Diferentemente do que planejaram, as companhias a�reas brasileiras n�o t�m conseguido repassar para o pre�o das passagens a explos�o de custos que o setor atravessa. Com um primeiro semestre ainda com excesso de oferta de assentos, as empresas n�o puderam elevar muito o valor dos bilhetes, sob risco de ver a ocupa��o dos voos cair. Prova de que as passagens a�reas ainda n�o est�o pesando mais no bolso do brasileiro este ano � que o item acumula queda de 5,3%, at� setembro, no �ndice Nacional de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA). A infla��o oficial, aferida pelo indicador, tem alta de 3,77% no ano.
Os n�meros, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), referem-se basicamente a passagens compradas para turismo e lazer. Em trechos em que o movimento de passageiros que voam a neg�cios � mais intenso, como na ponte a�rea Rio-S�o Paulo, o consumidor se depara com bilhetes caros. A percep��o do setor � de que, se os pre�os subirem amplamente, a nova classe m�dia, que puxou o boom da demanda nos �ltimos anos, voltar� a andar de �nibus. A combina��o indigesta para as companhias - bilhetes muito baratos e d�lar, combust�vel e taxas aeroportu�rias em alta - resultou em preju�zos bilion�rios em 2011, cen�rio que persiste.
“Estamos num momento em que o passageiro incorporado com a �ltima redu��o de pre�o est� chegando no limite de sua capacidade. Se o pre�o subir, muita gente sai do avi�o e volta para o �nibus”, diz o presidente da Associa��o Brasileira das Empresas A�reas (Abear), Eduardo Sanovicz. C�lculo da entidade aponta que, para cada 1% de aumento de pre�o, a demanda por transporte a�reo cai 1,4%.
L�der no segmento dom�stico, a TAM admite que n�o foi poss�vel fazer o repasse como pretendia no primeiro semestre, mas v� espa�o para as passagens subirem na segunda metade de 2012. A principal base para isso seria uma maior disciplina na oferta vista desde meados do ano. A TAM planeja reduzir a oferta em 2% agora, e em cerca de 7% em 2013. Na Gol, vice-l�der no mercado dom�stico, a meta de redu��o � de entre 2% e 4,5%. A empresa n�o divulgou proje��o para o ano que vem.
Al�m disso, o segundo semestre � historicamente mais aquecido do que o primeiro, com a presen�a de feriados importantes. “Agora, sim, conseguiremos ver essa retomada no crescimento do pre�o das passagens. A partir de julho, j� come�amos a ver isso acontecer mais fortemente”, afirma a vice-presidente da unidade de Neg�cios Dom�sticos da TAM, Cl�udia Sender.
A executiva diz que as passagens mais baratas n�o v�o desaparecer do mercado, mas ressalta que o consumidor ter� de planejar sua viagem com tempo para conseguir pre�os baixos. “Ainda existem dispon�veis no mercado tarifas de lazer, mas vai ser cada vez mais importante o passageiro se programar com anteced�ncia para comprar”, explica Cl�udia.
Sobre as atribula��es do setor, a Gol diz que a combina��o de demanda e pre�o no primeiro semestre ainda n�o foi o suficiente para fazer um resultado positivo. A Azul tamb�m reconhece que o ano est� sendo complicado, mas aposta no ganho de escala que a fus�o com a Trip lhe dar� para atravessar o per�odo de turbul�ncias. Juntas, as duas empresas se consolidam como a terceira colocada nas rotas dom�sticas, com participa��o de 15% no mercado.
A companhia diz que o �ltimo trimestre, especialmente, foi complicado para o setor no que diz respeito � recupera��o dos yields (valor pago por passageiro por quil�metro transportado), e s� v� um cen�rio menos nublado nestes �ltimos tr�s meses do ano. “Vemos um quadro melhor agora para o quarto trimestre”, diz o diretor de Comunica��o da Azul, Gianfranco Beting.
Mesmo que o aumento das passagens de fato venha, n�o deve ocorrer na propor��o que gostariam as companhias a�reas. Na avalia��o da Abear, a sa�da para que as a�reas voltem a dar lucro est� na redu��o de custos. Para isso, a entidade tem mantido conversas constantes com o governo. Entre os interlocutores est�o pelo menos quatro ministros e a Ag�ncia Nacional de Avia��o Civil (Anac).
O governo tem demonstrado preocupa��o com a sa�de financeira das a�reas e, no m�s passado, as incluiu na lista de setores que tiveram desonera��o da folha de pagamento. Com isso, as cinco maiores empresas do setor no Brasil (TAM, Gol, Azul, Trip e Avianca) devem ter uma economia de R$ 300 milh�es.
De acordo com Sanovicz, o pr�ximo alvo � o combust�vel de avia��o, que acumula alta de 18,9% este ano at� 1.º de outubro. Al�m de o querosene custar mais que em outros pa�ses, as a�reas reclamam da alta carga de ICMS sobre o insumo. As conversas devem come�ar nas pr�ximas semanas. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.