Prorroga��o do IPI reduzido n�o garante carro novo

Quem deixou o sonho do carro zero para a �ltima hora ganhou mais tempo para a compra, mas deve ficar atento aos prazos estabelecidos pelas concession�rias para a entrega e o faturamento do modelo escolhido. A prorroga��o do benef�cio at� o dia 31 de outubro n�o garante o desconto para todos os modelos. Isso porque, em se tratando de carros populares, em algumas concession�rias de Belo Horizonte o tempo de espera chega a 90 dias – prazo superior ao da prorroga��o definida pelo governo. O corte do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) foi prorrogado por prazos diferentes para carros e linha branca (geladeira, fog�o, m�quina de lavar). Nas lojas de eletrodom�sticos, as compras de linha branca podem ser feitas at� o dia 31 de dezembro.

Dependendo da escolha do comprador, em algumas concession�rias o desconto pode n�o se concretizar. Nas revendedoras Fiat, por exemplo, um Novo Palio b�sico, vers�o 1.0, pode demorar at� 90 dias para ser entregue. Na Misaki Nissan o mesmo prazo se repete para o modelo mais popular da marca, o Nissan March b�sico, vers�o 1.0, que desde antes da prorroga��o do IPI j� estava esgotado nas lojas e com o per�odo de entrega maior. Os prazos tamb�m s�o longos para o Ford Ka (60 dias), Grand Siena (at� 90 dias), Novo Gol (60 dias) e outros populares.

Sobre a falta de carros nas revendas, o presidente do Sindicato dos Concession�rios e Distribuidores de Ve�culos de Minas Gerais (Sincodiv/MG), Mauro Pinto de Morais Filho, afirma que falar de desabastecimento ainda � prematuro e o que existe s�o demandas pontuais. “Os mais completos n�o s�o o problema e sim os mais b�sicos, que saem em maior quantidade. Por terem impacto maior em fun��o dos descontos de R$ 2,5 a R$ 3 mil s�o os que interessam os consumidores”, comenta.

A justificativa � a demanda em alta. Faltando dois dias no calend�rio das concession�rias para fechar o m�s, as vendas de autom�veis e comerciais at� quarta-feira j� atingiram o maior n�vel da hist�ria do setor automotivo brasileiro desde 1957, com 358.641 ve�culos licenciados, segundo dados do setor. “A ind�stria est� sinalizando aumento de produ��o, mas a procura est� muito grande e n�o sabemos at� onde vamos conseguir supri-la”, pondera o gerente de vendas de ve�culos novos da Inova Ve�culos, Bruno Fiuza. Segundo o gerente de vendas de ve�culos novos da Carbel, Paulo C�sar Gouveia, a crescente busca por carros zero reflete na cadeia produtiva, que n�o consegue atender as montadoras. “Os fornecedores indiretos est�o precisando produzir muito mais que o normal e a reposi��o de pe�as para a montagem fica dif�cil, o que aumenta os prazos para o cliente final”, explica.

Para n�o ser surpreendido pela falta de op��es, a dica � adiantar a compra. “Acredito que vamos chegar a um ponto em que teremos o benef�cio, mas n�o os ve�culos”, alerta o gerente da Inova. “Antes trabalh�vamos com estoque de 360 ve�culos e hoje temos 70 no estoque. Muitos carros que est�o chegando agora foram pedidos 35 dias atr�s”, complementa o gerente da Carbel.

Outros modelos

Uma das sa�das para quem quer comprar o seu carro zero sem abrir m�o do desconto � ampliar o leque de op��es. Focar em carros menos populares, mas com pre�os igualmente acess�veis � uma das alternativas, segundo o gerente da Misaki Nissan Raja, Wellington Campos. “As pessoas est�o presas nos populares que est�o mais baratos, mas existem outros ve�culos t�o bons quanto e com pre�os vantajosos justamente pelo corte do IPI”, considera.

Independentemente das dificuldades encontradas na efetiva��o da compra, os atrativos n�o passam despercebidos. Na capital, os clientes s�o atra�dos nas concession�rias por propagandas, facilidades no financiamento e, em alguns casos, at� a oferta de taxa 0%. “Estamos saindo de uma semana em que chegamos a pedir 50% do valor do carro como entrada e financiar os 50% restantes sem juros. A promessa � de que promo��es como essa continuem para estimular a oferta”, afirma o diretor comercial da Kia Brisa.

Revenda de seminovos no preju�zo

Enquanto a farra dos ve�culos novos continua nas concession�rias da capital, as ag�ncias de ve�culos seminovos amargam preju�zos, com queda de at� 60% nas vendas. De acordo com o gerente da Minas Ve�culos, Ivan Oliveira dos Santos, o “encalhe”nas vendas em 30% resultaram na demiss�o de tr�s funcion�rios. Prova do mau desempenho � que a loja onde Ivan trabalha chega a oferecer desconto de 30% no valor do ve�culo, previsto pela tabela Fipe, no momento da venda. “Est� dif�cil comprar e vender porque os pre�os n�o s�o atrativos se comparados aos de ve�culos zero”, afirma.

Paulo Fernando de Oliveira Alves, propriet�rio da ag�ncia Autobox, no Lourdes, aponta o corte do IPI como respons�vel para a m� fase. “Reduzi em 60% as vendas. Estamos trabalhando com o custo m�nimo. O IPI vai piorar o cen�rio por mais 60 dias e est� acabando com o mercado. N�o existe mais demanda”, garante.

 O gerente de novos e seminovos da Bordeaux Peugeot, F�bio Jos� Costa Chavantes, garante que as concession�rias tamb�m sofrem com as perdas nos seminovos. “Com as vendas aceleradas temos um estoque maior de usados, mas um giro de estoque mais lento”, lembra.

O cabeleireiro Leonardo Gori, que comprou um Gol zero e tenta h� dois meses vender seu Palio de quatro portas, ano 2004, n�o teve sucesso. Ele cotou o pre�o do ve�culo nas concession�rias e lojas de usados, mas optou por fazer o neg�cio sozinho. “O pre�o m�ximo que quiseram me pagar foi R$ 12 mil, mas o valor real do ve�culo � R$ 18 mil”, lamenta. “Por enquanto, as pessoas s� ligam para especular. Elas fazem a conta e chegam � conclus�o que com mais R$ 6 mil conseguem comprar um carro zero”, diz.

 A supervisora de lojas de turismo Alessandra Lemos aproveitou a redu��o do IPI para trocar de carro. Ela comprou uma Ranger, da Ford, por R$ 52 mil. “Acho que valeu a pena, pois antes sairia por mais de R$ 60 mil”, diz. Com o carro novo em m�os, ela tem outro desafio: se desfazer da sua Saveiro 2009/2010. Apesar de o carro ter sido de um �nico dono e ter 59 mil quil�metros rodados, o pre�o oferecido pelas concession�rias � bem abaixo do mercado. “Eles me ofereceram R$ 25 mil, mas o valor de tabela � R$ 33 mil. Eu estou pedindo pelo menos R$ 31,5 mil pelo ve�culo”, diz. (Com CM)