
“At� hoje (ontem), apenas os empregados da Grande BH haviam aderido � greve. Agora, parte dos funcion�rios de Governador Valadares, de Te�filo Otoni, de Divin�polis e de Par� de Minas tamb�m passou a refor�ar a paralisa��o. A tend�ncia � de o servi�o parar em outras cidades. Agora, com a greve em outros estados, � que teremos maior for�a”, disse Gilson Cunha, diretor do Sintect-MG, durante manifesta��o em frente � ag�ncia dos Correios na Avenida Afonso Pena, onde os sindicalistas colocaram faixas reivindicando melhores sal�rios.
Ele n�o soube estimar quantos carteiros cruzaram os bra�os em Minas, mas avaliou que haver� atraso na entrega de correspond�ncias e encomendas. Para evitar grandes preju�zos aos brasileiros, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) deferiu, na tarde de ontem, liminar em favor dos Correios para que os sindicatos garantam um efetivo m�nimo de 40% dos profissionais sob pena de multa di�ria de R$ 50 mil. Em Minas, h� cerca de 12 mil empregados. Em todo o pa�s, aproximadamente 120 mil.
Problemas O atraso no recebimento das contas, por�m, n�o � o �nico problema enfrentado por muitos brasileiros. Se os trabalhadores permanecerem de bra�os cruzados pelo mesmo per�odo das greves do ano passado, os brasileiros podem esperar por pelo menos tr�s semanas para normaliza��o dos servi�os. A greve dos banc�rios tamb�m � um obst�culo para que parte da popula��o mantenha os compromissos em dia. Mas greves n�o servem para justificar atrasos no pagamento das contas.

A agente de sa�de Maria Aparecida da Silva, de 52 anos, foi surpreendida pela greve dos banc�rios: “Tenho de pagar essa conta, j� vencida. S� pode ser quitada neste banco, mas n�o h� como pag�-la no caixa eletr�nico porque � preciso calcular os juros, o que seria feito pelo (operador) caixa. Se n�o for quitada hoje (ontem), a empresa disse que vai protestar minha d�vida”, revelou. Assim que terminou de relatar sua dificuldade � reportagem, foi informada, por um pedestre, que muitas ag�ncias est�o funcionando normalmente nos bairros. “Ent�o vou me apressar para encontrar alguma aberta”.
Pedido de reajuste de at� 43%
Enquanto os bancos, por meio da Federa��o Nacional dos Bancos (Fenaban), insistem na apresenta��o de proposta �nica de reajuste salarial de 6% feita no dia 28 de agosto, que contraria a reivindica��o de reajuste de 10,25% e aumento real de 5% feita pelos banc�rios, a greve da categoria ganha for�a. Segundo a Confedera��o Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), mais de 7 mil ag�ncias e postos de atendimento banc�rios de todo o pa�s deixaram de funcionar ontem, segundo dia da paralisa��o. No ano passado, no segundo dia foram registradas 6.248 unidades fechadas.
A presidente do Sindicato dos Banc�rios de Belo Horizonte e Regi�o, Eliane Brasil, informou que em Belo Horizonte e regi�o metropolitana a greve paralisou 243 unidades. Para hoje, o sindicato prev� uma concentra��o na Rua Carij�s, esquina com Rua Esp�rito Santo, �s 13h, para mobilizar mais banc�rios para a greve.
No caso dos Correios, a reivindica��o de reajuste salarial � mais elevada, chegando a 43,7%. O �ndice, segundo os trabalhadores, corresponde � soma das perdas salariais da categoria desde o Plano Real com a infla��o do per�odo, Os funcion�rios reivindicam ainda aumento linear de R$ 200 e piso salarial de R$ 2.500. A Empresa Brasileira de Correios e Tel�grafos (ECT) prop�e reajustar os sal�rios em 5,2%.
Depois de reuni�o sem acordo entre a empresa e o sindicato em audi�ncia de concilia��o realizada ontem pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), em nota a ECT informou que o tribunal levar� a julgamento o diss�dio dos Correios. Ainda de acordo com a nota, em m�dia 91% do efetivo dos Correios est� trabalhando – 10.737 empregados, do total de 120 mil, aderiram ao movimento no Brasil, sendo a maior parte carteiros. A ECT informou ainda que as ag�ncias dos Correios est�o funcionando normalmente em todo o Brasil e que nenhum servi�o foi suspenso at� o momento.
O Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Tel�grafos (Sintect-MG) contesta os n�meros da ECT e afirma que a greve � crescente, principalmente em Minas, onde ela ocorre desde o dia 11 de setembro. Segundo Gilson Cunha, diretor do Sintect-MG, para hoje � esperado que 2 mil trabalhadores sejam mobilizados e esvaziem os postos de trabalho. “Vamos trabalhar com os 1,4 mil funcion�rios do complexo operacional onde h� a separa��o dos objetos para envio e tamb�m com os 600 do pr�dio central, e esperamos que eles parem amanh� (hoje)”, informou.
Paci�ncia
Para o coordenador do Procon Assembleia, Marcelo Barbosa, o momento de greve nos bancos e Correios deve ser encarado pelos consumidores com di�logo e paci�ncia. A principal dica � negociar com as empresas para que elas enviem a segunda via de faturas vencidas ou deem outra alternativa para o pagamento das contas. “As empresas s�o obrigadas a oferecer solu��o e v�o orientar sobre como as pessoas devem pagar, se comparecendo � loja ou se por outro canal”, explica. Ele refor�a ainda que � importante que o consumidor se antecipe ao problema na solicita��o das boletos a pagar e que a greve n�o desobriga o consumidor a pagar suas contas. No caso de pedido feito via internet, ele sugere que o consumidor tenha em mente que o fornecedor tamb�m est� sendo prejudicado, mas garante que caso ele n�o receba o produto na data prometida poder� desistir da compra sem �nus. (PH e CM)