
A varia��o das tarifas de �nibus deve ser de 5,66% na compara��o com o pre�o da passagem adotado para esse ano, segundo estimativa feita com base na planilha de custos adotada pelo transporte p�blico da capital mineira. Com isso, o valor da tarifa acumular� alta de 700% desde 1994, primeiro ano de vig�ncia do Plano Real. J� o �ndice Nacional de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a infla��o oficial do pa�s, sofreu varia��o de 331,33% no mesmo per�odo, ou seja, ritmo mais de duas vezes inferior. Em 1994, a tarifa custava quase tr�s vezes menos que R$ 1 (veja quadro). Nos dias de hoje, a nota de R$ 1 nem circula mais devido � perda de valor.
Desde 2010, a varia��o das tarifas � estipulada segundo a infla��o de cinco produtos: �leo diesel, rodagem, pre�os de �nibus, m�o de obra e despesas administrativas. Com pesos diferentes, � criado um indicador e, a partir da �ltima semana de dezembro, a BHTrans anuncia o valor da tarifa que ser� v�lida para o ano seguinte. Como o c�lculo � feito de acordo com uma planilha de custos, � poss�vel saber qual a mudan�a. A soma dos itens aponta infla��o de 5,09%. Com isso, a tarifa subiria para R$ 2,79, mas, como a BHTrans sempre imp�e valores arredondados, R$ 0,01 deve ser incorporado, passando a valer R$ 2,80. A defini��o, no entanto, depende de uma “canetada” do presidente da empresa gerenciadora do tr�nsito da capital, que n�o se manifesta sobre o processo. O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros tamb�m mant�m o sil�ncio.
O peso maior para o reajuste das tarifas de �nibus � relacionado ao aumento do custo de m�o de obra e despesas administrativas, que, juntos, s�o respons�veis por metade do custo da passagem. No acumulado de 12 meses, tiveram aumento de 5,57%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE). O aumento de R$ 0,15 pode parecer baixo, mas, se colocado na ponta do l�pis, reflete parte significativa do sal�rio dos trabalhadores. Na infla��o oficial, �nibus urbano e mensalidade escolar t�m peso de 2,9% e 3,17%, respectivamente. E, como as varia��es se d�o sempre no primeiro m�s em Belo Horizonte, o indicador tamb�m dispara.
Planejamento
A diarista Telma Lima Santos usa quatro vezes por dia os coletivos para se deslocar de casa para o trabalho, gastando R$ 10,60. O valor multiplicado por 24 dias de trabalho supera a marca de R$ 250. Como ela ganha R$ 1,2 mil, mais de 20% � gasto somente com transporte. “Qualquer centavo faz muita diferen�a”, afirma. No caso da empregada dom�stica Nilce Maria Batista, o aumento � mais um empecilho para ela se divertir com filhos aos fins de semana. “� um absurdo. Quase n�o saio porque a passagem � cara para o meu bolso”, justifica.
O segredo para evitar transtornos com esses aumentos, segundo o economista e coordenador de pesquisas da Funda��o Ipead/UFMG, Wanderley Ramalho, est� no planejamento financeiro. E a hora de inici�-lo � agora. Os gastos com o fim do ano pesam (e muito) nas contas do primeiro trimestre. “J� sabendo que no in�cio do ano aparece v�rias contas, as fam�lias t�m que pensar os gastos. N�o � preciso ser radical e n�o ter uma festa de Natal, mas ter cuidado para n�o ter surpresas desagrad�veis”, afirma.
G�s de cozinha ‘pesa’ na despesa
Um dos itens de maior peso no or�amento do brasileiro – a despesa com habita��o – tem sido engrossado pela alta dos pre�os do G�s Liquefeito de Petrol�o (GLP), o g�s de cozinha. S� em outubro, o item registrou aumento de 1,08%, quase o dobro da infla��o do per�odo. Os repasses para os consumidores, felizmente, ainda s�o t�midos. Apesar de a m�dia nacional de aumento na revenda, segundo a Associa��o Brasileira dos Revendedores de GLP (Asmirg-BR), ter sido de 12% em todo o pa�s, muitos locais mantiveram os pre�os aos clientes inalterados ou e em outros o repasse foi menor.
No in�cio de setembro, as engarrafadoras de g�s em Minas reajustaram o pre�o do g�s em cerca de R$ 2 – a diferen�a foi repassada aos consumidores pelas distribuidoras. A alta ocorreu, segundo o presidente da Asmirg-BR, Alexandre Borjali, em raz�o da proximidade das negocia��es salariais com os funcion�rios das companhias de distribui��o e engarrafamento, que reivindicam aumento de 9% nos contracheques. As empresas, por sua vez, oferecem 5,86%.
Desabastecimento
Funcion�rios das engarrafadoras de GLP podem cruzar os bra�os hoje ou nos pr�ximos dias para pressionar o setor a atender as reivindica��es salariais da categoria, que re�ne cerca de 1 mil profissionais. Se isso ocorrer, de acordo com Borjali, h� o risco de desabastecimento na Grande Belo Horizonte, como ocorreu no fim de semana, quando a categoria fez paralisa��o.
R$ 920 para ensino m�dio em 2013
Com o reajuste das escolas particulares acima da infla��o em 2013, a m�dia de pre�os para o ensino m�dio em Belo Horizonte ser� de aproximadamente R$ 920 no ano que vem. O Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep-MG) estimou que no estado a corre��o das mensalidades dever� variar entre 8% e 11% na grande maioria das escolas. Na Regi�o Centro-Sul, o valor do �ltimo ano do ensino m�dio vai ultrapassar R$ 1 mil por m�s em 2013. Levantamento do site Mercado Mineiro indica que em 2012 a grande maioria das escolas da regi�o j� cobravam para o terceiro ano mensalidades entre R$ 870 e R$ 1,2 mil.
O coordenador do Procon Assembleia, Marcelo Barbosa, explicou que caso a planilha de custos n�o seja apresentada com as justificativas do reajuste, os pais podem pedir � institui��o que pratique valores correspondentes � infla��o medida pelo IBGE. A Federa��o das Associa��es de Pais e Alunos de Minas Gerais (Faspa-MG) disse que falta di�logo nas escolas particulares. “As associa��es de pais n�o est�o presentes nas escolas e o reajuste de pre�os n�o � discutido. No interior, como a concorr�ncia � menor, a situa��o das fam�lias � ainda pior”, criticou Neusa Machado, conselheira da Faspa-MG.
INFANTIL Na outra ponta, pesquisa do Mercado Mineiro aponta que a educa��o infantil em BH pode custar perto de R$ 1 mil, custo pr�ximo ao do ensino m�dio. A fot�grafa M�rcia Castro estudou em escola p�blica, mas o filho Arthur, de 7 anos, frequenta a educa��o privada. “O reajuste pesa no or�amento, mas a escola tem qualidade”.