
Para fazer a avalia��o do status dos empreendimentos, os especialistas verificaram cada projeto in loco, realizaram registros fotogr�ficos e consultaram redes hoteleiras que chegaram a pensar em operar alguns desses empreendimentos, mas depois desistiram. Tamb�m foram feitas consultas a construtoras e incorporadoras envolvidas em cada um deles. De acordo com Maarten van Sluys, consultor da JR & MvS, metade dos projetos hoteleiros licenciados pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) n�o dever�o sair do papel at� a Copa do Mundo.
A situa��o s� n�o � pior porque, h� 12 anos, a necessidade de ampliar – e de modernizar – a rede de hot�is atraiu para a capital de Minas algumas redes internacionais de administra��o hoteleira, processo que se consolida agora com a entrada de novas opera��es, 90% delas com bandeiras internacionais. O movimento proporciona a substitui��o de ativos velhos, hoje sucateados, por patrim�nio novo, que oferece administra��o e sistema de reserva profissionais, numa gest�o com padr�o mundial. “A rede hoteleira que est� chegando consolida a profissionaliza��o do setor”, afirma Lucas Guerra Martins, diretor comercial e de marketing do grupo Patrimar, que em fevereiro de 2014 lan�a o Holiday Inn, hotel padr�o quatro estrelas, com 216 quartos, na regi�o da Savassi.
A marca re�ne mais de 3.200 hot�is das bandeiras Holiday Inn e Holiday Inn Express no mundo. Outros 700 est�o em desenvolvimento. “Belo Horizonte, hoje, tem car�ncia n�o s� de quartos como tamb�m de qualidade de acomoda��es. N�o h� nem oferta e nem qualidade suficiente. A entrada de novas opera��es vai consolidar o processo de moderniza��o e profissionaliza��o da rede hoteleira”, afirma o executivo.
De acordo com o estudo da pela JR & MvS Consultores, hoje, apenas 24 hot�is est�o sendo constru�dos na capital mineira, o que corresponde � oferta de 5.041 apartamentos. Dois empreendimentos, com 304 quartos, j� come�aram a operar. Com isso, a estimativa � de que at� mar�o de 2014 estejam em funcionamento na capital mineira cerca de 86 hot�is, sendo 60 antigos e 26 novos. Para Van Sluys, a situa��o � preocupante em fun��o do crescimento acelerado da demanda na capital mineira. “A m�dia de ocupa��o dos hot�is que j� est�o em opera��o hoje � de 74%, mas em dois ter�os dos dias de 2011 a ocupa��o m�dia foi de 98%, o que significa total satura��o da oferta”, diz Maarten Van Sluys.
Publica��es especializadas d�o conta de que existem cerca de 60 hot�is em Belo Horizonte – de categoria de 2 a 5 estrelas –, ofertando 8.500 quartos. O problema � que metade dos apartamentos dispon�veis seriam desqualificados para atender a demanda de empresas e eventos da capital mineira. Al�m disso, entre os hot�is que aparecem como op��o de hospedagem na capital figuram empreendimentos localizados em Betim, Contagem, Vespasiano, Caet� e at� estabelecimentos fechados, como o Floresta M�gica, em Santa Luzia.
CURTO AL�VIO
A oferta tende a se estabilizar em 2014, com a entrada dos novos hot�is, ainda que em n�mero bem abaixo do projetado para a Copa, mas promete voltar a ser insuficiente com rapidez. O movimento no Aeroporto Internacional Tancredo Neves, que, estima-se, ser� de 11,6 milh�es de passageiros em 2012, saltar� para 15,3 milh�es em 2014 e para 23,5 milh�es em 2020, cerca de 10% dos quais se hospedar�o em Belo Horizonte. “O atual projeto de hotelaria da capital mineira s� d� conta da demanda at� a Copa do Mundo”, diz Jos� Aparecido Ribeiro, consultor de desenvolvimento da JR & MvS . Segundo ele, a amplia��o do Expominas e a constru��o de um centro de conven�oes na Regi�o Leste da capital, sozinhos, ser�o suficientes para lotar os quartos de hotel da cidade, j� considerando as novas unidades. Isso sem falar na demanda das empresas que j� est�o localizadas no estado, como as grandes mineradoras, e nos empreendimentos que est�o se instalando em Belo Horizonte e regi�o
Al�m do Mundial
O Holiday Inn � o primeiro empreendimento holeteiro da Patrimar, que, mais do que na Copa do Mundo propriamente dita, viu na car�ncia de oferta de apartamentos de qualidade nos hot�is de Belo Horizonte e na possibilidade de associa��o com um grande grupo da ind�stria de hot�is, de padr�o internacional, uma boa oportunidade de investir no segmento hoteleiro. “A Copa � um mero detalhe. � importante para dar visibilidade ao destino. O que importa no mundial � a visibilidade”, observa Lucas Guerra Martins, diretor comercial e de marketing do grupo Patrimar. De acordo com ele, a construtora encontrou um terreno numa localiza��o privilegiada e percebeu uma oportunidade de neg�cios com grande potencial de atra��o de investidores.
“A grande vantagem da opera��o hoteleira � que o investidor tem um ativo com administra��o profissisonal. Num cen�rio de juros em queda, a rentabilidade fica entre 8% e 9% ao ano. � bem maior do que a rentabilidade dos fundos”, diz o executivo da Patrimar.
J�nio Valeriano Alves, diretor de desenvolvimento da Maio Paranasa, conta que o grupo vislumbrou possibilidade semelhante e investiu em seis novos hot�is em Belo Horizonte. Os dois primeiros ser�o entregues no primero trimestre de 2013 – site Afonso Pena (um Ibis, categoria econ�mica, e um Ibis Budget, categoria superecon�mica). E os outros quatro ficar�o prontos nos tr�s primeiros meses de 2014 – site Savassi (um Novotel categoria superior, e um Ibis Budget, superecon�mico) e site Belvedere (um hotel Pullman, categoria superluxo, e um Ibis, econ�mico).
Na opini�o dele, para terem sucesso, � fundamental que os novos hot�is estejam ligados a uma cadeia de porte internacional. “As pequenas cadeias ou os hot�is isolados, que n�o contam com esses canais de distribui��o, v�o passar por momentos dif�ceis para competir com os hot�is ligados �s grandes cadeias”, sustenta. Alves lembra que a Prefeitura de Belo Horizonte incentivou a constru��o de hot�is na cidade, aumentando o coeficiente de aproveitamento nos terrenos para esse tipo de empreendimento.
O problema, afirma o executivo, � que a maioria dos projetos foram feitos sem levantamentos fundamentados na voca��o para a hotelaria, sem pesquisas aprofundadas sobre demanda atual e futura, localiza��o, perfil de clientes, adequa��o ao mercado, entre outros itens. Por isso, boa parte das propostas aprovadas vai naufragar. “S� agora est� ficando claro quais empreendimentos v�o, de fato, sair do papel”, afirma.
“Um bom hotel, planejado de acordo com todos os fundamentos de mercado, � uma op��o de investimento indiscut�vel no Brasil. Investidores de ported m�dio e alto, que at� pouco tempo tinham boas possibilidades de ganho no mercado financeiro, est�o mudando seus investimentos em dire��o ao setor produtivo”, explica. Para ele, vale mais a pena investir num hotel do que num im�vel para aluguel, por exemplo. “Num hotel, o investidor n�o tem problemas com o inquilino, a administra��o � profissional e h� garantia de renova��o dos ativos e de rentabilidade”, garante.