Bras�lia – Horas em frente aos livros fazem parte do dia a dia de milhares de brasileiros que est�o de olho em uma vaga na administra��o p�blica. Em meio ao agravamento da crise econ�mica global, o governo estabeleceu, por meio de portaria em mar�o de 2011, menor ritmo de realiza��o de novos concursos. Isso acirrou a concorr�ncia, for�ando os candidatos a atingirem alto padr�o de preparo para galgar o cobi�ado posto de servidor. A disputa para chegar ao p�dio se tornou uma verdadeira saga. Mas quem vem se esfor�ando muito no preparo e ainda n�o conseguiu uma vaga tem boas raz�es para se animar nesta virada de ano. A restri��o no n�mero de certames tende a diminuir, pois o Poder Executivo reconhece que tem 187.645 cargos a serem preenchidos.
Com uma rotina de estudos de cerca de oito horas di�rias, Camila Pasquarelli, de 26 anos, tenta h� tr�s anos atingir seu objetivo. Graduada em Direito, ela tem foco: pretende ser delegada, agente ou escriv� da Pol�cia Federal. Para tanto, j� prestou mais de uma dezena de concursos p�blicos. “Cheguei a estudar 10 horas por dia, mas fiquei doente. Muitos acham que a vida de concurseiro � f�cil, que estudar n�o cansa. N�o � assim: a press�o � enorme”, desabafa.
SACRIF�CIOS Camila tem vivido uma vida de abdica��es: abandonou o futebol, o longboard e muitas sa�das com amigos e fam�lia. “N�o d� para passar em concurso sem disciplina, e isso �s vezes implica abrir m�o do que voc� gosta”, diz. Para ela, no entanto, mesmo com imensa dedica��o ao estudo, a concorr�ncia de alto n�vel continua a ser uma grande preocupa��o. “Muita gente tem condi��es de investir em um bom preparo. Livros, acompanhamento e um cursinho de qualidade custam muito dinheiro”, conta. Mesmo com or�amento limitado, s� em livros, Camila j� gastou mais de R$ 5 mil. O cursinho, que fez durante um ano, levou outros R$ 6 mil.
O professor Jos� Wilson Granjeiro, diretor da rede GranCursos, acredita que a concorr�ncia n�o deva ser a maior das dores de cabe�a em 2013, j� que grande parte dos candidatos n�o tem disciplina para o estudo. “Muitos n�o t�m o h�bito de ler e exercitar, deixam para estudar em cima da hora, quando sai o edital. Sem pr�tica n�o h� fixa��o de conte�do”, afirma. H� um item apontado por Granjeiro, por�m, que reduz a vantagem dos candidatos mais bem preparados: as falhas de elabora��o dos testes. “Algumas bancas n�o priorizam o racioc�nio. O resultado s�o provas mal feitas”, afirma.
Dedica��o na pauta para o pr�ximo ano
No �ltimo semestre de Engenharia Mec�nica, Eduardo Neves Fonseca, de 25 anos, vislumbra no servi�o p�blico a chance de um bom sal�rio e estabilidade, de prefer�ncia trabalhando na �rea para a qual est� se formando. “N�o pretendo ficar carimbando papel”, diz.
Com esse foco, ele assumiu, h� um ano, rotina pesada, que alia o estudo para concurso � monografia e ao est�gio na Procuradoria Geral da Uni�o. Durante esse per�odo, Eduardo j� participou de cinco sele��es p�blicas, todas em engenharia. Sua grande expectativa est� no cargo de perito da Pol�cia Civil do Distrito Federal (PCDF), certame previsto para o pr�ximo ano.
Depois da formatura, que deve ocorrer at� mar�o, Eduardo quer mergulhar nos estudos. “Como tenho que terminar o projeto de conclus�o de curso, acho que n�o me dedico o suficiente. Acredito que, para passar num concurso, � necess�ria dedica��o em tempo integral, incluindo fins de semana e feriados”, afirma.
Para o professor especializado em concursos Mariano Borges, o maior obst�culo encontrado pelo estudante � o estabelecimento de um novo ritmo de vida, adequando o h�bito do estudo � rotina. “O h�bito de estudar � semelhante a uma corrida: tem que ser di�ria, aumentando a velocidade gradualmente, de forma constante, para nunca perder o f�lego”, afirma. “O estudante tem que dar o m�ximo de si, para fazer a batalha pelo concurso p�blico ser a mais breve poss�vel. Esse sofrimento pode ser prolongado ou n�o, depende da capacidade de foco de cada um”, completa. (LP)
Que tal mudar de cidade?
A maior quantidade de vagas a serem preenchidas em diferentes n�veis de governo est� prevista para Bras�lia. No Distrito Federal, a Pol�cia Civil do Distrito Federal (PCDF) deve oferecer 3.029 vagas para seis fun��es na corpora��o: agente (2 mil), escriv�o (495), delegado (200), perito criminal (199), perito m�dico legista (80) e papiloscopista (55). A estimativa � de que o provimento dos cargos criados seja feito de forma gradual a partir de 1º de janeiro de 2014. O sal�rio inicial para peritos e delegados da PCDF � de R$ 13.368,68, podendo chegar at� R$ 19.699,82 com a progress�o da carreira. Para os demais cargos, a remunera��o inicial � de R$ 7.514,33, com possibilidade de chegar a R$ 11.879,08.
A sele��o do Tribunal de Justi�a do Distrito Federal e dos Territ�rios (TJDFT) tamb�m � aguardada pelos estudantes. No total, s�o 110 vagas, 87 de n�vel m�dio, para t�cnicos judici�rios, e 23 vagas para graduados na fun��o de analista judici�rio (�reas judici�ria e de apoio especializado). As remunera��es variam entre R$ 2.662,06 e R$ 4.367,68. O �rg�o prev� que os aprovados possam ser nomeados ainda no primeiro semestre de 2013.
Alguns editais tamb�m ainda s�o esperados. A expectativa � de que a maior parte das vagas sejam abertas nos minist�rios da Fazenda, Sa�de e Previd�ncia Social, �rg�os com maior car�ncia de pessoal, segundo o Minist�rio do Planejamento. (LP)