
O estudo tem como finalidade avaliar os custos log�sticos no pa�s. Elaborado com 126 empresas (incluem-se na lista Petrobras, Vale, Fiat e outras de grande porte), que juntas t�m faturamento equivalente a um quinto do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, o trabalho indica as causas do aumento dos gastos com log�stica. O transporte de longa dist�ncia corresponde a 38% da composi��o do custo de transporte dos produtos. O principal motivo para esse elevado gasto � a condi��o ruim das estradas. Esse aspecto � apontado por 54,5% dos entrevistados como fator-chave no aumento do custo.
A solu��o para a redu��o desse gasto, no entanto, n�o est� apenas no investimento em infraestrutura rodovi�ria e, sim, na melhor gest�o das ferrovias com integra��o multimodal, segundo mais de 70% dos entrevistados. “As empresas est�o conscientes que mesmo se melhorar as rodovias a concentra��o de carga mant�m o pre�o em alta por causa do monop�lio do frete. � preciso ter maior concorr�ncia entre os modais de transporte para reduzir o custo”, afirma o coordenador do N�cleo de Infraestrutura e Log�stica da FDC, Paulo de Tarso Resende.
Na sequ�ncia do estudo, outros dois fatores s�o citados como primordiais para aumento de custo: a burocracia governamental e a restri��o de carga e descarga em grandes centros urbanos. Os dois fatores s�o citados, respectivamente, por 51,2% e 49,6% dos entrevistados. O primeiro est� relacionado principalmente aos entraves em portos e aeroportos, o que encare o com�rcio exterior. J� o segundo significa aumento para diversas cadeias, como a de autom�veis e a de constru��o civil.
Lentid�o O presidente da Federa��o das Empresas de Transportes de Carga de Minas Gerais (Fetcemg), Vander Francisco Costa, afirma que no caso da lentid�o do poder p�blico transportadores s�o obrigados a ficar por semanas � espera nos portos para ingresso e sa�da de produtos internacionais aguardando libera��o de documentos. Al�m disso, a inefici�ncia de armaz�ns torna o sistema ocioso. “O caminh�o deveria carregar, descarregar e voltar. Mas n�o � assim. Mesmo no Porto de Paranagu�, � obrigado a ficar quase 15 dias. Com isso, faz-se do caminh�o um armaz�m sobre rodas”, diz.
Como o custo do caminh�o em uso � de R$ 100 por hora �til, essa cifra � acrescida ao valor do frete. No mais, a distribui��o de produtos em centros urbanos se tornou outro fator encarecedor do transporte, representando 16% da composi��o log�stica. Em Belo Horizonte e S�o Paulo, entre outros, a restri��o de caminh�es com determinado peso se tornou problem�tica. “Na capital paulista, o limite para ve�culos de carga � de uma tonelada. Com isso, as empresas t�m que adquirir mais caminh�es, mais motoristas e mais ajudantes”, afirma Costa.
Apontada como o setor que � obrigado a dispor de mais recursos com log�stica, a ind�stria de bens de capital, em m�dia, gasta 22,69% da receita bruta. O diretor regional da Associa��o Brasileira da Ind�stria de M�quinas e Equipamentos (Abimaq) Marcelo Veneroso compara o processo de transporte de m�quinas no Brasil e nos Estados Unidos. L�, segundo relato dele, m�quinas com 15 ou 20 metros s�o colocadas num pranch�o e transportadas de forma simples. Aqui � necess�rio separar por m�dulos e ter cuidados com pe�as e componentes que oscilam com as vibra��es nos buracos das estradas. Essas pe�as chegam a quebrar no trajeto e, com isso, a empresa tem que enviar um t�cnico ao porto para testar o produto antes do embarque. “Tudo isso aumenta o custo. A log�stica � um item muito cr�tico. Para quem busca competitividade cada gr�o � significativo”, relata Veneroso. Para piorar, nos �ltimos anos houve incremento dos gastos com log�stica no setor, segundo estudos feitos pela Abimaq. De 2006 a 2008, o aumento foi de 10,67% e de 2008 a 2010 o aumento foi de 2,4%.
Privatiza��o � o caminho

Comparado com os gastos de empresas montadas em outros pa�ses, o custo de log�stica no Brasil � exorbitante. Estudo elaborado pelo Boston Logistcs Group coloca o pa�s em 23º no ranking entre os maiores gastos com transporte � frente somente de cinco pa�ses. Os gastos com log�stica representam 12% do PIB, o que acarreta perda de US$ 83,2 bilh�es por ano. No comparativo com os Estados Unidos, o custo � 50% maior.
A velocidade m�dia de transporte tamb�m � consideravelmente inferior. A velocidade m�dia do transporte de carga � de 29 km/h, enquanto na China alcan�a 47 km/h, velocidade 62% superior, segundo o Banco Mundial. A diferen�a acarreta em custo maior. A exporta��o de um cont�iner custa US$ 500 na China, enquanto no Brasil esse valor aumenta para US$ 1.790, ou seja � preciso arcar com custo 258% maior. Segundo o coordenador do N�cleo de Infraestrutura e Log�stica da Funda��o Dom Cabral, Paulo de Tarso Resende, no caso do transporte de um cont�iner da China para o Brasil, o valor gasto com o transporte entre os dois pa�ses representa 50% do custo da log�stica interna.
Para estancar a sangria bilion�ria, a agilidade de investimentos do Plano Nacional de Log�sticas, que prev� investimento de R$ 133 bilh�es em infraestrutura rodovi�ria e ferrovi�ria nos pr�ximos 25 anos, � considerada primordial. O especialista acredita que a mudan�a de dire��o dos investimentos, passando das m�os do poder p�blico para a iniciativa privada, garante maior efici�ncia operacional. “O Brasil n�o pode perder mais tempo. O custo log�stico est� muito alto em compara��o com outros pa�ses. Estamos perdendo competitividade”, afirma o coordenador do N�cleo de Infraestrutura e Log�stica da Funda��o Dom Cabral.
Apesar disso, o plano teve seu foco principalmente em Minas e na Regi�o Centro-Oeste, onde o n�vel de satisfa��o com as rodovias � menos cr�tico que no restante do pa�s (exceto a Regi�o Sul). As regi�es Norte e Nordeste lideram a insatisfa��o com a situa��o log�stica no pa�s, segundo dados da pesquisa da Funda��o Dom Cabral, com 80% e 64% dos entrevistados apontando situa��o ruim, respectivamente. Na Regi�o Sudeste, o n�vel ruim � de 19% ante 25% de bom. (PRF)