As tarifas de energia el�trica no pa�s ser�o reduzidas em 16,2% para consumidores residenciais e em at� 28% para o setor produtivo a partir de 2013, com a redu��o de impostos e encargos e a renova��o das concess�es de hidrel�tricas e linhas de transmiss�o e distribui��o. A not�cia foi dada ontem pela presidente Dilma Rousseff em pronunciamento em rede nacional de r�dio e TV para marcar o 7 de Setembro, data da independ�ncia do Brasil. Trata-se, segundo a chefe do Executivo brasileiro, da mais forte redu��o de tarifas de energia el�trica para as ind�strias e resid�ncias de que se tem not�cia no pa�s. A queda nos pre�os da conta de luz j� era aguardada pelo setor produtivo, que reclamava dos pesados encargos incidentes nas tarifas de energia das ind�strias, que chegam a 45% do valor total das faturas. O plano para redu��o da conta de luz ser� anunciado na ter�a-feira.
Num discurso pontuado pela reafirma��o das medidas antic�clicas j� tomadas pelo governo federal para defender a economia e a competitividade do Brasil, a presidente fez quest�o de esclarecer que a diferen�a no percentual de desconto nos encargos sobre as tarifas para consumidores residenciais e industriais se justifica porque no setor produtivo os custos de distribui��o s�o menores, j� que elas operam em alta tens�o. “Os ganhos, sem d�vida, ser�o usados tanto para a redu��o de pre�os para o consumidor quanto para os produtos destinados � exporta��o, o que vai abrir mais mercados dentro e fora do pa�s”, sustentou, numa alus�o � necessidade de melhorar a competitivdade da ind�stria brasileira no mercado interno e externo. Segundo ela, a redu��o da tarifa de energia el�trica tamb�m vai ajudar de forma especial as ind�strias que estejam em dificuldade, evitando a demiss�o de funcion�rios.
“A redu��o do custo da energia el�trica n�o � a �nica decis�o que estamos tomando para baixar os custos de produ��o e, por consequ�ncia, aumentar o emprego e diminuir o pre�o dos produtos brasileiros”, disse. Ela lembrou que o governo anunciou investimentos de R$ 133 bilh�es em rodovias e ferrovias no pa�s, o que significa ampliar e melhorar 10 mil quil�metros de linhas f�rreas e quase 8 mil quil�metros de estradas. “O novo ciclo de desenvolvimento s� se inicia com mudan�as na economia e na forma de gest�o, fazendo avan�ar a inclus�o social. � isso que temos feito nos �ltimos tempos”, afirmou, lembrando que o Brasil revigorou os fundamentos de sua pol�tica econ�mica e, ao mesmo tempo, iniciou uma mudan�a estrutural na economia, que tem como sustenta��o uma taxa de juros baixa, c�mbio competitivo e redu��o da carga tributr�ria.
Competitividade
O an�ncio agradou ao segmento industrial, que h� muito reclamava dos pesados encargos incidentes na conta de energia. Para o presidente da Federa��o das Ind�strias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Olavo Machado J�nior, com a medida, o segmento industrial brasileiro ficar� mais competitivo, dependendo do peso da energia na produ��o. “As mais beneficiadas ser�o as ind�strias eletrointensivas, que vendem energia em forma de produto”, disse. Nos �ltimos 8 anos, o peso da parcela destinada � energia nas ind�strias do pa�s vem fechando f�bricas e afugentando projetos em segmentos como os de alum�nio, a�o e fertilizantes. Em dezembro de 2010, a Novelis, maior fabricante mundial de laminados de alum�nio, fechou uma f�brica em Aratu, na Bahia (500 funcion�rios diretos e indiretos). O c�mbio valorizado e o avan�o no pre�o da energia el�trica (com alta de 51% desde 2004) foram determinantes na decis�o.
Aguinaldo Diniz Filho, presidente da Associa��o Brasileira da Ind�stria T�xtil e de Confec��o (Abit), setor no custo da energia chega a 11% dos gastos totais da produ��o, afirma que a decis�o vai desonerar um insumo que � fundamental para a ind�stria nacional. Ele defende um custo “justo” de energia como mais um passo para que os produtos fabricados no pa�s possam competir com os do resto do mundo.
