Os resultados do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre, que apontaram taxa de crescimento de 0,6%, levaram os economistas do Instituto Brasileiro de Economia da Funda��o Getulio Vargas (Ibre-FGV) a confirmar para 1% a proje��o para o desempenho do PIB este ano. “Talvez um pouquinho menos”, algo como 0,9%, admitiu, em entrevista � Ag�ncia Brasil, o pesquisador do Ibre-FGV, R�gis Bonelli, coordenador do semin�rio trimestral de An�lise Conjuntural que o instituto promove nesta segunda-feira, na sede da FGV, no Rio de Janeiro.
A produ��o industrial fraca e a baixa taxa de forma��o bruta de capital fixo (taxa de investimento dom�stico) corroboram a estimativa do Ibre-FGV. A queda da taxa de investimento pelo quinto trimestre consecutivo pode afetar a taxa de crescimento do PIB em 2013. A proje��o � que a expans�o se aproxime de 2,9%, ficando abaixo da meta revista pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, de 4,5% para 4%.
O quadro externo dever� influenciar o crescimento econ�mico do Brasil, com a Europa em crise e perspectiva de reduzida acelera��o nos Estados Unidos. Bonelli disse que na Am�rica Latina, com exce��o do Peru, do Chile e do M�xico, o restante dos pa�ses n�o dever� estar muito bem no pr�ximo ano. O Jap�o tamb�m n�o dever� mostrar expans�o econ�mica expressiva.
“Em um contexto externo pouco favor�vel, o nosso modelo est� indicando crescimento em torno de 3% ou 2,9%, no ano que vem”. A China, em contrapartida, dever� crescer um pouco mais que este ano, passando de 7,6% para 7,8%, analisou o economista.
Apesar de a economia estar em desacelera��o, o Brasil dever�, continuar a atrair investimentos diretos estrangeiros. “� sinal de alguma confian�a. Mesmo crescendo pouco, o Brasil � um pa�s gigantesco”. Bonelli acredita que a reforma anunciada pelo governo no sistema de concess�es na �rea de portos, ferrovias e rodovias consiga atrair tamb�m investimentos estrangeiros “onde o pa�s mais necessita, que � na infraestrutura”.
Entre os sinais positivos, Bonelli destacou a atua��o do Banco Central para derrubar a taxa de juros sem afetar a infla��o. Ele acrescentou que uma expans�o do PIB em 2013 maior que 2,9% vai depender da retomada do investimento dom�stico. “Ele meio que autorreferenda o crescimento do PIB mais lento”. De acordo com os indicadores da FGV, n�o h� sinais de grande recupera��o para a taxa bruta de capital fixo � frente.
Bonelli lembrou, entretanto, que isso � um comportamento muito vol�til. “Uma mudan�a nas regras do jogo, uma mudan�a nas condi��es internas, podem fazer isso virar muito rapidamente”. O pesquisador do Ibre-FGV acredita na recupera��o da ind�stria brasileira no pr�ximo ano, mas avaliou que isso vai depender tamb�m do que acontecer com os pa�ses vizinhos da Am�rica do Sul, em especial a Argentina.
O coordenador da �rea de Economia Aplicada do Ibre-FGV, Armando Castelar, tamb�m considerou dif�cil que o PIB cres�a at� 4% em 2013, como previu o ministro Mantega. “� improv�vel que o investimento tenha uma recupera��o muito forte”, embora o governo tenha introduzido est�mulos na economia reduzindo juros e aumentando o cr�dito p�blico, por exemplo. “Mas o investimento � muito retra�do, l� fora vai ser um ano dif�cil”, disse � Ag�ncia Brasil.
Ao contr�rio deste ano, em que o investimento interno dever� cair cerca de 3%, Castelar admitiu que a taxa poder� crescer no ano que vem. Ele alertou, por�m, que isso vai depender do que ocorrer com o investimento p�blico e da velocidade com que as concess�es nos setores de portos, ferrovias e aeroportos ocorram.
De maneira relevante, vai depender do que ocorrer com a Petrobras, salientou o economista, tendo em vista que a estatal responde por grandes investimentos efetuados no pa�s. “Acho que a Petrobras est� sofrendo com a quest�o do pre�o congelado”. Segundo Castelar, isso inibe um pouco a capacidade de a empresa investir.
Castelar analisou que 2013 ser� um ano melhor que 2012, mas “vai come�ar pouco acelerado, porque o terceiro trimestre foi relativamente fraco, o quarto trimestre n�o deve mostrar uma recupera��o muito forte”. Nesse contexto, a expectativa � que o pr�ximo ano cres�a mais, embora “acelerando aos poucos”.