Os pouco mais de 100 quil�metros da BR-381 entre Belo Horizonte e Jo�o Monlevade, na Regi�o Central de Minas Gerais, foram inaugurados pelo governo militar, em 1969, quando o trecho fazia parte da BR-262, batizada de Paralelo 20, pois tinha como proposta ligar o Esp�rito Santo ao Peru em uma linha reta. O asfalto reduziu o tempo das viagens, garantindo maior competitividade �s empresas da �poca. Hoje, a necessidade de duplica��o da 381 � unanimidade entre os usu�rios da via. Tanto pelo fator seguran�a – s�o mais de 200 curvas no trecho de 100 quil�metros – quanto pela economia com o custo do transporte de mercadorias.
O empres�rio Jairo Martins, s�cio da transportadora de carga que leva o sobrenome da fam�lia fundada h� 60 anos, faz um c�lculo r�pido na tentativa de sensibilizar o governo federal a, desta vez, retirar em definitivo o projeto de revitaliza��o da Rodovia da Morte da gaveta: “Em m�dia, para percorrer (os cerca de 100km) de BH a Jo�o Monlevade, um caminh�o gasta pelo menos tr�s horas. Esse mesmo ve�culo, caso percorra 100km da 381 em dire��o a S�o Paulo, gastar� duas horas”.
O �ltimo trecho ao qual o empres�rio se refere � a privatizada Rodovia Fern�o Dias, batizada em homenagem ao bandeirante que deixou S�o Paulo, em 1674, para devastar Minas Gerais em busca de ouro e demais metais preciosos. O atual tra�ado da rodovia n�o � muito diferente do caminho percorrido, h� quase 350 anos, pela bandeira de Fern�o Dias. A duplica��o desse lado da 381 rendeu bons frutos � economia de muitas cidades cortadas pelo corredor, sobretudo, a partir da d�cada de 1990, quando ocorreu a privatiza��o e o alargamento das pistas.
Para ter ideia, depois de Betim, o principal polo industrial do estado, o pacato munic�pio de Extrema surgiu, h� alguns anos, como a segunda pot�ncia nesse ranking. � verdade que a proximidade com S�o Paulo � um atrativo a mais para as empresas que se instalaram l�, mas a duplica��o da Fern�o Dias tamb�m � um incentivo especial. Empres�rios que ganham a vida do outro lado da rodovia torcem para que o projeto de revitaliza��o do trecho entre BH e Governador Valadares seja conclu�do rapidamente. Assim, munic�pios localizados entre as duas cidades tamb�m poder�o se beneficiar do f�cil acesso para atrair investimentos e incrementar os neg�cios.
Distritos industriais
A 381 foi um dos principais temas do 1º F�rum de Desenvolvimento Econ�mico e Social do Vale do A�o, em junho, quando lideran�as pol�ticas e empresariais se reuniram para discutir projetos para a implanta��o de novos distritos industriais em Tim�teo, Coronel Fabriciano, Ipaba, Santana do Para�so e Ipatinga. “Do que precisamos para trazer investimentos? Temos um gasoduto na regi�o. J� inauguramos um Senai. O principal gargalo � a malha vi�ria. Sem a duplica��o da 381, o Vale do A�o continuar� estagnado”, alerta o presidente regional da Fiemg, Luciano Ara�jo.
O presidente da Associa��o Comercial e Industrial de Jo�o Monlevade (Acimon), �dson Coelho, tamb�m exige agilidade na duplica��o da rodovia. “Estamos numa regi�o em que a produ��o de a�o � grande e � dif�cil esco�-la. � preciso revitalizar a 381, que est� saturada, com urg�ncia.”
T�tulo macabro
O trecho da 381 entre BH e Governador Valadares dificilmente vai perder o r�tulo de Rodovia da Morte enquanto o governo n�o duplicar esses 310 quil�metros. Em 2010, 123 pessoas perderam a vida no local. Em 2011, mais 121 v�timas. Os dados s�o da Pol�cia Rodovi�ria Federal (PRF). As pistas simples, que n�o contam com barreira f�sica nos sentidos opostos, e o tra�ado sinuoso, acompanhando o contorno de vales e montanhas, s�o armadilhas para os usu�rios. O risco aumenta em raz�o da elevada quantidade de carretas que passam pelo local. Especialistas calculam que, em todo o pa�s, o preju�zo causado pelos acidentes movimentam mais de uma dezena de bilh�es. Em 2010, segundo a CNT, o gasto com essa planilha, que vai desde os custos com sinistros a tratamentos m�dicos, foi de R$ 14,1 bilh�es, o correspondente a 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB) dom�stico.