As medidas de austeridade e o achatamento dos sal�rios enfraquecem o crescimento dos pa�ses desenvolvidos e n�o estimulam a economia como o esperado, sem cria��o de empregos, redu��o nos d�ficits fiscais ou aumento da confian�a dos mercados financeiros.
� o que aponta o Relat�rio de Com�rcio e Desenvolvimento 2012 - Pol�ticas para o Crescimento Inclusivo e Equilibrado, divulgado hoje pela Confer�ncia das Na��es Unidas sobre Com�rcio e Desenvolvimento (Unctad). O documento indica que os pa�ses em desenvolvimento ficam vulner�veis, j� que os cortes fiscais nos pa�ses mais ricos prejudicam a recupera��o.
Nos �ltimos dois anos, a Unctad emitiu avisos sobre o risco de trocar prematuramente as medidas de est�mulo econ�mico por cortes no or�amento, o que leva ao enfraquecimento do mercado interno e pessimismo dos empres�rios.
O relat�rio aponta que a desacelera��o ocorre em todas as regi�es do mundo. Apesar de pa�ses em desenvolvimento aplicarem pol�ticas para apoiar as demandas internas, as medidas n�o s�o suficientes para atingir as economias avan�adas. O crescimento global ficou em 2,7% em 2011, ante 4,1% em 2010. Para 2012, a expectativa da Unctad � de crescimento global de 2,5% e de apenas 1% entre os pa�ses desenvolvidos. As economias em desenvolvimento podem chegar a 5%.
Segundo a Unctad, o relat�rio de 2010 j� advertia que a recupera��o econ�mica deveria ocorrer com o aumento da demanda interna, e n�o com a redu��o da d�vida do governo. O relat�rio deste ano confirma os temores e acrescenta que a recess�o nos pa�ses desenvolvidos dificulta a recupera��o global. Al�m disso, aponta um erro no diagn�stico, j� que os d�ficits fiscais s�o o resultado e n�o a causa da crise, diz o documento.
Como solu��o, a Unctad aponta a restaura��o do crescimento e das receitas fiscais que, a longo prazo, v�o resolver o problema do aumento da d�vida p�blica. Tamb�m s�o necess�rias medidas macroecon�micas, al�m de reformas estruturais, para refor�ar a seguran�a social e o apoio econ�mico do Estado, como vem ocorrendo em pa�ses em desenvolvimento.
De acordo com o relat�rio, 74% da produ��o global, entre 2006 e 2012, ocorreu nos pa�ses em desenvolvimento, enquanto essa propor��o, nos anos 1980 e 1990, era de 75% nos pa�ses desenvolvidos.
Segundo a Unctad, reduzir a desigualdade na renda leva a benef�cios sociais e a um maior crescimento econ�mico, tend�ncia observada nos �ltimos 30 anos em pa�ses desenvolvidos e em desenvolvimento. O relat�rio aponta tamb�m que um dos fatores que levou � crise foi a grande concentra��o de renda nas m�os de poucos e o endividamento das massas assalariadas para manter o padr�o de vida, reduzindo o consumo das classes mais baixas.
O documento destaca que a efici�ncia econ�mica n�o � incompat�vel com a redu��o da desigualdade. A Unctad recomenda que os governos adotem medidas que preservem o emprego e melhorem a distribui��o de renda entre os trabalhadores, como a tributa��o progressiva e o aumento dos gastos p�blicos, ao contr�rio do que vem sendo adotado, de minimizar a interven��o do Estado e flexibilizar a prote��o ao trabalho.
A Unctad aponta que os governos devem se apropriar de uma parte das rendas provenientes das commodities, para que os recursos do pa�s beneficiem toda a popula��o, e n�o apenas os atores nacionais e internacionais envolvidos.
Quanto � flexibiliza��o da prote��o ao trabalho, o relat�rio indica que as medidas reduziram o emprego ao inv�s de aumentar, j� que o crescimento da produtividade global sem o aumento proporcional dos sal�rios n�o leva ao aumento da demanda e do consumo.