Bras�lia – Com um discurso otimista, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, tentou convencer o mercado e o setor produtivo de que o pior j� passou. Ontem, em audi�ncia p�blica na Comiss�o de Assuntos Econ�micos (CAE) do Senado, foi enf�tico na defesa dos est�mulos “contratados pelo governo”, a exemplo das desonera��es tribut�rias e da redu��o dos juros b�sicos (Selic) em cinco pontos percentuais em vigor desde agosto do ano passado. Tombini garantiu ainda que, diferentemente do primeiro semestre, o pa�s vai crescer a taxas robustas nesta segunda metade do ano. Explicou tamb�m que a infla��o vai permanecer alta por algum tempo, mas que deve ceder para n�veis melhores.
Em uma audi�ncia esvaziada pelas elei��es municipais, Tombini exaltou os “s�lidos fundamentos” macroecon�micos do pa�s e tamb�m como o Brasil tem transitado pelo cen�rio internacional, classificado por ele como complexo. O presidente do BC ainda destacou que, em fun��o da menor confian�a do empres�rio e do consumidor, os est�mulos dados pelo governo desde o ano passado demoraram mais que o normal para aparecer na economia. “Naturalmente, vivemos em um mundo de grande volatilidade, mas estamos crescendo. A pol�tica monet�ria funciona. Em fun��o do momento da economia, todos ficaram mais cautelosos”, argumentou. “Isso n�o tirou efic�cia (das medidas), os efeitos vir�o”, garantiu.
Sobre a infla��o, Tombini refor�ou as palavras da ata da �ltima reuni�o do Comit� de Pol�tica Monet�ria (Copom). Disse que os pre�os est�o convergindo para a meta, mas de maneira “n�o linear”, ou seja, apesar das altas da carne, dos gr�os, e dos produtos in natura, o custo de vida se manter� dentro do toler�vel. Ele observou que problemas clim�ticos nos Estados Unidos prejudicaram gravemente a produ��o de gr�os e isso se transformou em infla��o no Brasil.
“Esse choque de oferta de 2012 � localizado em duas ou tr�s commodities agr�colas. Na nossa avalia��o e de outros BCs, esse problema ter� amplitude mais curta que a observada em 2010/2011”, disse. “A boa not�cia � que os in natura oscilam muito, os pre�os deles v�o e v�m. Por isso n�o deve ser de grande preocupa��o”, ponderou Tombini. A autoridade monet�ria ainda defendeu que os pacotes anunciados recentemente pelo governo v�o contribuir para reduzir os custos de produ��o no pa�s e a estabilizar a economia e os pre�os.
Desacelera��o
A Confer�ncia das Na��es Unidas para o Com�rcio e Desenvolvimento (Unctad) fez ontem duras cr�ticas �s pol�ticas de ajuste fiscal dos pa�ses da Zona do Euro, que, na avalia��o da entidade, t�m agravado a crise. N�o � � toa que o organismo prev� forte desacelera��o do crescimento da economia global, que, depois de j� ter recuado de 4,1% em 2010 para 2,7% no ano passado, n�o dever� passar de 2,3% neste ano.
Para o Brasil, o �rg�o projeta uma expans�o de 2%, abaixo da varia��o obtida pelo Produto Interno Bruto (PIB) em 2011, que foi de 2,7%. Segundo Alfredo Saad Filho, economista da Unctad, a economia mundial continua a sofrer os impactos da crise financeira iniciada em 2007 e agravada pelo derretimento dos mercados em setembro de 2008. “O problema imediato � a incapacidade dos pa�ses desenvolvidos para retornar ao ritmo de crescimento normal, mas h� tamb�m o problema s�rio de cont�gio”, ressaltou. A Unctad considera os pa�ses emergentes, especialmente Brasil, China e �ndia, “fontes de inspira��o”, com suas pol�ticas de est�mulo � demanda.