Diante de n�meros cada vez piores da atividade econ�mica, que encerrar� 2012 no atoleiro pelo segundo ano consecutivo, o governo parece, enfim, encarar a realidade. A baixa produtividade das empresas, o n�vel ainda elevado de ociosidade das f�bricas e as incertezas que pairam sobre a recupera��o global em meio aos desdobramentos da crise econ�mica tornam cada vez mais aparente a dificuldade do Brasil em retomar o dinamismo do crescimento interno. A raz�o para esse problema, conforme j� admite o governo, � que um importante n� do Produto Interno Bruto (PIB, a riqueza gerada por um pa�s em um ano) continua atado: o baixo investimento produtivo na economia.
Nem mesmo os diversos est�mulos estatais concedidos ao consumo por meio de desonera��es do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para materiais de constru��o, eletrodom�sticos, carros e at� m�quinas e equipamentos restabeleceram a confian�a do empresariado na recupera��o brasileira.
Temendo que o salto econ�mico do pa�s seja mero voo de galinha, o setor privado colocou o p� no freio. J� s�o quatro trimestres consecutivos de retra��o da Forma��o Bruta de Capital Fixo (FBCF), indicador que mede a taxa de investimentos produtivos na economia. No ano, as perdas acumuladas chegam a 2,9%, levando em conta apenas os dados do primeiro semestre de 2012.
Diante desse quadro, o governo j� avalia que os investimentos fechar�o o ano em queda. Conforme contou ao Estado de Minas uma fonte da equipe econ�mica com conhecimento do assunto, mesmo que houvesse uma recupera��o mais forte da taxa no terceiro e no quarto trimestres do ano, ainda seria muito dif�cil que a taxa acumulada em 2012 fechasse no azul. “Hoje, a tend�ncia � essa (de fechar em queda). Os resultados do fim do ano teriam que vir muito fortes para reverter isso”, admitiu a fonte.
Pessimismo Ser� o segundo ano em que a taxa fechar� no vermelho desde que Guido Mantega assumiu o Minist�rio da Fazenda, posto que ocupa desde mar�o de 2006. A primeira ocasi�o em que o ministro entregou uma taxa de investimentos em queda foi em 2009. Naquele ano, quando o mundo ainda tentava dimensionar o estrago provocado pelo estouro da crise financeira em setembro de 2008, a taxa variou negativamente durante quatro trimestres consecutivos e s� voltou a operar em campo positivo em 2010, quando a economia brasileira cresceu 7,5% (veja quadro).
De l� para c� os resultados foram minguando, at� ficar em campo negativo novamente. Para o gerente de pol�tica econ�mica da Confedera��o Nacional da Ind�stria (CNI), Fl�vio Castelo Branco, isso se deveu a uma conjun��o de fatores ruins para a economia brasileira, sendo os mais relevantes o pessimismo do empresariado, a baixa utiliza��o da capacidade instalada da ind�stria e o fraco dinamismo do pa�s frente aos desafios que o mundo imp�s com a crise.
O chamado n�vel de utiliza��o da capacidade instalada (Nuci) da ind�stria mede bem esse descompasso. Ainda que o governo tenha adotado diversas medidas para reanimar o setor, a ind�stria ainda opera com 80,9% da capacidade. “Isso quer dizer que, antes de investir, o empres�rio vai primeiro utilizar essa ociosidade que existe hoje”, diz Fl�vio.
FALTA INVESTIMENTO PARA ACELERAR O PIB