A busca das empresas de varejo pelos consumidores das classes C e D se intensifica. No Rio, a nova fronteira s�o as comunidades carentes onde as Unidades de Pol�cia Pacificadora (UPP) est�o instaladas e, aos poucos, um ar de normalidade substitui o cen�rio de traficantes circulando armados pelas ruas.
As Casas Bahia inauguraram nesta ter�a-feira sua primeira filial na Rocinha, mais conhecida favela do Rio - com 69,3 mil habitantes, segundo o Censo de 2010. Chegaram ao local j� encontrando uma concorrente: a Ricardo Eletro, instalada h� um ano na maior favela da zona sul carioca.
O grupo Viavarejo, dono das Casas Bahia, do Ponto Frio e dos sites de com�rcio eletr�nico dessas redes, j� negocia um ponto comercial para uma loja no Complexo do Alem�o, zona norte do Rio onde uma UPP foi montada em abril do ano passado. Segundo o presidente do Conselho de Administra��o da Viavarejo, Michael Klein, estar pr�ximo do consumidor facilita a vida da clientela.
"Na medida em que temos a loja mais pr�xima da resid�ncia do cliente, ele pode vir fazer as compras sem gastar com condu��o", disse Klein, na festa de inaugura��o da loja de 1.427 metros quadrados e dois andares.
"Vou direto na loja de Copacabana, mas aqui � muito melhor", disse Maria de Lourdes. Antes da inaugura��o, a loja das Casas Bahia mais pr�xima era a de Ipanema, a cerca de 8 quil�metros do principal acesso � Rocinha.
Para Klein, al�m da estrat�gia da proximidade, juros em queda e a redu��o do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para linha branca e m�veis impulsionam as vendas. Sua estimativa � de crescimento de 9% a 9,5% neste �ltimo trimestre em rela��o a igual per�odo de 2011, considerando a abertura de lojas. Para o ano, o crescimento das vendas pode chegar a 8%.
A filial da Rocinha foi a 16ª inaugura��o da rede no ano. Contando a rede Ponto Frio, a Viavarejo inaugurou 23 unidades e, segundo Klein, de 10 a 12 ainda poder�o ser abertas neste ano.
No entanto, a estrat�gia tamb�m inclui desafios. A nova loja da Rocinha funciona com gerador de energia, por causa da falta de capacidade da rede el�trica. Espera-se que um poste seja instalado. No Complexo do Alem�o, ser� preciso refor�ar a seguran�a para evitar furtos de material de constru��o.
Concorr�ncia
A Ricardo Eletro inaugurou sua loja na Rocinha em outubro do ano passado, um m�s antes da megaopera��o de ocupa��o que abriu espa�o para a UPP na comunidade. Em dezembro, a filial foi assaltada. Mas a rede mant�m a estrat�gia de aproximar-se do consumidor, com uma filial tamb�m em Rio das Pedras, comunidade na zona oeste, e previs�o de chegar ao Complexo do Alem�o em 2013.
"A entrada das Casas Bahia na Rocinha vai melhorar (as vendas na regi�o). O consumidor gosta de ter uma segunda op��o", afirmou Ricardo Nunes, presidente da M�quina de Vendas, grupo dono das redes Ricardo Eletro e Insinuante.
O executivo ainda v� muito potencial de consumo no Pa�s. Segundo Nunes, a M�quina de Vendas crescer� de 4% a 4,5% neste ano, considerando apenas as mesmas lojas. O faturamento do grupo dever� fechar o ano em R$ 9 bilh�es - em 2011, foram R$ 7,2 bilh�es -, incluindo a aquisi��o da Salfer, rede com presen�a na Regi�o Sul do Pa�s e 178 unidades.
As redes de franquia tamb�m veem potencial nas comunidades de baixa renda. Amanh�, a regional Rio da Associa��o Brasileira de Frachising (ABF) levar� quatro marcas - Mega Matte, Spoleto, Spa da Sobrancelha e o curso de ingl�s Yes - para palestras, numa parceria com a Associa��o Comercial e Empresarial Novo Alem�o e Penha (Acenape). O objetivo ser� tamb�m buscar empreendedores, segundo F�tima Rocha, presidente da ABF no Rio.