Hobbies atuam como fontes de energia

S�o 23h de uma segunda-feira. Gr�vida de seis meses do segundo filho, a presidente da Escola Superior de Justi�a e diretora-presidente do Instituto de Educa��o Superior Latino-americana, Sara Bernardes, senta-se ao piano e toca, durante 40 minutos, m�sicas sacras e can��es populares. O som � apreciado pelo filho, Matheus, de 10 anos, que tamb�m � f� de m�sica. A atividade vem depois de uma jornada de 10 horas de trabalho fora de casa e diversas tarefas dom�sticas, como ajuda na educa��o do filho. “� a forma que encontro de extravasar as tens�es da vida executiva. Eu lido diariamente com diversas culturas. Temos que estabelecer filtros emocionais para gerir o empreendimento. Com a m�sica, fico renovada para enfrentar novos desafios e ganho um equil�brio interior”, afirma Sara, que tamb�m busca o descanso no cultivo de plantas.

J� o equil�brio do chef de cozinha Wanderson Costa, propriet�rio do restaurante italiano Saatore, vem do salto de paraglider, nos fins de semana. O propriet�rio das franquias de m�veis planejados Dell Anno, Roberto Muzzi, busca descarregar a adrenalina na corrida de kart. A diretora-executiva do grupo Cotemig, Moema Belo, testa a paci�ncia com o plastimodelismo (miniaturas de motocicletas). A diretora de Recursos Humanos e Comunica��o da Forno de Minas, H�lida Mendon�a, dan�a diariamente para recarregar as baterias. Mesmo com a atribulada agenda na gest�o das empresas, os executivos buscam brechas nos seus hor�rios para colocar os hobbies em pr�tica. “Eu n�o passo um dia sem cantar”, diz Sara. O resultado, garantem eles, � o aumento de produtividade no trabalho, melhor relacionamento com os funcion�rios e mais qualidade de vida.

Os conflitos internos e pol�ticos nas empresas (26%), a press�o para alcan�ar metas de desempenho (25%) e o grande volume de informa��o s�o as principais causas de estresse entre os executivos, segundo pesquisa da empresa de auditoria e consultoria Grant Thornton International. O estudo foi feito com 6 mil empresas em 40 pa�ses. “O crescimento da economia brasileira, acima da m�dia global nos �ltimos cinco anos, leva as empresas a cobrar mais dos executivos para aproveitar o crescimento”, observa Antoniel Silva, diretor de Gest�o e Pessoas da Grant Thornton.

Hobbies e pr�tica de esportes, na avalia��o de Silva, ajudam na diminui��o do estresse em todos os sentidos. “Quando a pessoa tira um momento para suas atividades, o sangue circula melhor, as ideias fluem e ela come�a a ver oportunidades que, no dia a dia, n�o enxerga”, observa Silva. Ele ressalta ainda a import�ncia das f�rias para a criatividade dos profissionais. “� o momento em que a pessoa recarrega as energias e passa a produzir melhor”, diz. A pesquisa da Thornton aponta que a rela��o entre o volume de folgas e o n�vel de estresse � direta. Os pa�ses onde os empres�rios tiveram menos feriados no ano, como o Jap�o (cinco dias), China (sete dias) e Tail�ndia (oito dias), t�m empres�rios mais estressados.

Do kart ao paraglider

A confraterniza��o dos funcion�rios da franquia de m�veis planejados Dell Anno deve ser diferente neste ano. O dono da empresa, Roberto Muzzi, pretende levar o grupo de 23 trabalhadores para uma corrida de kart de 20 minutos. “Eles me escutam falar tanto dos benef�cios que come�aram a ter curiosidade”, afirma Muzzi, que � adepto da atividade h� dois anos. O esporte, na avalia��o do empres�rio, foi a forma encontrada para descarregar a adrenalina e o estresse. “Fiquei mais produtivo no trabalho, com mais tranquilidade e serenidade para lidar com as situa��es”, afirma Muzzi.

As pe�as min�sculas do plastimodelismo muitas vezes precisam ser manipuladas com pin�as por Moema Belo, diretora-executiva do grupo Cotemig. Mas a paci�ncia exigida pelo hobby ajuda Moema a relaxar e administrar a empresa com 120 funcion�rios. A rotina � puxada: algumas vezes chega a trabalhar 14 horas por dia. “� preciso ficar ligado no resultado e h� muitos assuntos para resolver ao mesmo tempo. Tem dia em que falta tempo para ir ao banheiro”, afirma. Ela demora cerca de um m�s para montar cada miniatura. “� o momento em que eu me distraio. Me ajuda a descansar a cabe�a para o dia seguinte”, diz. A cole��o conta com 26 unidades. Moema incentiva a pr�tica de hobbies entre os funcion�rios. “A pessoa que tem o trabalho como a coisa mais importante do mundo fica chata, sem criatividade”, avalia.

A busca do equil�brio � um dos desafios do mundo moderno, avalia Hegel Botinha, diretor do grupo Selpe, consultoria de Recursos Humanos focada em recrutamento e sele��o. “O ser humano est� na capacidade m�xima produtiva, mas precisa tentar encontrar o equil�brio. E muitas vezes ele acontece por meio do hobby”, diz Botinha. � preciso, no entanto, estar atento � escolha da atividade. “J� aconteceu de um executivo perder a vaga em uma empresa de seguro porque praticava esporte radical.”

O hobby do chef de cozinha Wanderson Costa n�o � visto com bons olhos pela mulher. Mesmo assim ele n�o consegue abandonar a adrenalina e sensa��o de liberdade dos saltos de paraglider nos fins de semana. “Devo sentir a mesma coisa que um passarinho. � uma sensa��o grande de liberdade”, afirma. Desde que come�ou a voar de paraglider, h� tr�s anos, Costa passou a trabalhar menos nos fins de semana, mas sem prejudicar os resultados da empresa. “Acho que produzimos mais quando temos um tempo reservado para a gente”, diz.

Ritmo

Dan�ar zumba e aerodance diariamente funciona como terapia para a diretora de Recursos Humanos e Comunica��o da Forno de Minas, H�lida Mendon�a. “� um tempo em que estou cuidando de mim e melhora a minha condi��o f�sica, j� que tive meu �ltimo filho com 44 anos. Para voc� cuidar das pessoas e ter uma boa produtividade, precisa estar bem consigo mesma”, diz. H�lida tenta incentivar a pr�tica de esportes e hobbies entre seus funcion�rios. “A pessoa que se sente bem tem mais chance de ter uma vida feliz”, avalia. (GC)