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Estado de Minas

Dilma encara confronto com Obama

A presidente brasileira ataca hoje, em assembleia na Organiza��o das Na��es Unidas, o "tsunami monet�rio" norte-americano. Os EUA acusam o Brasil de protecionista


postado em 25/09/2012 06:00 / atualizado em 25/09/2012 07:16

A presidenta Dilma Rousseff e o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, durante encontro(foto: Roberto Stuckert Filho / Presidência da República)
A presidenta Dilma Rousseff e o presidente da Comiss�o Europeia, Jos� Manuel Dur�o Barroso, durante encontro (foto: Roberto Stuckert Filho / Presid�ncia da Rep�blica)
Nova York – Dilma Rousseff e Barack Obama ter�o um r�pido encontro hoje na sede das Na��es Unidas (ONU), num momento em que Brasil e Estados Unidos andam �s turras nas rela��es comerciais. Enquanto os norte-americanos reclamam da decis�o do parceiro de aumentar, de forma sistem�tica, os impostos incidentes sobre importa��es, os brasileiros n�o se conformam com a decis�o do Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA, de injetar US$ 40 bilh�es mensalmente na maior economia do planeta at� que o desemprego, que passa dos 8%, recue. Para o governo Dilma, essa medida promove “um tsunami monet�rio” no mundo, valoriza o real e tira a competitividade dos produtos nacionais no exterior. A l�der brasileira vai deixar claro o seu descontentamento com o Fed no discurso desta manh�. J� os EUA amea�am recorrer � Organiza��o Mundial do Com�rcio (OMC) contra o que classificam como protecionismo do Brasil.

Esse embate, somado � campanha pela reelei��o de Obama, serviu para que os dois governos evitassem um encontro bilateral demorado durante a passagem de Dilma por Nova York. A expectativa dos diplomatas brasileiros, entretanto, � de que os dois presidentes troquem algumas palavras na Assembleia Geral das Na��es Unidas, que a l�der brasileira abrir� �s 9h da manh�. Logo depois, ser� a vez do presidente norte-americano. “Creio que dever� imperar a cortesia no encontro entre os dois, apesar das desaven�as na �rea econ�mica. Os dois lados t�m argumentos de sobra para defender seus pontos de vista”, disse um ministro que participa da comitiva brasileira.

Ontem, Dilma se reuniu com o presidente da Comiss�o Europeia (CE), Jos� Manoel Dur�o Barroso, por uma hora e meia, no Hotel St. Regis, onde ela est� hospedada. O tema central da conversa foi a crise que assola a Zona do Euro. “Tive a oportunidade de conversar sobre as medidas adotadas (pelo bloco econ�mico). A voc�s brasileiros, que gostam de futebol, posso dizer o seguinte: a primeira fase do jogo j� passou. Estamos na segunda fase. E, contrariamente ao que dizem os apostadores, n�o perdemos nenhum jogador e ningu�m foi expulso nem estamos perdendo o jogo”, disse Dur�o.

Dilma foi mais direta. Para ela, � importante que as medidas adotadas pela Zona do Euro — o Banco Central Europeu tamb�m est� pondo caminh�es de dinheiro na economia — n�o prejudiquem o Brasil, um pa�s que se mant�m numa situa��o econ�mica favor�vel e, se n�o for afetado, pode, inclusive, contribuir com solu��es para a crise. Ela evitou usar a express�o “tsunami monet�rio”, adotada em uma viagem � Europa no ano passado, mas o sentido � o mesmo: o governo brasileiro tem ressalvas �s medidas que afetam os pa�ses emergentes, sobretudo por meio da valoriza��o de suas moedas, que deixam suas exporta��es mais caras.

Algum consenso


As declara��es de Barroso coincidem com as de muitos analistas sobre a crise. H� quem diga que, sem as medidas adotadas na Europa e nos Estados Unidos, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil n�o chegaria nem aos t�midos 2% previstos pelo governo para este ano. Afinal, h� um consenso entre os pa�ses de que uma recess�o generalizada n�o interessa a ningu�m. A conversa entre Dilma e Barroso come�ou com o presidente da CE levantando o tema do acordo comercial Brasil-Uni�o Europeia (UE), que vem sendo negociado h� anos e sem um desfecho � vista por conta da crise na Zona do Euro. Al�m de acelerar um poss�vel acordo, eles come�aram a desenhar uma reuni�o de c�pula entre o Mercosul e a UE para janeiro de 2013.

Encerrada a conversa com Barroso, no in�cio da noite, a presidente dispensou ministros e assessores e avisou que sairia para jantar com a filha, Paula, que a acompanha na viagem. Antes, as duas foram assistir a uma �pera. Assim, a l�der brasileira n�o participou da recep��o no Waldorf Astoria, que teve Barack Obama como anfitri�o. N�o foi a primeira vez que Dilma dispensou esse convite. No ano passado, ela tamb�m n�o compareceu a esse encontro que ocorre sempre �s v�speras da abertura da Assembleia Geral das Na��es Unidas. Pelo menos neste caso, a aus�ncia da l�der brasileira nada teve a ver com o fato de Brasil e Estados Unidos estarem estremecidos comercialmente.

