Potencial de energia solar e e�lica brasileira tem sido menosprezado, diz relat�rio

O potencial de energia solar e e�lica no Brasil tem sido menosprezado nas pol�ticas p�blicas do setor energ�tico. A avalia��o de um grupo de organiza��es n�o governamentais que acompanham o setor foi divulgada hoje na segunda edi��o do relat�rio O Setor El�trico Brasileiro e a Sustentabilidade.

De acordo com o documento, com as tecnologias dispon�veis atualmente para aproveitamento de energia solar, seria poss�vel atender a 10% de toda a demanda atual de energia el�trica com a capta��o em menos de 5% da �rea urbanizada do Brasil. Os estudos apontam que, no caso da energia e�lica, o potencial inexplorado chega a 300 gigawatts (GW), o que equivaleria a quase tr�s vezes o total da capacidade instalada atualmente no pa�s.

“A quest�o central � que h� uma necessidade de abrir um debate mais amplo entre governo e sociedade. Criticamos as premissas usadas para estimar a demanda [por energia], que s�o baseadas apenas no PIB [Produto Interno Bruto]”, disse o ge�grafo Brent Millikanm, diretor do Programa Amaz�nia da ONG International Rivers – Brasil.

Segundo ele, com mais espa�o de discuss�o em diferentes setores, o governo conseguiria definir “um planejamento mais amplo que mostre quais as reais necessidade do pa�s e como atender com mais efici�ncia e menor custo social e ambiental”.

A aus�ncia de uma pol�tica de incentivos para a inova��o tecnol�gica e a amplia��o da escala de produ��o de energia t�m prejudicado a expans�o de outros potenciais el�tricos do pa�s, apontam os pesquisadores.

Para os representantes das organiza��es n�o governamentais (ONGs) Instituto Socioambiental (ISA), Greenpeace Brasil, Amigos da Terra – Amaz�nia Brasileira, International Rivers – Brasil, Amazon Watch e WWF – Brasil,a falta desses est�mulos prejudica diretamente os resultados da ind�stria nacional. “� importante termos uma pol�tica mais voltada para efici�ncia que � fundamental para competitividade industrial”, acrescentou Millikanm.

Os dados apresentados no documento mostram que os investimentos privados em energia renov�vel no Brasil cresceram 8% em 2011, saltando para US$ 7 bilh�es – impulsionados, principalmente, pelo potencial da energia e�lica. Em todo o mundo, os investimentos em energia renov�vel chegaram a US$ 237 bilh�es, em 2011, superando os US$ 223 bilh�es gastos, no mesmo ano, para a constru��o de novas usinas movidas a combust�veis f�sseis.

Os pesquisadores acreditam que, al�m de direcionar melhor as demandas, os debates com a sociedade poderiam orientar as estrat�gias do setor baseado na realidade das regi�es e nos potenciais impactos que poderiam gerar.

Millikanm explica que a composi��o do Conselho de Pol�tica Energ�tica, respons�vel pela aprova��o dos planos do setor, refletem a atual situa��o.

“Deveria ter representantes da sociedade civil e de universidades nesse conselho, mas, essas cadeiras est�o vazias. Isso � emblem�tico da falta de di�logo. Se tivesse um debate mais aberto, tomariam decis�es melhores para a sociedade. Como existem parcerias muito fortes das grandes empreiteiras e de outras empresas, como as de minera��o, a pol�tica p�blica acaba sendo desviada para alguns interesses”, criticou.

Procurados pela reportagem da Ag�ncia Brasil, os minist�rios do Meio Ambiente, de Minas e Energia e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renov�veis (Ibama) n�o se pronunciaram sobre o estudo.