O economista Marcelo Neri, empossado hoje, em Bras�lia, como presidente do Instituto de Pesquisa Econ�mica Aplicada (Ipea), quer aumentar a participa��o do �rg�o como formulador e assessor dos minist�rios para concep��o e monitoramento de pol�ticas p�blicas, especialmente na �rea da educa��o. “Essa � a pol�tica p�blica que mais gera efeito sobre as outras”, acredita.
Segundo Neri, a preocupa��o � fazer os “dois brasis” avan�arem: o pa�s que ainda tem um grande passivo (grande n�mero de analfabetos, pessoas com baixa escolaridade e m� qualidade do ensino); e o pa�s que, para crescer, precisa de for�a de trabalho qualificada. “O Brasil velho e Brasil do futuro t�m que andar juntos”, disse.
O economista diz que o gargalo da m�o de obra ocorre em todos os setores, inclusive entre os segmentos menos qualificados (empregadas dom�sticas, oper�rios da constru��o civil e trabalhadores da agricultura) – o que j� pode ser sinal da eleva��o do padr�o de vida e aspira��es das camadas mais baixas na distribui��o de renda. “� um bom apag�o no sentido de que o Brasil vai ter que mudar suas tecnologias”, disse.
Neri, que admite “n�o ter nascido no Ipea, mas ter sido criado no instituto”, avalia que o �rg�o tem “massa cr�tica” e “uma tradi��o impressionante” para reflex�o sobre os problemas socioecon�micos e pretende orientar o Ipea para que ajude o pa�s a “avan�ar mais na vertical”.
Segundo Neri, continua ocorrendo um movimento de ascens�o social verificado nos �ltimos anos, mas que ainda n�o foi bem captado pela pesquisa social. “H� mais coisas acontecendo no Brasil do que os nossos olhos conseguiram enxergar at� agora”, disse, ap�s citar os impactos do Programa Brasil Carinhoso, da queda da mortalidade, o crescimento da renda dos analfabetos e a eleva��o do padr�o de vida dos 20% mais pobres de forma mais acelerada do que ocorre na China, na R�ssia e na �ndia (os pa�ses que, com o Brasil, formam o Bric, bloco das economias emergentes).
O estudo desses fen�menos podem gerar surpresas entre os pesquisadores do Ipea. “Do ponto de vista do pesquisador, o Brasil � um pa�s que oferece todas as surpresas. A gente acha aquilo que n�o esperava achar. Para o pesquisador, o grande momento n�o � quando voc� confirma o que esperava achar, mas quando descobre algo que n�o sabia”.