Na avalia��o de Welber Barral, ex-secret�rio de Com�rcio Exterior e atual s�cio da Barral MJorge Consultores, n�o h� muito com o que se preocupar com a guerra comercial entre Brasil e EUA. “A troca de farpas tem um lado eleitoreiro dos Estados Unidos.” Para ele, a lista de 100 produtos que tiveram aumento do Imposto de Importa��o no pa�s � pequena se comparada com a gama de produtos comprados dos norte-americanos. “Al�m disso, o Brasil elevou as tarifas at� 25% e n�o ao m�ximo permitido, que � 35%”, destacou. Para ele, por ser um tema pol�mico, Obama aproveitar� para ganhar mais alguns votos questionando o protecionismo brasileiro.

Morde e assopra


Bras�lia – O Minist�rio do Desenvolvimento informou que divulgar�, na sexta-feira, a nova lista de 100 produtos que ter�o aumento do Imposto de Importa��o, conforme acordado entre os pa�ses membros do Mercosul. Esses itens ser�o somados � outra centena que gerou cr�ticas dos Estados Unidos. Por�m, para reduzir o mal-estar com o governo norte-americano, �s v�speras da participa��o de Dilma Rousseff e Barack Obama em assembleia na Organiza��o das Na��es Unidas (ONU), o Pal�cio do Planalto autorizou ontem a redu��o de tributos sobre 350 produtos que v�m de fora. O Imposto de Importa��o caiu para 2%. Os setores contemplados s�o ferrovi�rio, petr�leo e de bens de capital. Entre os pa�ses beneficiados est�o Alemanha, EUA, It�lia, Fran�a e China.

Apesar desse agrado, as queixas dos norte-americanos devem continuar, ainda que, na opini�o do presidente da Associa��o de Com�rcio Exterior (AEB), a lista de importa��es punidas com tributos maiores � irrelevante em rela��o a todos os produtos comprados pelo Brasil. “Eu imaginava uma lista que pegasse produtos com peso na pauta de importa��o brasileira, mas n�o foi isso que aconteceu”, afirmou. Ele lembrou que a batata, um dos itens que geraram estranheza, apenas estimula compras da Argentina e n�o a local. Pelos c�lculos da AEB, a lista da disc�rdia representa no m�ximo 4% do total das compras brasileiras, o que torna a medida in�cua. “O custo da lista de produtos � muito pequeno. Mas transmite para o mundo uma imagem de protecionismo do Brasil”, afirmou.

Cart�o amarelo para a Argentina


Washington – A diretora-gerente do Fundo Monet�rio Internacional (FMI), Christine Lagarde, disse ontem que a Argentina tem tr�s meses para p�r em ordem as estat�sticas oficiais e evitar um “cart�o vermelho”, ou seja, uma censura p�blica ou at� mesmo uma ordem de expuls�o do organismo. O motivo da advert�ncia � a falta de credibilidade dos dados a respeito da infla��o e do Produto Interno Bruto (PIB) divulgados pelo Instituto Nacional de Estat�sticas e Censos (Indec), cada vez mais contestados por entidades independentes, que acusam a Casa Rosada de manipular as informa��es.

Na semana passada, em comunicado, o Fundo havia expressado “preocupa��o” pela falta de progresso na melhoria das estat�sticas e estabeleceu prazo at� 17 de dezembro para que a quest�o seja equacionada. Ontem, Lagarde foi mais incisiva. "Agora, eles levaram o cart�o amarelo e t�m tr�s meses para evitar o vermelho", disse a dirigente.

Se n�o conseguir reformular o sistema oficial de dados, a Argentina corre o risco de ser o primeiro pa�s a ser expulso do FMI nos mais de 50 anos de hist�ria do organismo. O problema n�o � recente, e vem se agravando. O Indec garantiu que a infla��o de 2011, por exemplo, ficou em 10,5%, enquanto os organismos oficiais das prov�ncias apontaram uma alta superior a 20% e economistas independentes chegaram a calcular uma varia��o de 27%.

Neste ano, a discrep�ncia persiste. Para o Indec, a infla��o acumulada nos �ltimos 12 meses n�o passa de 9,9%, contra m�dia de 23% das principais consultorias econ�micas. Em vez de melhorar o sistema oficial, a presidente Cristina Kirchner preferiu tapar o sol com a peneira e chegou a proibir as consultorias privadas de divulgar suas proje��es, o que apenas fez aumentar a certeza de que os indicadores oficiais s�o distorcidos para mascarar a realidade.

BARREIRAS O FMI tamb�m se queixa da falta de independ�ncia do banco central para conduzir a pol�tica monet�ria e de barreiras para obter informa��es. A Argentina � o �nico pa�s do G-20 que n�o permite que o Fundo fa�a revis�es anuais da situa��o da economia nacional.

Segundo Lagarde, a alus�o dos cart�es amarelo e vermelho, normalmente usados pelos ju�zes de futebol, se refere � grada��o das puni��es a que o pa�s est� sujeito: em um primeiro momento, proibi��o de acesso a empr�stimos, depois ao direito de voto e, eventualmente, ap�s v�rios prazos, expuls�o. At� hoje, no entanto, nenhum pa�s foi exclu�do do Fundo, que conta com 188 membros. 


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