Para se ter uma ideia, num frigor�fico de abate de frangos no pa�s os gastos m�dios com o energia s�o de 20% do custo total. Na ind�stria sider�rgica, a tarifa de energia representa entre 10% e 20% dos custos, dependendo da quantidade de processo na fabrica��o do a�o. No transporte a�reo, esse percentual � de 20% a 30%, e nas destilarias de refino de petr�leo, de 55% a 70%. A Funda��o Getulio Vargas estima que o pa�s pode saltar 10 posi��es no �ndice de Desenvolvimento Humano (IDH) at� 2020 e acrescentar uma Argentina ao Produto Interno bruto (PIB) – R$ 695 bilh�es – caso sejam adotadas medidas em favor de uma energia mais competitiva no pa�s.
Retomada mais lenta em Minas
A leve rea��o da ind�stria nacional em julho n�o foi sentida nas f�bricas mineiras. Enquanto no pa�s a produ��o industrial cresceu 0,3% em rela��o a junho, em Minas houve recuo de 0,2% no per�odo e queda acumulada de 1,2% no ano, segundo informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE). Minas foi um dos nove estados – Goi�s (- 6,3%), Amazonas (- 5,9%), Par� (- 3,2%), (- 1,1%), S�o Paulo (-0,7%), Rio Grande do Sul (- 0,7%), Esp�rito Santo (-0,6%) e Pernambuco (-0,6%) – que registraram recuo, enquanto em outros cinco o ritmo do parque industrial aumentou. E o cen�rio deixa os empres�rios mineiros pessimistas, mesmo com a perspectiva de um segundo semestre melhor. A Federa��o das Ind�strias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), que em janeiro apostou numa alta de 6,2% no faturamento do setor para o acumulado de 2012, reviu ontem a previs�o: agora o indicador deve fechar o exerc�cio com queda em torno de 3%.
O tombo da ind�stria s� n�o ser� maior em raz�o da recupera��o lenta de alguns ramos no segundo semestre, como revelou estudo, divulgado ontem pela entidade, referente a julho, quando o faturamento registrou alta de 3,2% em rela��o a junho e de 5,32% no confronto com o mesmo m�s de 2011. “A recupera��o no segundo semestre n�o � homong�nea. A grande quest�o � o que isso significa setorialmente. H� ramos em que o estrago registrado no primeiro semestre – por mais que se recupere no segundo semestre – n�o vai fechar (o ano com saldo positivo)”, avaliou o presidente do Conselho de Pol�tica Econ�mica e Industrial da Fiemg, Lincoln Gon�alves Fernandes, acrescentando que no acumulado do ano, o faturamento est� negativo em 2,17%. Nos �ltimos 12 meses, a retra��o � de 1,34%.
Apenas quatro dos 14 ramos pesquisados registraram faturamento positivo no acumulado do ano. Destaque para o de metalurgia b�sica, com incremento de 5,53%. Tamb�m ficaram no azul: produtos aliment�cios e bebidas (2,03%), couro e cal�ados (3,25%) e m�quinas, aparelhos e materiais el�tricos (0,41%). Por outro lado, o setor de produtos de metal sofreu queda de 17,11%. O de ve�culos automotores, cujo mercado se aqueceu nas �ltimas semanas, devido � redu��o do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), ainda est� negativo no acumulado do ano (-4,38%).
Emprego
Esse mesmo setor foi o destaque no item horas trabalhadas na produ��o, que leva em conta as horas extras. A alta foi de 12,83% no confronto entre julho e junho, o que refor�a o reaquecimento do mercado de ve�culos automotores no in�cio do segundo semestre. Para se ter ideia da grandeza do indicador, a m�dia da ind�stria mineira foi de 1,5%, j� desconsiderados os efeitos sazonais. O resultado foi alcan�ado em raz�o da eleva��o do n�vel de emprego e, principalmente, do maior n�mero de horas extras naquele m�s.
“H� setores negativos, mas com tend�ncia de recupera��o, caso dos autom�veis, beneficiado pelo governo (com a redu��o do IPI)”, refor�ou o diretor da Fiemg. O maior n�mero de trabalhadores refletiu na expans�o de 6,97% da massa salarial real, com destaque para metalurgia b�sica (12%), produtos de metal (10,89%), extrativo mineral (9,15%) produtos de minerais n�o met�licos (8,23%), m�quinas, aparelhos e materiais el�tricos (8,09%). A utiliza��o da capacidade instalada tamb�m teve alta, de 0,76 ponto percentual, no confronto entre julho e junho, atingindo 85,38%.