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Estado de Minas

Infla��o quadruplica e torna a ceia de natal mais cara


postado em 17/12/2012 06:00 / atualizado em 18/12/2012 09:42

Maria Aparecida se assustou com o aumento de R$ 3 no quilo da carne de carneiro (foto: (Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press) )
Maria Aparecida se assustou com o aumento de R$ 3 no quilo da carne de carneiro (foto: (Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press) )
A festa do Natal na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte encareceu mais neste ano em rela��o � varia��o dos gastos de 2011, sob a press�o dos aumentos dos pre�os das carnes, embutidos, frutas e bebidas. O conjunto das despesas com a celebra��o crist� nem passou perto do clima de prote��o divina que cerca a data, enfrentando uma infla��o de 5,16% de janeiro a novembro, comparada com a registrada em dezembro do ano passado, baseada numa cesta contendo 34 itens t�picos de consumo no per�odo, conforme o �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE). No mesmo per�odo de 2011, confrontado com dezembro de 2010, o indicador calculado pelo analista do escrit�rio do IBGE em Minas Gerais Antonio Braz de Oliveira e Silva havia mostrado alta de 1,27%.

Para algum consolo das fam�lias da capital mineira e entorno, apesar da pancada no or�amento de 2012, a infla��o do Natal na Grande BH foi a terceira mais baixa entre as 11 regi�es metropolitanas onde o IPCA � apurado, depois de Bras�lia e do Rio de Janeiro. O custo da festa, no entanto, pode ter superado a evolu��o encontrada nos n�meros do IBGE, uma vez que desconsidera produtos com demanda ativa nesta �poca, a exemplo do peru, panetone, frutas secas, castanhas e bacalhau, itens que n�o entram na composi��o do IPCA.

A infla��o natalina inclui carnes de porco, frango, fil�-mignon, camar�o, presunto, cerveja, eletrodom�sticos e equipamentos eletr�nicos, TV, som e inform�tica, joias e bijuteria, brinquedos e material esportivo, entre outros gastos. �ncoras da carestia, o grupo dos alimentos encareceu 7,72% na Regi�o Metropolitana de BH, ante defla��o de 0,79% registrada no ano passado, seguido da remarca��o de 11,15% dos pre�os das bebidas, que j� haviam encarecido 13,10% em 2011. O resultado n�o surpreendeu Antonio Braz diante da eleva��o do custo da comida em geral neste ano.

Carlos Alberto e Marcos Rogério não vão deixar de brindar durante os festejos (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Carlos Alberto e Marcos Rog�rio n�o v�o deixar de brindar durante os festejos (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
“Em todas as regi�es do pa�s, as varia��es dos pre�os de alimentos e bebidas ficaram acima do IPCA, seja no domic�lio ou fora dele”, afirma o analista do IBGE. O IPCA acumulou 5,48% de janeiro a novembro na Grande BH, impulsionado pela varia��o de 8,48% do grupo de alimentos e bebidas.

Houve ainda uma revis�o do c�lculo do indicador, para adapta��o � mais recente Pesquisa de Or�amentos Familiares, a POF, de 2008/2009, que aboliu o bacalhau, por exemplo, um produto sazonal, diferen�a que ajuda a entender parte das altera��es da infla��o do Natal de 2011 para 2012. Os pre�os do frango inteiro aumentaram 14,04% e os da carne de porco subiram 7,36%, em m�dia, ganhando destaque que gera reclama��es.

Enquanto confere o atendimento dos clientes do a�ougue Feijoada de Minas, no Mercado Central de BH, Rog�rio Belo, dono do estabelecimento, diz que a carne de porco despontou com uma eleva��o de pre�os de 10% s� nos �ltimos seis meses. “N�o h� como deixar de repassar um aumento desses”, afirma. Consumidora frequente de carneiro, a aposentada Maria Aparecida da Silva j� se preparou para cortar outros ingredientes da ceia de Natal para 30 pessoas da fam�lia, como parte das frutas, na tentativa de compensar o aumento da despesa com a carne preferida. O pre�o subiu R$ 3 por quilo em menos de tr�s meses, saindo de R$ 19,90 para R$ 22,90. “A solu��o � deixar de comprar alguns produtos”, afirma.

