
A jovem �rika Sernizon, de 17 anos, n�o se cont�m de tanta alegria. H� poucos dias, ela conseguiu seu primeiro emprego – � vendedora numa loja de cal�ados e acess�rios femininos. Para refor�ar a felicidade, conta a garota, esta noite ser� o baile de sua formatura no ensino m�dio. “O pr�ximo desafio � me esfor�ar para ser aprovada no vestibular de engenharia alimentar”, planeja a jovem, fazendo quest�o de dizer que, numa escala de zero a 10, sua felicidade atinge a nota m�xima. A alegria n�o tomou conta apenas de �rika. Estudo divulgado ontem pelo Instituto de Pesquisa Econ�mica Aplicada (Ipea) concluiu que o brasileiro est� mais feliz. Para isso, o Ipea aplicou um question�rio perguntando qual nota, de zero a 10, o brasileiro d� � pr�pria vida. O resultado m�dio foi de 7,1, o que coloca o pa�s em 16º lugar entre os 147 pesquisados no Gallup World Poll, que apontava uma felicidade m�dia de 6,8 no Brasil em 2010.
A alta na nota da alegria, segundo o Ipea, se deve � queda da desigualdade no Brasil e ao aumento da renda. O estudo, batizado de “Desenvolvimento inclusivo sustent�vel: a qualidade do crescimento brasileiro recente”, foi aplicado em 3,8 mil resid�ncias do pa�s e traz um dado curioso. O Nordeste, regi�o menos rica do Brasil, obteve a maior nota 7,38. O Sudeste, por sua vez, obteve o menor �ndice, 6,68. As m�dias das demais regi�es foram: 7,37 no Centro-Oeste, 7,2 no Sul e 7,13 no Norte. O instituto usou, entre alguns dados, planilhas da Pesquisa Nacional por Amostra de Domic�lios (Pnad) e da Pesquisa Mensal de Emprego (PME).
A chamada taxa de desocupa��o, segundo o IBGE, ficou em 5,3% em outubro, a menor para esse m�s desde o in�cio da s�rie hist�rica. O n�vel baixo do desemprego � oposto ao balan�o da renda, que cresceu muito nos �ltimos anos. Para se ter ideia, a renda individual m�dia da popula��o de 15 a 60 anos subiu 4,89% de 2011 para 2012, contra taxa m�dia de 4,35% ao ano entre 2003 e 2012. Na pr�tica, uma das conclus�es importantes � de que renda per capita vem crescendo num ritmo maior do que o PIB. A alta de 4,89% na renda individual da popula��o de 15 a 60 anos � bem maior do que a proje��o para o PIB em 2012, que deve ficar pr�ximo de 1,03%, segundo consultores ouvidos pelo Banco Central.
Com dinheiro �rika, a vendedora rec�m-contratada, sabe bem o que representa uma renda boa no fim do m�s. Ela conta que vai usar a remunera��o – sal�rio fixo e comiss�o – para investir no pr�prio estudo e “ficar menos dependente financeiramente dos pais”. Mais dinheiro no bolso, de acordo com o Ipea, tamb�m � sin�nimo de maior alegria. Os pesquisadores conclu�ram que a nota das pessoas cujos contracheques s�o de pelo menos 10 sal�rios m�nimos foi de 8,4. A daqueles que ganham entre o sal�rio m�nimo foi de 6,5. Os sem renda deram, em m�dia, nota 3,7. J� a desigualdade da renda domiciliar no pa�s, pelos c�lculos do Ipea sobre dados da PME, no trimestre encerrado em setembro �ltimo, caiu 1,69% se comparada ao mesmo trimestre de 2011.
Mas dinheiro traz felicidade? A pergunta ocorre em raz�o de os moradores do Nordeste, considerado a regi�o mais pobre do pa�s, terem dado a maior nota para suas vidas (7,38). Se fosse um pa�s, a Regi�o Nordeste estaria em 9º lugar no ranking global, entre a Finl�ndia e a B�lgica. Na divisa de Lagoa Grande e Ouricuri, no sert�o de Pernambuco, onde a seca deste ano queimou boa parte da planta��o e jogou muito gado ao ch�o, o agricultor Francisco Queiroz Justino, de 52, lamenta o preju�zo com a forte estiagem de 2012, mas n�o deixa de agradecer a Deus, todos os dias, pela felicidade de ver os filhos pequenos crescendo ao seu lado. Maicon, de 4, e Ana Carolina, de 8, se divertem alimentando o cabritinho de estima��o. “Veja como ele � bonitinho”, sorri o ca�ula. A fam�lia recebe ajuda financeira dos programas sociais do poder p�blico.