Os consumidores interessados em comprar um im�vel ter�o mais op��es na hora de contratar um financiamento a partir dos pr�ximos meses. Al�m de produtos como empr�stimos pessoais e cart�o de cr�dito, pelo menos duas cooperativas de cr�dito criar�o parcelamentos espec�ficos para os associados que desejarem adquirir a casa pr�pria. O diferencial, segundo os agentes financeiros, ser�o as taxas de juros mais baixas que as praticadas pelos bancos convencionais.
Atentos aos desejos dos brasileiros de sair do aluguel e de olho nesse mercado robusto, as cooperativas prometem entrar de forma agressiva no interior do pa�s. Estimativas do setor indicam que no Brasil h� um d�ficit habitacional de pelo menos 17 milh�es de novas unidades at� 2022.
A novidade deve fazer barulho no sistema financeiro, j� que cooperativas – entidades que se definem como “sem fins lucrativos” – prometem taxas de juros menores que as oferecidas no mercado. A primeira cooperativa a manifestar interesse em criar o produto foi a Sicredi, presente em 10 estados, com mais de 2 milh�es de associados. Procurada pela reportagem, disse que s� comentar� a nova linha de atua��o quando o processo for conclu�do no Banco Central e publicado no Di�rio Oficial da Uni�o (DOU).
Tamb�m interessada em oferecer cr�dito para compra de im�veis, o Sistema de Cooperativas de Cr�dito do Brasil (Sicoob) estrutura um projeto para entrar em opera��o no primeiro semestre de 2013. Atuando em 13 estados, com 2,3 milh�es de associados, o Sicoob pretende ofertar R$ 100 milh�es no primeiro ano de opera��o da linha imobili�ria. A gest�o dos recursos ficar� a cargo do Banco Cooperativo do Brasil (Bancoob), bra�o financeiro do sistema de cooperativas.
O superintendente de gest�o estrat�gica do Bancoob, Cl�udio Halley, explica que as opera��es se concentrar�o no interior do pa�s, pois � nas cidades com at� 100 mil habitantes que a institui��o financeira tem presen�a marcante. Halley observa que, al�m do d�ficit de 17 milh�es, h� uma demanda de mais 5 milh�es de resid�ncias para quem compartilha a moradia com familiares ou com amigos e quer comprar a pr�pria casa. “Entendemos que a nossa forte presen�a no interior do pa�s nos torna o agente financeiro ideal para possibilitar que a popula��o menos favorecida tenha condi��es de ter acesso a cr�dito”, ressalta.
OPORTUNIDADE O gerente do setor de cr�dito da Organiza��o das Cooperativas Brasileiras (OCB), Silvio Giusti, avalia que o mercado imobili�rio continua em expans�o e a demanda por financiamentos � uma grande oportunidade de neg�cios. Ele ressalta que com a redu��o da taxa b�sica de juros (Selic) e o potencial de consumo dos brasileiros h� espa�o para competi��o nesse mercado. Giusti afirma que as cooperativas oferecer�o aos associados parcelamentos atrativos, com percentuais justos.
“Temos um papel social grande e somos motores de desenvolvimento de v�rias regi�es. Mais de 6 milh�es de pessoas s�o associadas e, com a cria��o do Fundo Garantidor de Cr�dito (FGC) das cooperativas singulares de cr�dito e dos bancos cooperativos pelo Banco Central, em outubro passado, o governo demonstrou interesse em fortalecer nossa atua��o”, completa.
Na avalia��o do s�cio titular da JLC Consultores Associados e especialista em organiza��o e normas do sistema financeiro, Jos� Luiz Rodrigues, o sistema de cooperativas de cr�dito no pa�s est� bem estruturado. Ele avalia que a entrada das institui��es no cr�dito imobili�rio trar� mais competi��o ao mercado. Segundo Rodrigues, os consumidores ser�o beneficiados com essa novidade e podem esperar taxas de juros mais baixas que as praticadas pelos bancos convencionais.
“O governo tem dado sinais de que a entrada das cooperativas nesse mercado � importante. Uma prova disso � a cria��o de um fundo garantidor de cr�dito espec�fico para essas institui��es. H� uma car�ncia de financiamentos no interior do pa�s, onde essas empresas est�o mais presentes. Eles t�m todas as condi��es de competir”, diz Rodrigues.
Para o vice-presidente da Associa��o Brasileira do Mercado Imobili�rio (ABMI), Pedro Fernandes, a proposta das cooperativas � positiva, pois fomentar� a competi��o. “O consumidor ter� mais uma op��o. Os bancos convencionais precisam se reinventar e taxas de juros mais atrativas podem surgir com esse movimento.”
Lucro ap�s o sonho
Bras�lia – Brasileiros de todas as classes sociais buscam o conforto da casa pr�pria e a rentabilidade do mercado imobili�rio. De olho em im�veis mais amplos, os potenciais compradores ignoram a crise europeia, aproveitam a queda dos juros e negociam pre�o, mas sem pressa de fechar neg�cio. Pesquisa da Consultoria Datastore comprova que 30% da popula��o deseja comprar im�vel no m�dio prazo (nos pr�ximos 24 meses). Um entre cada quatro cidad�os com renda at� seis sal�rios m�nimos (25% do total) vai usar o im�vel como investimento ou para moradia futura da fam�lia. Dos que ganham acima de seis m�nimos, 40% miram nos lucros. Desses, 70% v�o revender e 30% alugar ou acomodar os filhos.
“O mercado passa por um per�odo de acomoda��o e de equil�brio entre a oferta e a demanda. Na pr�tica, os pre�os est�o se ajustando. As expectativas s�o boas para 2013, mas os consumidores n�o v�o comprar com a velocidade que se viu de 2010 a 2011. Essa tend�ncia mais lenta deve se manter por, pelo menos, 18 meses”, explicou Marcus Araujo, presidente da Datastore. O freio � natural e decorrente da explos�o de vendas nos �ltimos dois anos, disse. Os im�veis comprados naquela �poca come�am a ser entregues agora e colocados � venda com juros mais baixos, concorrendo com os lan�amentos.
O aumento da longevidade e a inser��o da mulher no mercado de trabalho passaram tamb�m a interferir nas dimens�es da casa. Entre os compradores com renda entre tr�s e seis sal�rios m�nimos, a maioria (52%) prefere im�vel com tr�s dormit�rios, e 48%, de dois quartos. Esse p�blico (90%) aceita morar em locais mais distantes. Os com renda acima de seis sal�rios m�nimos almejam mais espa�o: 57% querem tr�s dormit�rios; 34%, dois; 8%, quatro; e apenas 1% escolhe im�veis com um dormit�rio.