
Os n�meros, no entanto, ainda s�o menores que os do ano passado. O �ndice de fam�lias endividadas, por exemplo, continua inferior ao observado no mesmo per�odo de 2011, que foi de 62,5%. J� o n�mero de fam�lias com d�vidas ou contas em atraso avan�ou entre julho e agosto, mas recuou na compara��o anual. No total, 21,3% dos entrevistados declararam estar com d�vidas em atraso, o que representa um pequeno avan�o se comparado ao m�s passado, quando 21% das pessoas disseram estar inandimplentes. Em agosto de 2011, o �ndice era de 24,4%. A pesquisa aponta ainda que nesse ano 7,1% das fam�lias declararam n�o ter condi��es de pagar seus d�bitos, ante os 7,3% que fizeram a mesma declara��o no m�s passado. Em agosto passado, o percentual era de 8,2%.
Entre os tipos de d�vidas, dispararam as feitas com o cart�o de cr�dito (73,2%). Em segundo lugar est�o as com carn�s de lojas (18,9%). Os financiamentos de carros (12,4%) aparecem em terceiro lugar. Cr�dito pessoal (11,8%), em quarto, e o cheque especial (6,1%), em quinto. As fam�lias tamb�m aparecem na pesquisa endividados com cheques pr�-datados (3,1%), cr�dito consignado (4,6%), financiamento de casa (5,6%) e com outras d�vidas (1,8%).
A pesquisa aponta ainda que o tempo de comprometimento das fam�lias com as d�vidas varia de acordo com a renda familiar mensal. Enquanto as fam�lias com renda at� 10 sal�rios m�nimos pagam suas d�vidas em m�dia com at� 6,5 meses, as fam�lias com renda superior a 10 sal�rios demoram 7,4 meses em m�dia. No total, as fam�lias se comprometem por 6,6 meses com suas d�vidas. No que diz respeito ao comprometimento da renda, 20,4% dos entrevistas comprometem menos de 10% da sua renda, 53,7% de 11% a 50% e 17,4% mais que 50%.
Para a economista da CNC, Marianne Hanson, as pol�ticas de est�mulo ao cr�dito e a aquisi��o de bens dur�veis foram as que mais tiveram impacto sobre o endividamento das fam�lias. “O incentivo fiscal e a redu��o do spread banc�rio favoreceram os consumidores que se animaram a comprar mais bens dur�veis como linha branca e autom�veis”, considera.

Para o professor de economia da Funda��o Getulio Vargas (FGV/IBS), Mauro Rochlin, a tend�ncia para os pr�ximos meses � de estabilidade nos �ndices. Isso porque, segundo ele, os bancos est�o mais seletivos no momento da concess�o de cr�dito, o que faz frear o consumo agressivo. “Embora o endividamento seja crescente n�o acredito em altas significativas. Os bancos privados, principalmente, est�o mais restritivos no que diz respeito a concess�o de cr�dito e, sendo assim, vejo o endividamento pender para a estabilidade”, opina. “O endividamento deve ceder por conta da rigidez na an�lise de cr�dito. Na pr�tica, essa postura dos bancos tende a barrar financiamento de carros, por exemplo”, comenta Rochlin.
Na avalia��o do professor de finan�as pessoais do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), Alexandre Galv�o, os �ndices crescentes, mas ainda menores que os do ano passado, s�o reflexos de uma economia mais aquecida em 2011. “Este crescimento era esperado em virtude de uma pol�tica de consumo mais forte”, explica.
Momento � de cautela
A melhora na percep��o em rela��o � capacidade de pagamento das fam�lias brasileiras, com uma menor propor��o de fam�lias relatando n�o ter condi��es de pagar suas contas no comparativo com o ano passado, mostra, segundo o professor de finan�as pessoais do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), Alexandre Galv�o, que o pa�s ainda tem conseguido pagar as suas d�vidas em fun��o das baixas taxas de desemprego. Mas � preciso que o consumidor avalie com parcim�nia tudo aquilo que for comprar para n�o contrair d�vidas desnecess�rias. “N�o � porque est� barato que o consumidor dever� comprar,”, avalia.
Depois de viver encalacrado em d�vidas, o motorista Gilberto Pires de Jesus resolveu negociar com o banco credor. “Era uma d�vida de R$ 14 mil, acumulada em oito anos e que na negocia��o se transformou em R$ 1,8 mil e resolvi pagar”, lembra. Agora, ele refaz as contas para trocar de carro. “Quero trocar meu usado por outro. Vou dar R$ 8 mil e financiar R$ 12 mil, mas quero fazer isso da melhor forma para n�o me afundar”, comenta.
J� a pensionista Marilena Drummond acumulou d�vidas de pouco mais de R$ 6 mil com a solicita��o de empr�stimos. A justificativa � a pens�o baixa e o custo de vida. “Ganho R$ 1 mil e pego para pagar as contas da casa. Nisso j� refinancei um empr�stimo de R$ 4 mil e fiz mais dois de R$ 1 mil”, afirma. Assim como ela, a aut�noma Natali Almeida Vieira se perdeu em d�vidas ao deixar de receber de alguns clientes. “Tinha uma pequena f�brica de bolsas. Fiquei sem receber e j� contabilizo 11 cheques meus sem fundo no mercado e uma d�vida de quase R$ 7 mil”. A alternativa est� sendo pagar um por um at� conseguir quitar as pend�ncias financeiras. “A �nica coisa que quero � meu nome limpo de novo para poder continuar trabalhando”, comenta.