Os efeitos da seca dos Estados Unidos sobre a produ��o de soja e milho foram os principais impactos na alta de 1,59% da infla��o medida pelo IGP-10 em agosto. Em julho, a taxa foi de 0,96%. Juntos, a soja e o milho responderam por 1,37 ponto porcentual da alta de 2,21% do �ndice de Pre�os ao Produtor Amplo (IPA, que responde por 60% do �ndice) no m�s, frente ao 1,24% de julho.
De acordo com o coordenador dos IGPs da FGV, Salom�o Quadros, essa foi a maior varia��o do IGP-10 e do IPA-10 na margem desde julho de 2008, �poca pr�-crise em que os �ndices tiveram altas de 2% e 2,54%, respectivamente. No acumulado de 12 meses, a eleva��o de agosto foi a maior do IGP-10 desde setembro do ano passado (7,79%).
A infla��o agropecu�ria foi a que mais pressionou o �ndice medido pela Funda��o Get�lio Vargas (FGV) no atacado. Os produtos agr�colas atacadistas subiram 6,23%, em compara��o com a alta de 1,94% apurada em julho. A soja j� vinha em alta em julho (10,17%) e foi a maior influ�ncia positiva no m�s, com varia��o de 15,62%. J� o milho saltou 22,17%, ap�s uma taxa positiva de apenas 0,50% no m�s anterior. As consequ�ncias dos problemas clim�ticos j� aparecem em derivados como o farelo de soja (18,36%) e ra��es (4,55%).
Nos �ltimos 12 meses, o pre�o da soja subiu 73,45%, concentrados em 2012. Quadros avalia que a cota��o do produto j� est� pr�xima ao teto e deve entrar em uma fase de modera��o, mas sem retornar aos patamares de pre�o anteriores � seca pelo quadro de forte demanda e baixos estoques. "O pre�o s� vai come�ar a cair quando conseguirmos repor essas perdas, o que n�o � autom�tico. Vamos levar at� o meio do ano que vem, ap�s a colheita da safra brasileira, para come�ar a voltar a n�veis mais confort�veis de estoques", afirma.
Ainda no atacado, os repasses da alta de farelo de soja e ra��es j� chegaram aos pre�os das aves e dos su�nos. Esses �ltimos subiram 11,44% no m�s, ante 3,49% em julho, impulsionados tamb�m pela retomada de exporta��es para a Argentina.
IPC
O economista alerta que esse efeito soja tende a contaminar o �ndice de Pre�os ao Consumidor (IPC) nos pr�ximos dois meses. A alimenta��o j� aparece em agosto como o item mais pressionado (1 11%) gra�as a hortali�as e legumes, em especial o tomate (59 56%). Al�m das carnes, o �leo de soja � outro item que promete altas mais fortes no varejo daqui para a frente e o p�o franc�s pode subir j� que o trigo tamb�m sofre com a oscila��o do clima.
O efeito do reajuste da gasolina mostrou que vem perdendo for�a, com o item combust�veis para consumo subindo 1,65%, depois do aumento de 3,29% em julho. J� os combust�veis para produ��o saltaram 5,01% gra�as ao aumento do diesel. Quadros destaca que, se confirmado um novo reajuste da gasolina, ser� mais um fator de press�o sobre a infla��o ao consumidor, j� que n�o h� mais espa�o para retirar a Contribui��o de Interven��o no Dom�nio Econ�mico (Cide).
Essas press�es futuras previs�veis geram preocupa��es inflacion�rias e apontam para a necessidade do fim do ciclo de cortes da taxa b�sica de juros (Selic), analisa Quadros, para quem pode haver mais um corte. "J� foi dado muito al�vio monet�rio. Se voc� d� um rem�dio tem que ter a paci�ncia de esperar o efeito para evitar um superaquecimento. A infla��o d� sinais de que pode entrar em trajet�ria de acelera��o mais cedo que o esperado", diz.
Apesar da preocupa��o, Quadros diz que o movimento de forte acelera��o dos IGPs a partir de julho parece estar chegando ao seu pico. Isso porque a dist�ncia entre os IGPs - calculados em diferentes per�odos do m�s - est� se reduzindo. A dist�ncia entre o IGP-DI de julho (1,52%) e o IGP-10 de agosto (1,59%) foi de apenas 0,07 ponto porcentual. A expectativa � que se n�o houver novos choques eles permane�am na faixa de 7,5% em 12 meses.