DE GOLE EM GOLE

Insatisfeito com as remarca��es da cerveja neste ano, o gar�om Marcos Rog�rio Lima diz que chega a pagar at� R$ 7 pela garrafa da bebida em bares e restaurantes da cidade, aumento m�dio que correspondeu a R$ 2,25, e vai tornar mais cara a festa da fam�lia. “Vamos ter de apelar para a vaquinha”, sugere, ao lado do amigo Carlos Alberto Paulino, estudante, que n�o dispensa a paix�o na mesa do Natal. A compra direto nas distribuidoras pode ser a sa�da para Carlos. Elas vendem a caixa de 24 garrafas na faixa de R$ 70, ante os R$ 85 que o cliente pagaria num bar. O aperto na tributa��o estadual explica a alta, de acordo com Cristiano Lam�go, superintendente do Sindicato das Ind�strias de Bebidas de Minas Gerais (Sindbebidas).

No caso da cerveja, pesa tamb�m o consumo sazonal muito forte da bebida do fim da primavera at� o carnaval, que eleva os pre�os no varejo. S� a cacha�a fugiu ao aumento m�dio de 2% da taxa��o sobre a pauta dos itens que comp�em o c�lculo do Imposto sobre a Circula��o de Mercadorias e Presta��o de Servi�os (ICMS) incidente nas bebidas, consideradas produto sup�rfluo. “H� um excesso de tributa��o que acaba inibindo investimentos na produ��o e em novas f�bricas, o que poderia favorecer os pre�os para o consumidor”, justifica Lam�go.

Clientes tentam driblar pre�os

Nos extremos do ranking da infla��o do Natal, a Regi�o Metropolitana de Porto Alegre (RS) ficou na dianteira, com uma varia��o de 6,41%, em contraposi��o � eleva��o modesta para os padr�es de 2012 de 3,51% em Bras�lia. A m�dia do �ndice no Brasil acumulou 5,37%. “A infla��o continua sob controle, mas, de fato, desej�vamos uma varia��o mais pr�xima da meta (estabelecida pelo governo federal em 4,5%)”, diz Wanderley Ramalho, coordenador de pesquisas da Funda��o Ipead, vinculada � UFMG, que apura os �ndices IPCA e IPC-R na capital mineira.

Para Lúcia Campos, o melhor é aproveitar ofertas que surgem perto dos dias 25 e 31 (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press )
Para L�cia Campos, o melhor � aproveitar ofertas que surgem perto dos dias 25 e 31 (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press )
Boa parte da eleva��o do IPCA no fim do ano reflete um forte componente especulativo na forma��o dos pre�os, que s� o brasileiro indignado e que recusa aumentos exagerados pode evitar. “O consumidor tem de mostrar explicitamente que est� vigilante. Do contr�rio, a componente especulativa ganha for�a”, diz Ramalho. Convicta desse papel, a dona de casa L�cia Teixeira Campos n�o v� explica��o razo�vel para remarca��es de at� 30% dos pre�os das carnes de boi e frango neste ano.

Para a ceia de Natal da fam�lia, que re�ne pelo menos 60 pessoas, L�cia Campos costuma preparar bacalhau e pernil, mas se necess�rio n�o pensar� duas vezes em substituir itens t�picos do jantar. “Uma alternativa � comprar os ingredientes mais perto da data, porque sempre aparecem as ofertas”, recomenda. Al�m dos alimentos e bebidas, pesaram na infla��o do Natal na capital mineira os grupos de despesas com recrea��o e joias e bijuterias. Os pre�os dos eletrodom�sticos, equipamentos eletr�nicos, TV, som, inform�tica e aparelhos telef�nicos, por sua vez, ajudaram a conter o f�lego do drag�o.

A valoriza��o do ouro, embalada pela crise financeira mundial, foi um dos fatores de encarecimento do grupo de joias e bijuterias – de 16,39%, mais do dobro da varia��o de 5,95% no ano passado –, na avalia��o de Raimundo Viana, presidente do Sindicato das Ind�strias de Joalheria, Ourivesaria, Lapida��o de Pedras Preciosas e Relojoaria de Minas Gerais (Sindijoias). Outro argumento � o de que, acuada pela invas�o chinesa, a ind�stria de folheados migrou para a fabrica��o de bijuterias , segmento que necessita de muita m�o de obra, e valorizou a produ��o com o uso de pedras como o quartzo em substitui��o ao material sint�tico, movimento que ajudou a elevar os pre�os no varejo. “A alta reflete um produto que tem maior valor e qualidade embutidos na produ��o”, garante Viana. (MV)


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