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Estado de Minas

Desigualdade � a menor desde 1960 no Brasil

Apesar de diminuir a pobreza em 57,4% em 10 anos, pa�s est� entre as 12 na��es com maior discrep�ncia de renda


postado em 26/09/2012 06:00 / atualizado em 26/09/2012 07:48

Paulo Oliveira com a mulher, Jaqueline, e a filha, Maisa: da Bahia para o emprego e o conforto em BH(foto: ALEXANDRE GUZANSHE/EM/D.A PRESS)
Paulo Oliveira com a mulher, Jaqueline, e a filha, Maisa: da Bahia para o emprego e o conforto em BH (foto: ALEXANDRE GUZANSHE/EM/D.A PRESS)
Vinte e cinco anos em 10. Foi o que o Brasil fez na primeira d�cada dos anos 2000 ao reduzir em 57,4% a pobreza no pa�s. Segundo as metas do mil�nio estabelecidas pela Organiza��o das Na��es Unidas (ONU), o pa�s teria um quarto de s�culo para cortar pela metade as desigualdades sociais, mas o fez em um dec�nio, entre 2001 e 2011. Apesar de permanecer entre as 12 mais altas do mundo, a discrep�ncia social no pa�s nunca estiveram t�o baixas. Est� no menor n�vel desde o in�cio dos registros nacionais, em 1960.

Em 2001, a pobreza representava 24,5% da popula��o, passando para 10,4% em 2011. Para se ter ideia, somente entre 2003 e 2011, 23,4 milh�es de brasileiros sa�ram da pobreza, sendo 3,7 milh�es apenas no intervalo entre 2009 e 2011. Os dados fazem parte da pesquisa A d�cada inclusiva (2001-2011): desigualdade, pobreza e pol�ticas de renda, divulgada ontem pelo Instituto de Pesquisa Econ�mica Aplicada (Ipea) com base na �ltima Pesquisa Nacional por Amostra de Domic�lios (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE).

“A queda da desigualdade aconteceu durante dez anos consecutivos, sem interrup��o, o que � algo in�dito”, comemora o presidente do Ipea, Marcelo Neri. “De junho de 2011 a junho de 2012, a desigualdade est� caindo tanto quanto estava caindo antes, ou seja, n�o est� desacelerando. Nos �ltimos 12 meses terminados em junho de 2012 a desigualdade caiu 3,2%, que � uma m�dia muito forte”, acrescentou o especialista.

Mais da metade, ou 52%, da queda da pobreza no pa�s deve ser atribu�da � redu��o das dist�ncias entre o que os mais pobres e os mais ricos ganham. Enquanto a renda dos 10% mais ricos subiu 16,6% entre 2001 e 2011, a dos 10% mais pobres saltou incr�veis 91,2% no mesmo per�odo, eleva��o cinco vezes superior. Na m�dia, a renda cresceu 63,61%, quase duas vezes mais r�pido que os 32,2% registrados na d�ca da de 1990.

O mercado de trabalho lidera a lista entre os principais respons�veis pelo resultado. Pelo menos 58% da redu��o da desigualdade registrada tem como origem a gera��o de vagas de trabalho. Previd�ncia (19%), Bolsa-Fam�lia (13%), Benef�cio de Presta��o Continuada (BPC), 4%, e outras rendas (6%) como alugu�is e juros tamb�m contribu�ram.

Setores

O manobrista Paulo J�nior Silva de Oliveira, de 32 anos, � um retrato da melhoria de vida que milh�es de brasileiros v�m experimentando ao longo dos �ltimos anos. Em 2000, saiu da fazenda do pai na Bahia para vir para Belo Horizonte. “L� a gente trabalhava para viver, n�o tinha ganho nenhum. A gente vendia o almo�o para comer na janta”, lembra. Hoje ele est� empregado, ganha um sal�rio m�nimo complementado com outros “bicos”, e paga o carro que comprou em 2010.

“As portas do emprego abriram demais nos �ltimos anos. Por isso, corro atr�s para aumentar a renda. A vida s� � dura para quem � mole”, brinca Juninho, como � conhecido entre os amigos. Com casa e fam�lia, ele se deu ao luxo de abrir m�o da renda da mulher. “Ela abandonou o emprego para cuidar da nossa filha de pouco mais de um ano. De vez em quando ela faz uns bicos como faxineira”, afirma . Al�m dos servi�os dom�sticos, com eleva��o de 62,4% na renda, empregados agr�colas (86%) e n�o remunerados (60,3%) est�o entre os setores com maior dinamismo na expans�o da renda per capita, superando todas as demais atividades.

Bolsa acelera mudan�a

Sem as pol�ticas redistributivas patrocinadas pelo governo, como o Bolsa Fam�lia, a desigualdade teria ca�do 36% menos na �ltima d�cada. Exclu�da a transfer�ncia de recursos realizada pelo programa de assist�ncia social do governo, caberia � renda m�dia um crescimento de quase 89% entre 2001 e 2011 para que a pobreza tivesse a mesma queda registrada no estudo A d�cada inclusiva, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econ�mica Aplicada (Ipea).

A realidade � que a renda m�dia s� subiu 32%. Para que chegasse a casa dos 90%, seria necess�rio que o PIB brasileiro crescesse duas vezes mais do que o que foi registrado no per�odo. O presidente do Ipea, Marcelo Neri ponderou que, dentre todos os vetores para a diminui��o da desigualdade, o Bolsa Fam�lia � o mais eficaz, do ponto de vista fiscal. "Se todos os recursos pudessem ser canalizados � mesma taxa para o Bolsa Fam�lia, em vez da Previd�ncia, a desigualdade teria ca�do mais 362,7%”, calculou.

O levantamento revela ainda que, entre 2001 e 2005, o coeficiente de Gini (veja quadro) da renda per capita caiu 4,5%. Deste percentual de retra��o metade foi motivado pelas mudan�as na distribui��o da renda n�o provenientes do trabalho, entre os mais eficientes deles, est� o Bolsa Fam�lia, que contribuiu com 12%. O estudo revela que o “tamanho do bolo brasileiro ainda est� crescendo mais r�pido e com mais fermento entre os mais pobres.” Entre 2005 e 2011 o n�mero de fam�lias benefici�rias do programa cresceu mais de 70%.

Apesar da for�a do Bolsa Fam�lia parecer preocupante no processo de redu��o da pobreza, Neri reafirmou que a renda do trabalho responde por 58% da queda total registrada, em especial o emprego formal, que dobrou desde 2004. “O trunfo � o trabalho, que permite sustentabilidade para a queda da desigualdade. Tem colch�o e o mercado est� aquecido”, garante. (PT)


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