Os quase 1,5 mil funcion�rios que est�o em lay-off (suspens�o tempor�ria de contratos) desde meados de junho na f�brica da Mercedes-Benz em S�o Bernardo do Campo, no ABC paulista, voltar�o ao trabalho em janeiro.
Diante da recupera��o do mercado de caminh�es e �nibus neste �ltimo trimestre, a empresa decidiu reativar o segundo turno suspenso em maio e voltar� a operar com seu quadro completo de 12 mil trabalhadores. A volta ser� escalonada durante janeiro e, em fevereiro, ser� reativado o segundo turno, informou ontem o presidente da montadora, J�rgen Ziegler. “Tivemos um ano bem dif�cil, mas, com as perspectivas de retomada dos mercados agr�cola, de minera��o e obras de infraestrutura esperamos um cen�rio mais positivo para 2013.”
O executivo aposta num crescimento de 3% a 4% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2013. Segundo ele, os sinais positivos para a economia come�aram a aparecer nos �ltimos meses, depois que o governo lan�ou plano especial de financiamento para caminh�es e �nibus, parte dele j� prorrogado at� o fim do ano que vem.
“Ainda esperamos uma decis�o sobre a manuten��o do corte do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados)”, afirmou Ziegler. A al�quota de 5% est� zerada desde 2009, mas o benef�cio est� previsto para acabar neste m�s.
A Mercedes espera produzir cerca de 60 mil caminh�es e �nibus em 2013 (incluindo a f�brica de Minas), ante 50 mil neste ano e 80 mil em 2011. Com a queda nas vendas, al�m de colocar parte do pessoal em lay-off, a empresa deu f�rias coletivas e licen�a ao restante do pessoal em mais de 40 dias durante o ano. A produ��o total de caminh�es no Pa�s deve cair 40% neste ano, para cerca de 130 mil unidades. Para 2013, a Associa��o Nacional dos Fabricantes de Ve�culos Automotores (Anfavea) espera crescimento de 7%.
Somado � demanda fraca, o mercado este ano foi afetado pela mudan�a na legisla��o de emiss�es, que estabeleceu a ado��o de uma tecnologia menos poluente em todos os ve�culos, chamada de Euro 5. A mudan�a resultou em reajustes de 8% a 15% nos pre�os e provocou antecipa��o das compras em 2011.
Entre julho e novembro, a MAN/Volkswagen, com f�brica em Resende (RJ), tamb�m colocou 270 funcion�rios em lay-off, mas eles voltaram neste m�s. Na Scania, as f�rias coletivas foram reduzidas em dez dias.
Ziegler informou que a Mercedes mant�m o plano de investimento de R$ 1,5 bilh�o para o per�odo 2010-2013 e que definir�, at� mar�o, se voltar� a produzir autom�veis no Brasil.
A MAN tem plano de R$ 1 bilh�o de 2012 a 2014 que inclui a constru��o de nova f�brica ao lado da atual quando a demanda for mais consistente. Em 2013, tr�s autope�as (Arvin Meritor, Maxion e Suspensys) v�o inaugurar f�brica no complexo modular da MAN, com investimento de R$ 85 milh�es e gera��o de 700 empregos.
Flexibilidade
A dispensa tempor�ria dos 1,5 mil funcion�rios foi negociada com o Sindicato dos Metal�rgicos do ABC. No per�odo em que ficaram sem trabalhar, eles passaram por cursos de requalifica��o oferecidos em parceria com o Senai.
Durante os primeiros cinco meses da dispensa, parte dos sal�rios foi paga pela empresa e parte pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Nos �ltimos dois meses, s� pela empresa. “Esperamos para o futuro mais flexibilidade na �rea de trabalho para compensar flutua��es da economia”, disse Ziegler. “Cinco meses de lay-off n�o s�o suficientes para superar uma crise.” A legisla��o permite a participa��o do FAT para complementar sal�rios apenas por cinco meses.
Valter Sanches, diretor do sindicato e membro do conselho de administra��o da Mercedes na Alemanha, espera que em breve o governo apresente projeto de flexibiliza��o das rela��es trabalhistas com base no modelo alem�o que permite, por exemplo, acordos por empresas.