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Estado de Minas

Rem�dios e planos pesam no or�amento familiar

Das despesas de consumo associadas � sa�de, gastos dos brasileiros com medicamentos aumentam de 44,9% para 48,6% e com conv�nio, de 25,9% para 29,8%, entre 2003 e 2009


postado em 15/09/2012 06:00 / atualizado em 15/09/2012 09:46

Amplie e veja detalhes dos gastos por região
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O peso da assist�ncia � sa�de cresceu no or�amento dom�stico entre 2003 e 2009, indicando que apesar de o pa�s contar com sistema universal de atendimento � cada vez maior a participa��o das fam�lias no financiamento do setor. Dados da Pesquisa de Or�amentos Familiares (POF/IBGE) mostram que no per�odo as fam�lias ampliaram seus gastos com medicamentos e tamb�m com planos e seguros de sa�de. O impacto dos rem�dios nas despesas de consumo com assist�ncia � sa�de (alimenta��o, transporte, moradia) passou de 44,9% para 48,6% no per�odo, enquanto os gastos com planos e seguros de sa�de ampliaram sua participa��o de 25,9% para 29,8%.

De modo geral, as despesas do mineiro com sa�de s�o inferiores � m�dia nacional, mas superam os gastos do brasileiro em itens importantes como rem�dios, exames e consultas. Os planos e seguros de sa�de representam 23,4% do or�amento mineiro enquanto a m�dia nacional � de 29,8%. Por outro lado, os mineiros comprometem 50,3% do or�amento com rem�dios, enquanto a m�dia nacional � de 48,6%.

Em Minas tamb�m foram turbinadas as despesas com exames, que consumiram 6,8% do or�amento para a sa�de das fam�lias entre 2008 e 2009, quase o dobro da m�dia nacional de 3,9%. As consultas m�dicas em Minas superam com folga a m�dia do pa�s, de 3,85% do or�amento. No estado esses gastos chegam a 6,8%.

Analista do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) em Minas, Luciene Longo diz que o menor gasto com planos de sa�de e maior disp�ndio com consultas m�dicas e exames pode apontar para uma defici�ncia do Sistema �nicos de Sa�de (SUS), j� que, apesar de usarem mais o sistema p�blico, os mineiros est�o desembolsando com procedimentos particulares. Segundo a analista, o crescimento dos gastos com sa�de podem estar relacionados tamb�m ao processo de envelhecimento da popula��o.

Em m�dia o peso da sa�de no total das despesas de consumo (transporte, moradia, alimenta��o) cresceu entre 2003 e 2009 de 7% para 7,2%, somando um gasto mensal m�dio de R$ 153,81. Em Minas a m�dia � de R$ 150,5. A conta entre rem�dios e planos de sa�de soma um gasto mensal de R$ 120,6 no pa�s, e R$ 111 em Minas. A professora Cl�udia Castro despende mais que a m�dia nacional, sua despesa com sa�de engole 10% de seu or�amento para consumo. “Minha despesa cresceu a partir de 2008, quando contratei um plano de sa�de. A forma que tenho de aliviar o gasto � conseguindo meus rem�dios para o cora��o na farm�cia popular.”

Problema

Na avalia��o do professor da Faculdade de Medicina da Universidade de S�o Paulo (USP) e especialista em planos de sa�de, M�rio Scheffer, os resultados da pesquisa confirmam que no pa�s os gastos privados est�o suplantando o p�blico. “O que � ruim, aumenta as desigualdades e refor�a uma sobreposi��o de gastos para a popula��o, que paga duas vezes pela sa�de. Al�m de evidenciar um sistema desorganizado”, criticou.

O uso de medicamentos entre a popula��o de menor renda permaneceu alto e est�vel entre 2003 e 2009, representando 74% dos gastos com sa�de, enquanto entre as fam�lias de maior renda o percentual avan�ou 6,3%, alcan�ando 33,6%. J� os planos de sa�de refor�aram sua participa��o entre as duas faixas de renda. O peso nos gastos entre os usu�rios de maior renda cresceu de 37,7% para 42,3%, e entre aqueles de menor renda passou de 5,7% para 7% no per�odo.

Viagens para rezar
O mineiro gasta mais dinheiro com viagens religiosas e de tratamento m�dico do que os moradores de outros estados do Sudeste. Do total dos gastos com viagens em Minas, 4,3% s�o para destinos religiosos e peregrina��o, contra 3,2% da m�dia do Sudeste. Os dados s�o da Pesquisa de Or�amentos Familiares (POF) de 2008 e 2009, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE). Nesse quesito, os mineiros s� perdem para o Rio Grande do Norte (RN), onde 4,6% dos gastos com viagens s�o de cunho religioso.

