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Estado de Minas

Restaurantes tradicionais de BH sucumbem �s limita��es e altos custos

Lei Seca e falta de t�xis tamb�m s�o problemas.


postado em 28/10/2012 06:00 / atualizado em 28/10/2012 08:05

Tradicional restaurante Tip Top, está à venda(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
Tradicional restaurante Tip Top, est� � venda (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)

A for�a de uma hist�ria de 83 anos, que se confunde com a de Belo Horizonte, n�o impediu que o restaurante Tip Top – mais antigo e tradicional da capital – fosse colocado � venda. A eleva��o dos custos da folha de pagamento, aluguel e legisla��o municipal fizeram a empres�ria Teresa Recoder Gon�alves, h� 28 anos no comando da casa, tomar a dif�cil decis�o de abrir m�o do neg�cio, que j� n�o traz a mesma rentabilidade de dois anos atr�s. “O nosso aluguel passou de R$ 8 mil para R$ 12 mil. Os custos fixos aumentaram muito e n�o vale mais a pena continuar”, lamenta.

A realidade de um dos maiores s�mbolos da boemia mineira reflete o momento dif�cil vivido pelo setor. O empres�rio Marco Antonio Malzone, dono da Rede Saia Mais – controladora de 10 casas de renome na capital, como Vin�cius, Fabbrica Spaghetteria, La Milonga e T�vola –, tamb�m sucumbe �s dificuldades e mudan�as que v�m sendo impostas ao ramo h� pelo menos um ano. Nos �ltimos 40 dias, fechou as unidades do La Milonga e da Fabbrica, no Boulevard Shopping. Tamb�m j� tinham sido encerradas as atividades do T�vola e do The Art From Mars. O motivo da decis�o: “Os alugu�is acima de R$ 20 mil foram os primeiros na linha de corte”, justifica Malzone.

A preocupante crise vivida por bares e restaurantes da capital a menos de dois anos da Copa do Mundo brasileira tem motivos diversos. Entre eles, a dura legisla��o municipal aplicada ao segmento. “A quest�o da Lei Seca � s�ria. As pessoas v�m ao bar e n�o podem beber. As que optam por n�o dirigir n�o encontram t�xi para voltar para casa”, explica Teresa Recoder.

A Lei do Sil�ncio e regulamenta��o de mesas e toldos nas cal�adas engrossaram as limita��es que atingem os estabelecimentos e criaram uma verdadeira queda de bra�o com o poder p�blico, que termina, em boa parte das vezes, com uma multa salgada para o empres�rio. “At� o tamanho da placa com o nome do restaurante foi regulamentado. Pode ter, no m�ximo, 50 cent�metros”, lembra Teresa.

A folha de pessoal tamb�m pesa. “Hoje representa 35% do faturamento da casa”, conta a gerente Zenilda Pereira Paiva, que trabalha h� 16 anos no Tip Top. O faturamento, por�m, nem de longe acompanha as despesas. “N�o podemos repassar para o cliente porque ele acaba migrando para outro lugar”, explica Zenilda, que n�o esconde o carinho que tem pelo restaurante que ela passou a encarar como uma verdadeira fam�lia.

Anunciado por R$ 500 mil, o Tip Top est� vendendo muito mais do que o mobili�rio, equipamentos e o ponto, um dos mais disputados da cidade, no cora��o do Bairro de Lourdes, na Regi�o Centro-Sul. Vende tamb�m uma hist�ria que est� entranhada na da capital e que Teresa Recoder n�o quer ver se apagar com a transfer�ncia da administra��o. “Queremos algu�m que d� continuidade ao neg�cio, �s receitas da dona Paula (leia Mem�ria), nossa salada de batata. Enfim, que mantenha a tradi��o. N�o queremos ver tudo ir embora”, diz com ar de saudosismo.

Por isso, os �ltimos interessados na compra foram descartados. “Vamos escolher algu�m que tenha o perfil do Tip Top”, garante Teresa. Enquanto tenta manter viva a hist�ria octogen�ria, a casa continua a oferecer o mesmo servi�o e atendimento que a fizeram ser reconhecida pelos clientes que h� anos sentam nas mesmas mesas e tratam os gar�ons como amigos.

Luz amarela

A derrocada de restaurantes tradicionais na capital serve como um grande alerta para os empres�rios do ramo. “� normal vermos estabelecimentos novos fecharem todos os dias. Em geral, as pessoas t�m um sonho de abrir um restaurante e n�o h� grandes barreiras de entrada”, explica Nando J�nior, presidente da Associa��o Brasileira de Bares e Restaurantes de Minas Gerais (Abrasel-MG). “Mas o que assusta � ver os tradicionais enfrentando problemas tamb�m”, afirma.

Pelo menos outros cinco empreendimentos reconhecidos est�o na mesma situa��o. Procurados, os propriet�rios preferiram n�o se manifestar com receio de que o que est� ruim fique ainda pior.

A tend�ncia � de transforma��o do mercado, que fatalmente culminar� com o fechamento de empreendimentos de m�dio porte. “Eles t�m os custo dos grandes, mas competem com os pequenos que est�o na informalidade. Com isso, n�o conseguem sobreviver”, avalia Nando. A concorr�ncia com os informais se soma �s a��es trabalhistas que punem os empres�rios. “A quest�o dos 10% no pa�s n�o � regulamentada e com isso abre brecha para processos”, pontua o diretor-executivo da Abrasel-MG, Lucas P�go.

Nem tudo bem, nem tudo certo


Em 1929, a tcheca Paula Huven e seu marido, o romeno Adolfo Huven (foto), abriram as portas do Tip Top na Rua Esp�rito Santo, quase esquina com a Avenida Afonso Pena. O nome foi inspirado numa g�ria muito usada na Europa dos anos 1920 e 1930, que significava: “tudo bem, tudo certo”. Naquela �poca, vendia artigos importados, queijos su��os – que chegavam em grandes rodas de 120 quilos – salada de batatas e salsich�es. Depois de 42 anos no mesmo endere�o, o Tip Top foi transferido para a Rua Rio de Janeiro, onde permanece at� hoje. Com a morte dos fundadores, a casa foi transferida, em 1984, para a Rede Alpino de Alimenta��o, empresa do extinto Grupo Irgominas. � frente, est� a empres�ria Teresa Rocoder Gon�alves, que fez quest�o de manter as tradi��es e pratos que garantiram at� hoje a notoriedade do restaurante.


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