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Estado de Minas

Falta de estabilidade afeta empregos de alta e de baixa qualifica��o


postado em 04/09/2012 18:00

Luiza Pereira, 38 anos, e Teresa da Silva, 32 anos, a Tet�, s�o amigas e trabalham juntas h� cerca de 15 anos. S�o manicures e buscam sempre atuar em dupla. Enquanto uma faz a m�o, a outra faz o p�. No �ltimo ano, as duas j� trocaram de emprego tr�s vezes. Ficaram, em m�dia, cerca de quatro meses em cada sal�o.

Luiza e Tet� t�m fam�lias para sustentar. Ambas s�o respons�veis pela maior parte da renda familiar. A constante troca de local de trabalho � um problema na vida das duas. O setor de servi�os, em que trabalham, tem �ndice de 37,7% de rotatividade, segundo a Rela��o Anual de Informa��es Sociais (Rais) do Minist�rio do Trabalho e Emprego (MTE), atr�s da constru��o civil, da agricultura e do com�rcio.

“Tenho medo de sair de casa de manh� e voltar � noite demitida porque o sal�o fechou ou porque alguma cliente n�o gostou do servi�o”, disse Luiza. De acordo com o psic�logo e professor na �rea de psicologia do trabalho e sa�de do trabalhador da Universidade de Campinas (Unicamp), Roberto Heloani, a demiss�o � uma amea�a que ronda boa parte das categorias profissionais. Para ele, a falta de empregabilidade afeta trabalhadores de alta e de baixa qualifica��o.

“Esse medo de perder ou reter o emprego come�a na pr�pria busca. Ter [cursado] uma faculdade n�o � mais garantia. H� tempos atr�s, uma pessoa de classe m�dia fazia uma faculdade e tinha praticamente emprego garantido. Hoje, isso n�o ocorre mais. Corre-se o risco de ter feito uma universidade de primeira linha e ter dificuldade de encontrar at� um est�gio. A sensa��o de incerteza come�a cedo”, informou Heloani.

Tet�, a manicure, explicou que, para tentar minimizar o risco de demiss�o, investiu em cursos na �rea de est�tica. “Aprendi tamb�m a fazer sobrancelhas e tratar de cabelos, como fazer hidrata��o e outros tipos de tratamento. Meu sonho � ter um dia a minha cl�nica de est�tica”, disse.

O professor Roberto Heloani alertou, no entanto, contra a busca incessante por capacita��o, que nem sempre garante o retorno pretendido. Segundo ele, a atualiza��o do empregado pode ajudar em certos momentos, mas n�o garante emprego e estabilidade que, em muitos casos, est�o relacionados a fatores que n�o dependem do esfor�o do trabalhador – como a economia ou as finan�as da empresa.

“A l�gica de qualifica��o que temos hoje � idealizada. Se cobra tanto, se quer tanto, que � imposs�vel o trabalhador cumprir todos os requisitos. A ang�stia acaba sendo um sentimento onipresente. Temos que desconstruir essa l�gica. Muitos s�o demitidos porque s�o pe�as que n�o se encaixam mais em uma jogo altamente complexo”, explicou o professor.

Dados da Organiza��o Internacional do Trabalho (OIT) e da Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) apontam que transtornos mentais s�o a maior causa de afastamento no trabalho na �ltima d�cada. Para Heloani, o pr�prio medo do desemprego acaba levando � demiss�o, gerando um paradoxo.

“Em primeiro lugar, o trabalhador n�o pode se culpar e acreditar que n�o consegue manter o emprego por alguma defici�ncia ou falta de dedica��o. H� uma fort�ssima tend�ncia a fazer isso. Os danos ps�quicos s�o muitos, o que engrossa essas estat�sticas da OIT, em que boa parte dos casos, o transtorno mental � a depress�o severa que acaba levando � incapacita��o”, informou.


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