“Em Minas Gerais s�o mais comuns as romarias. Talvez isso explique o gasto maior com turismo religioso”, afirma Luciene Longo, analista do IBGE. Segundo o instituto, Minas � o estado com maior propor��o de cat�licos: 70,6%. � maior do que a m�dia nacional, de 65%. “As nossas cidades hist�ricas t�m conota��o religiosa. Os grandes eventos acontecem aqui”, completa Jos� Maur�cio de Miranda Gomes, vice-presidente nacional e regional da Associa��o Brasileira das Ag�ncias de Viagens (Abav).

O gasto do mineiro com viagens para tratamentos m�dicos tamb�m est� acima da m�dia do Sudeste, segundo o IBGE. Em Minas, o desembolso foi de 7,5%, contra 4,7% do Sudeste. “Minas, por ser estado extenso, tem menos polos de aten��o � sa�de. Com isso, a popula��o tem que se deslocar mais em busca de tratamentos m�dicos”, afirma Luciene. J� nas viagens para visitar parentes e amigos, o mineiro gasta menos (19,9%) do que a m�dia do Sudeste (22,6%). “Os mineiros costumam ficar com maior frequ�ncia na casa de familiares e amigos. Em outros estados, mais metropolitanos, os turistas hospedam-se mais em hot�is”, diz Gomes.

Desembolso

O levantamento apurou que, quanto maior a renda e a escolaridade, mais altos s�o os desembolsos com deslocamentos. As despesas m�dias familiares com viagens espor�dicas foram de R$ 50,16. Para as fam�lias com rendimento de mais de R$ 3.015 mensais, a despesa m�dia foi de R$ 147,63, quase o triplo da m�dia nacional e quase 18 vezes o gasto estimado para fam�lias com renda mensal de at� R$ 910, em m�dia de R$ 8,46.

A auxiliar de escrit�rio Maria Filomena de Siqueira Soeiro Pinto � cat�lica e fez sua primeira viagem internacional no ano passado: ela passou cerca de dez dias em Jerusal�m, em peregrina��o. Ela foi com o marido, a irm� e uma sobrinha. “Caminhamos muito, mas valeu a pena. Conheci diversos lugares. No dia do meu anivers�rio, em 6 de julho, eu estava no Rio Jord�o. O padre batizou todo mundo de novo”, diz. Filomena gastou cerca de R$ 3 mil com a viagem. Neste ano ela voltou a fazer um roteiro religioso. Desta vez foi para Roma, na It�lia. A viagem foi na companhia de um frade, que cada dia celebrava a missa em uma capela. “E no pr�ximo ano quero fazer outra viagem religiosa. N�o d� para explicar a sensa��o, s� quem vai que sabe”, diz.

Gastos segundo a f�
Cren�a e religi�o interferem no or�amento familiar, talvez al�m do que se poderia imaginar. Pela primeira vez a Pesquisa de Or�amentos Familiares do IBGE mediu as despesas das fam�lias brasileiras em fun��o desse vi�s e concluiu que os adeptos da doutrina esp�rita arcam com os maiores gastos. O or�amento desse grupo somou R$ 4.821,66, em m�dia, mais do que o dobro das contas das fam�lias de evang�licos pentecostais (R$ 2.035,01, tamb�m na m�dia). A justificativa para a diferen�a pode estar nos rendimentos, em geral, maiores, assim como a escolaridade mais alta, dos brasileiros esp�ritas.

O que chama a aten��o na compara��o dos desembolsos de evang�licos e dos cat�licos, por sua vez, s�o as pens�es, mesadas e doa��es, que atingem at� 20,2% dos gastos totais dos evang�licos, frente a 9,2% dos cat�licos apost�licos romanos. Este �ltimo grupo tinha despesa m�dia total de R$ 2.602,42 em 2008/2009.

Cuidadosa na interpreta��o dos dados, a professora Mardenise Melo Franco Marques, uma das fundadoras do grupo esp�rita Francisco de Assis, de Belo Horizonte, recomenda cautela e condena a associa��o entre intelectualidade e rendimentos mais altos � doutrina esp�rita kardecista. “A doutrina � evolucionista. � preciso haver um certo n�vel socioecon�mico para que as pessoas possam buscar um conceito religioso e se dedicarem a essa pr�tica, mas n�o se trata de algo elitista. Conheci pessoas de baixa renda que se alfabetizaram na fase adulta para buscar os ensinamentos da doutrina”, afirma.

Idade ativa

Analisados por grupo de idade, os dados do IBGE indicaram que o principal avan�o das despesas foi o das fam�lias que tinham como chefe uma pessoa com 60 a 69 anos. Os gastos alcan�aram R$ 2.815,40 em 2008/2009, 7% acima da m�dia nacional. Em 2002/2003, o or�amento ficou na m�dia do pa�s. As explica��es podem estar na melhora recente dos rendimentos no Brasil e na volta de boa parte dos aposentados ao mercado de trabalho.


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