O governo brasileiro vai continuar intervindo nos mercados de c�mbio para conter a eventual alta do real frente ao d�lar, motivada pelo novo programa de est�mulo � economia anunciado pelo Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA). A advert�ncia foi feita pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, durante encontro bilateral com Pierre Moscovici, ministro da Economia da Fran�a, nesta ter�a-feira, em Paris. A decis�o de impedir limitar a flutua��o da divisa, justifica o brasileiro, visa a reduzir o impacto da desvaloriza��o da moeda americana nos mercados emergentes, inundados por bens importados.
O encontro foi o primeiro da agenda oficial de Mantega em Paris e aconteceu no final da manh�, em Bercy, sede do Minist�rio da Economia franc�s. Na sa�da do encontro, que teve dura��o de pouco menos de uma hora, os dois ministros concederam r�pida entrevista coletiva. Moscovici enumerou os temas discutidos, mencionando a crise europeia, a atua��o conjunta nos f�runs internacionais, como o G-20, a reforma das institui��es multilaterais - a exemplo do Fundo Monet�rio Internacional (FMI) - e as rela��es bilaterais.
Ent�o, questionado pelo Grupo Estado, Moscovici reconheceu ter discutido o "tsunami" de liquidez. O ministro foi moderado em sua an�lise e n�o empregou o termo "guerra cambial" - apenas citou o termo utilizado pelo brasileiro. "N�s pensamos que � um tema real e que precisa ser tratado nas inst�ncias multilaterais como o G-20", respondeu, sem citar os Estados Unidos.
Mantega, por sua vez, n�o economizou nas cr�ticas. O ministro vem reclamando nos �ltimos dias da decis�o do Fed de injetar cerca de US$ 40 bilh�es por m�s no mercado americano sob o pretexto de comprar t�tulos hipotec�rios para reduzir as taxas de juros. De acordo com Mantega, a "terceira rodada" de medidas de "flexibiliza��o monet�ria" - ou quantitative easing 3 (QE3) - "n�o resolve muito os problemas dos Estados Unidos e provoca muitos problemas nos pa�ses emergentes". "N�s temos muitas reservas em d�lar e logo perdemos muito dinheiro quando a moeda se desvaloriza", argumentou.
Para o ministro, "os Estados Unidos precisam resolver o problema de seu mercado imobili�rio e fazer mais est�mulo fiscal, e n�o tanto monet�rio". "Eles j� fizeram muito est�mulo monet�rio", alegou. Mantega ponderou ainda que a desvaloriza��o do d�lar prejudica o mercado interno do Brasil pela chegada de bens importados, "em parte porque as moedas s�o manipuladas por outros pa�ses". Ent�o Mantega lan�ou uma advert�ncia. "N�s continuaremos a tomar medidas para manter o real desvalorizado", disse, sem, no entanto, fixar um piso para o d�lar.
Mantega insinuou ainda que as medidas adotadas pelo Fed t�m rela��es com a campanha eleitoral que op�e o atual presidente, o democrata Barack Obama, ao republicano Mitt Romney na corrida � Casa Branca. "Eu sei que eles est�o com problemas pol�ticos neste momento. Talvez ap�s as elei��es eles mudem essa estrat�gia", afirmou, referindo-se ao pleito de 6 de novembro.
Moscovici foi mais moderado tamb�m nesse ponto, mas foi o primeiro a afirmar que a "flexibiliza��o" proposta pelo Fed "talvez v� se apresentar de uma maneira diferente ap�s as elei��es americanas". Mantega faz em Paris a primeira escala de sua passagem pela Europa, que incluir� Londres em seu roteiro.