
O total de ricos atualmente � de 2% do total dos habitantes. Em 1995, 45% da popula��o era pobre, 20% era classe m�dia e 33% viviam em situa��o de vulnerabilidade (risco de empobrecimento). Os fatores que provocaram esse resultado foram o aumento do n�vel de escolaridade, crescimento do emprego formal, em �reas urbanas e o forte ingresso das mulheres na for�a de trabalho. Tamb�m colaborou a queda no n�mero m�dio de membros da fam�lia de classe m�dia, que passou de 3,3 em 1992 para 2,9 em 2009. O estudo – divulgado simultaneamente em Bras�lia, Bogot� (Col�mbia) e Washington (Estados Unidos) – aponta que o Brasil se destaca na regi�o e � respons�vel por 40% dessa ascens�o.
O marceneiro Gleison Lib�rio da Silva est� entre os milh�es de brasileiros que viveram essa ascens�o e viram a renda crescer nos �ltimos anos. Recentemente, ele comprou um Honda Civic e h� tr�s meses se mudou para a casa que acabou de construir. “O servi�o aumentou demais. Tenho trabalho agendado at� abril do ano que vem. A fila chega a seis meses”, comemora ao ver os neg�cios da marcenaria que tem com o pai indo de vento em popa. A �ltima grande conquista foi a possibilidade de arcar com a faculdade particular da filha que acaba de iniciar o curso de engenharia civil. “Estamos apertando o cinto para pagar. Mas h� alguns anos nunca imaginei que conseguiria custear o curso para ela. Eu mesmo queria estudar e n�o tive condi��es”, lembra.
A empregada dom�stica Adriana Leonardo faz os mesmos planos para o filho. “Estou fazendo um p� de meia para pagar os estudos dele. Esse � meu sonho”, conta. Nos �ltimos anos, ela reconhece que a renda tem sido cada vez melhor e j� permitiu a compra de um lote e a constru��o de uma casa nova. “Estou trabalhando mais e meu sal�rio j� dobrou. Meu marido � pedreiro e tamb�m est� ganhando melhor. Com isso, foi poss�vel construir a casa em um ano e meio”, conta.
Corda bamba
Apesar do quadro favor�vel, o Bird ressalta que na Am�rica Latina 38% est�o na categoria classe m�dia baixa, ainda em estado de vulnerabilidade, sem seguran�a econ�mica e com alta probabilidade de cair na pobreza. Essa parcela vulner�vel ganha entre US$ 4 e US$ 10 per capita por dia. O presidente do Ipea, Marcelo N�ri, disse que � importante destacar as especificidades do nosso pa�s. “O conceito de classe m�dia � sempre impregnado pelo modo de ver americano, representado por um casal, dois carros, dois filhos e dois cachorros. Nossa realidade � diferente”, ressaltou. Ricardo Paes de Barros, secret�rio de A��es Estrat�gicas, lembrou que a classe m�dia brasileira � heterog�nea e que 75% dos que ascenderam s�o negros.
A preocupa��o de Paes e Barros � que essa nova classe m�dia n�o � um grupo de vanguarda, com pretens�o de debater valores com a elite brasileira. A parcela que ganhou com a mobiliza��o social tem valores intermedi�rios entre a elite e os pobres. “Foi s� um aumento de renda”, observou. De acordo com o relat�rio do Bird, no mundo inteiro uma classe m�dia ampla significar melhor governabilidade, mercado de cr�dito mais amplo e mais gastos com sa�de e educa��o p�blica. E indica que os governos da AL deve adotar tr�s estrat�gias para ter o apoio da classe m�dia: igualdade de oportunidade nas pol�ticas p�blicas, reformas no sistema de prote��o social e rompimento do ciclo vicioso de baixa tributa��o e m� qualidade nos servi�os p�blicos, al�m de melhora na qualidade da administra��o p�blica.