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Estado de Minas

Escassez do bambu para produ��o de cestas preocupa artes�os no Sul de Minas

Artes�os t�m que percorrer dist�ncias cada vez maiores para encontrar a mat�ria-prima para a produ��o que s�o refer�ncia no mercado nacional


postado em 15/10/2012 07:26 / atualizado em 15/10/2012 07:30

Dalila Kellen de Lima fabrica cerca de 20 peças por dia. Seus 15 irmãos também se dedicam à atividade (foto: Marco Aurélio Santos/Divulgação)
Dalila Kellen de Lima fabrica cerca de 20 pe�as por dia. Seus 15 irm�os tamb�m se dedicam � atividade (foto: Marco Aur�lio Santos/Divulga��o)
Welington, Dalila, Wilkison s�o tr�s irm�os de um total de 16. Filhos de Din� e Ismail Lima, eles n�o fogem � tradi��o da casa. H� quem diga que o talento est� escrito na gen�tica. Como seus outros 13 irm�os, eles tecem na fibra do bambu o artesanato que leva fama ao munic�pio de Baependi, no Sul de Minas, e ao distrito de S�o Pedro, onde centenas de artes�os e pequenos produtores rurais se dedicam � trama de tecer cestos de tamanhos e formas variadas. Em todo o munic�pio s�o 6 mil artes�os que t�m na atividade a principal fonte de renda da fam�lia. O desafio agora � ampliar a produ��o da mat�ria-prima que molda a arte e neg�cios em Baependi.

Em pequenas propriedades rurais � fabricado o artesanato que abastece grandes mercados. Os produtos s�o vendidos para fornecedores de Minas, S�o Paulo, Rio de Janeiro, Goi�s e at� para o Amazonas e o Par�. N�o se sabe ao certo quando a regi�o se tornou refer�ncia no artesanato de bambu, mas � de conhecimento popular que a habilidade de produzir cestos, vasos fruteiras, pequenos m�veis e caixas, que passa como um presente de gera��o em gera��o, come�ou a ser propagada h� pelo menos cinco d�cadas. O agr�nomo e extensionista da Empresa de Assist�ncia e Extens�o Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) Marco Aur�lio dos Santos diz que, depois da pecu�ria de leite e do cultivo do caf�, o artesanato ocupa lugar de destaque na economia local.

A renda m�dia � de um sal�rio m�nimo por artes�o, mas h� quem consiga aumentar o valor para R$ 1 mil, sendo que 80% da produ��o tem como base a fibra do bambu. Uma menor parcela se dedica a tecer pe�as com a palha do milho. “O polo de Baependi teve in�cio h� mais de 50 anos e se tornou de grande import�ncia para a economia local”, diz o agr�nomo Marco Aur�lio, afirmando que o cultivo do bambu, mat�ria-prima da produ��o, ainda � pequeno, de fundo de quintal. Por causa dessa limita��o, hoje os artes�os precisam sair da cidade em busca da gram�nea male�vel da qual � retirada a fibra.

Na fam�lia de Din� e Ismail Lima a arte est� na veia. Do pequeno Ismail J�nior, de 11 anos, ao mais velho, Wadrer Kennedy, de 34, todos dominam a arte de moldar cestos com a ajuda do canivete. Welington Chesman conta que produz cerca de 30 cestos por dia. Dalila, de 20, fabrica, em m�dia, 20 pe�as. “Minha especialidade s�o os cestos de 25 cent�metros de di�metro e 5cm de altura. Vendo cada um por R$ 0,90”, diz. O desejo dos artes�os � de que os produtos alcan�assem maior valor no mercado.

Wilkison Lima pondera que est� em andamento na cidade uma tentativa para formar uma associa��o de produtores. “O Sebrae j� fez aqui uma palestra e a organiza��o dos produtores � realmente muito importante para tentar fazer com que os cestos ganhem mais valor no mercado.” Atualmente os artes�os recebem de R$ 0,60 a R$ 2,40 pela unidade. Um item vendido por R$ 0,60 chega para o consumidor por valores pr�ximos a R$ 3.

APREENS�O
Os irm�os Nemuel Oscar, Benjamin Junior, Leiliv�nia e Midi� tamb�m se dedicam � atividade, comum entre os 17 filhos de Maria Juscelino e Benjamim Miguel Oscar Filho, um dos anfitri�es do artesanato no distrito de S�o Pedro. Segundo Nemuel, de 33 anos, que aos 7 j� ensaiava na �rea de costura e arremates dos cestos e aos 10 j� era capaz de produzir pe�as de menor complexidade, a mat�ria-prima est� se tornando uma preocupa��o. Nemuel produz de 30 a 40 pe�as de 30 cent�metros de di�metro por dia. Segundo ele, no passado o bambu era encontrado na vizinhan�a com certa facilidade, agora a oferta mudou. “Buscamos bambu em toda a vizinhan�a, em Lambari, Concei��o do Rio Verde, S�o Louren�o.”

De olho no futuro da produ��o, Nemuel conta que algumas esp�cies do bambu podem ser colhidas ap�s tr�s anos do plantio, sendo que o ciclo de produ��o pode levar mais de sete anos. Segundo o artes�o, que tamb�m � um pequeno agricultor, ele come�ou uma planta��o da esp�cie e prepara-se para fazer a primeira colheita, o que vai lhe garantir a oferta da mat�ria-prima para os cestos. “Antes escolh�amos s� os melhores bambus. Agora, com a escassez , todo o produto encontrado � aproveitado.”

Pioneirismo incerto
� dif�cil saber quem levou para Baependi a ci�ncia de transformar a fibra do bambu em artesanato. Dizem os moradores mais antigos que um rapaz, de nome Manuel Alves, come�ou silenciosamente a fabricar pequenos cestos em sua propriedade rural. Aos poucos os cestos se tornaram conhecidos, ati�ando a curiosidade da vizinhan�a, que rapidamente aprendeu a t�cnica e difundiu o artesanato entre as numerosas fam�lias da regi�o. Desde ent�o, a pequena cidade mineira se transformou em refer�ncia nacional na produ��o de artesanato de bambu.


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