �sia, estamos piores. E mesmo Peru e M�xico t�m demonstrado desempenho mais favor�vel do que o nosso", disse.
O mercado de trabalho segue resiliente na avalia��o do economista. Tanto que o efeito de carregamento do emprego est� em zero, ou seja, demonstra o mesmo patamar do ano passado. J� o efeito carregamento das horas trabalhadas do setor registra uma queda de 0,8%, o que revela, conforme Castelo Branco, que os ajustes na produ��o t�m sido feitos mais por meio da carga hor�ria do que por contrata��es e demiss�es.
"Com alguma recupera��o da ind�stria no segundo sementes, acredito que o emprego possa reagir lentamente", previu, salientando que, como n�o houve grande volume de desligamento no momento de menor produ��o, tamb�m n�o deve haver uma escalada de contrata��es caso a ind�stria se recupere. Castelo Branco disse ainda que, se a t�o esperada retomada da ind�stria n�o vier nos pr�ximos meses, "n�o h� d�vida" de que isso se refletir� negativamente sobre o mercado de trabalho.