A presidente Dilma Rousseff descartou ontem que haja uma crise de energia no Brasil, mesmo depois dos seguidos apag�es que atingiram v�rios estados no pa�s durante o ano de 2012. A declara��o foi feita em encontro de fim de ano com jornalistas, no Pal�cio do Planalto. Segundo Dilma, as empresas de energia n�o investiram adequadamente na manuten��o do sistema el�trico durante anos, mas, a partir de agora, o quesito ser� mais bem fiscalizado. De acordo com a presidente, o compromisso do governo � fazer com que as interrup��es de energia sejam superadas. “Acho rid�culo dizer que o Brasil corre risco de racionamento de energia”, disse.
Dilma criticou a tentativa de colocar a culpa em fen�menos naturais, como raios. Segundo ela, se houve interrup��o, houve falha humana. “No dia que falarem que (houve interrup��o de energia porque) caiu um raio, voc�s gargalhem." Segundo ela, raio cai todo dia. “Um raio n�o pode desligar o sistema. Se cai, � falha humana. N�o � s�rio dizer que o sistema caiu por causa de um raio”, disse Dilma, mostrando fotos de sat�lites mapeando a constante incid�ncia de raios no territ�rio nacional nos �ltimos dias. “Tem que ser resistente ao raio, isolar e recuperar. Tem que ter bloqueio, estar blindado.”
A presidente lembrou que, no passado, todos os recursos dispon�veis eram destinados somente � transmiss�o e � gera��o de energia. “Sem verba voc� faz o qu�? N�o tem m�gica. Agora, temos dinheiro e voltamos a investir em hidrel�tricas”, comentou, citando as usinas de Santo Ant�nio e Jirau, no Rio Madeira. Ela usou, ainda, uma express�o mineira para destacar que o Brasil de hoje � diferente e tem condi��es para aplicar a verba nessa �rea. "Estamos saindo (da fase) da m�o para a boca", comparou.
Reservat�rios Mas, se novas hidrel�tricas est�o entrando em opera��o, as que est�o ligadas sentem os efeitos da escassez de chuvas. Os reservat�rios das usinas do Sudeste e do Centro-Oeste, que respondem por 70% da capacidade de acumula��o de �gua do pa�s, est�o com 30% de sua capacidade de armazenamento de energia. A informa��o � da Associa��o Brasileira das Empresas Geradoras de Energia El�trica (Abrage). O n�mero � perigosamente pr�ximo do apurado em dezembro de 2001, ano do racionamento, quando o lago das usinas localizadas nas duas regi�es estava em 32, 27%, indica o Operador Nacional do Sistema El�trico (ONS). Se n�o chover, possibilitando a recupera��o plena dos reservat�rios, a gera��o t�rmica dever� se estender ao longo do ano de 2013. A avalia��o � do presidente da Abrage, Fl�vio Neiva.
“O ano de 2012 se encerra com incertezas no campo regulat�rio, principalmente pelos desdobramentos da Medida Provis�ria 579. Pelo lado do abastecimento de energia, houve atraso do in�cio de chuvas significativo, comprometendo uma defini��o favor�vel para a situa��o energ�tica”, explica Neiva. De acordo com ele, uma das certezas para o setor el�trico no ano que vem � o uso intensivo da gera��o t�rmica na base, pelo menos durante o primeiro trimestre do ano. De acordo com ele, isso acarretar� um aumento significativo do custo de aquisi��o do combust�vel, que ser� repassado para a tarifa.
“Al�m disso, a prioriza��o do uso do g�s natural para a gera��o termel�trica poder� comprometer a oferta desse combust�vel para a ind�stria, trazendo, como consequ�ncia, restri��es ao crescimento industrial do pa�s”, observa. De acordo com ele, 2013 ser� marcado pela implementa��o de todas as medidas regulamentadoras da MP 579 e existem incertezas quanto ao fluxo de investimentos para moderniza��es e reformas nas usinas existentes para manter a sua confiabilidade operacional. “Esperamos que o regime de agrega��o de novas ofertas ao sistema interligado (usinas novas) n�o seja comprometido por ter um equacionamento independente no seu funding.”