Os investidores ter�o que assumir mais riscos em 2013, sobretudo os que se frustraram com a nova poupan�a e com t�tulos do governo — as aplica��es mais tradicionais. As mudan�as recentes na economia v�o alterar a forma de juntar dinheiro. Os juros b�sicos (Selic) ca�ram ao menor n�vel da hist�ria (7,25% ao ano) e a caderneta passou a pagar s� 70% da Selic mais a Taxa Referencial (TR). Tudo isso jogou uma neblina sobre a renda fixa e tornou mais dif�cil ter ganhos acima da infla��o ou que alcancem dois d�gitos.
Poupar passou a exigir esfor�o e conhecimento, acima de tudo porque a ainda desconhecida renda vari�vel, baseada sobretudo em a��es, pode se tornar cada vez mais a principal reserva do brasileiro. Com o novo cen�rio, o Estado de Minas preparou um guia que indica os passos para quem vai come�ar a investir, seja para realizar sonhos de consumo ou para garantir a aposentadoria.
Antes de tudo, � bom saber a diferen�a entre poupar e investir. Poupa quem se esfor�a para preservar uma fatia, mesmo que pequena, do or�amento familiar. "Poupar � administrar despesas para formar excedente", resume Jos� Alexandre Vasco, superintendente de Prote��o e Orienta��o aos Investidores da Comiss�o de Valores Mobili�rios (CVM). A depender do tamanho, essa sobra pode ficar s� guardada, o que n�o � recomendado, por conta da infla��o. Dinheiro parado na carteira, no cofre ou debaixo do colch�o perde valor.
Por isso, � importante deixar a poupan�a aplicada numa op��o que ofere�a rentabilidade, de prefer�ncia um lucro acima da infla��o. "� preciso pesquisar e se informar para fazer a melhor escolha", diz Reinaldo Domingos, presidente da Associa��o Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin). Pode ser a caderneta, um plano de previd�ncia, t�tulos do governo, a��es, fundos de investimento. Nesse caso, o simples poupador come�a a virar investidor.
A transforma��o exige o h�bito de gerir despesas da casa e separar parte do dinheiro quando o sal�rio entra na conta. O investimento deve ocorrer como uma presta��o paga todo in�cio de m�s e vinculada a um objetivo, como a compra de carro, casa ou computador, fazer uma viagem ou mesmo a aposentadoria. Tudo tem de ter um prazo para se concretizar. Os especialistas at� recomendam colocar essas metas no papel: o que se quer, em quanto tempo, e quanto est� disposto a guardar todo m�s. Surge da� um plano de investimento.
ALVOS O produto financeiro adequado depende do seu desejo. Se for de curto prazo, pode ser alcan�ado em um ano ou menos, sendo a poupan�a o ideal, pois n�o paga Imposto de Renda e pode ser sacada a qualquer momento. O problema � que pode perder para a infla��o, como em 2012. "Se quer comprar uma TV de R$ 2 mil, v� para a poupan�a. Mas se pensar de um a 10 anos, pode levar o dinheiro para certificado de dep�sito banc�rio (CDB), Tesouro Direto, fundos de investimento", ensina Domingos. "Acima de 10 anos, tem o Tesouro, previd�ncia privada e a��es, mas � preciso conhecer os riscos", afirma.
Vasco, da CVM, lembra que quanto mais alta a rentabilidade oferecida por um produto financeiro, maior o risco de perda. "Antes de escolher, tire todas as d�vidas", alerta. Com a renda fixa pagando cada vez menos, a expectativa geral � de que o mercado de capitais cres�a e que o brasileiro aprenda, enfim, a aplicar em a��es. "Isso � normal em pa�ses desenvolvidos", explica o diretor da DX Investimentos Felipe Chad.
"� dif�cil o pequeno investidor fugir do b�sico, pois o baixo volume o leva para aplica��es tradicionais", frisa o diretor de Private Banking do Banco do Brasil, Rog�rio Lot. "O grande investidor tamb�m ter� de mudar de perfil. N�o d� mais para pensar na renda fixa tradicional. O apetite por risco tende a crescer", avalia. A m�xima de que n�o se deve colocar todos ovos na mesma cesta continuar a ser verdade.
Al�m das a��es, deve-se ficar de olho nos fundos imobili�rios. Funcionam como um condom�nio em que muitos s�o donos de um im�vel cujo aluguel � revertido em favor do cotista. Dependendo do fundo, por�m, pode ser dif�cil ou mais demorado se desfazer do investimento em caso de emerg�ncia. Se decidir por um, escolha os maiores e pergunte em quanto tempo � poss�vel reaver o dinheiro, se precisar.
OUSADIA Com perfil ousado desde 2003, quando come�ou a investir, o analista de sistemas Marcelo Correia Afonso desistiu de vez da renda fixa quando come�ou a sequ�ncia de cortes da Selic, em agosto de 2011. “Tinha menos de 10% dos meus investimentos em renda fixa. No in�cio deste ano, tirei tudo e agora estou com 100% em a��es”, conta. Dono do site de investimentos Fundamentus, Marcelo garante que apostar em renda fixa � perda de dinheiro. Para garantir bons retornos no mercado de capitais, ele estuda as empresas e se dedica a uma an�lise rigorosa dos pap�is. “Primeiro analiso a empresa e seus dados financeiros. Depois, o setor em que est� inserida e, finalmente, a macroeconomia do pa�s”, explica.