Pelo terceiro ano, o �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a infla��o oficial do pa�s, ficou acima do centro da meta estabelecida pelo governo, que � de 4,5%. A escalada dos pre�os se repetiu em dezembro, quando o indicador bateu em 0,79%, portanto acima do que os analistas financeiros esperavam, uma alta de 0,74%, em m�dia. Com isso, 2012 fechou com uma infla��o de 5,84%. Na Grande Belo Horizonte, o movimento dos pre�os foi semelhante, com um IPCA acumulado de 6,03%, posicionando a capital mineira na sexta posi��o entre as 11 regi�es pesquisadas, resultado que superou S�o Paulo, Goi�nia, Distrito Federal, Porto Alegre e Curitiba.
Pressionada pelos pre�os dos servi�os e dos alimentos, que dever�o continuar pesando no bolso em 2013, a infla��o s� ficou abaixo dos 6% devido � nova metodologia de c�lculo usada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), respons�vel pelo �ndice, que alterou a pondera��o dos gastos das fam�lias no ano passado. N�o fosse isso, o IPCA teria chegado perto de estourar o teto da meta, alcan�ando 6,41% (o teto � de 6,5%).

Comida e bebida respondem por 23,93% do or�amento das fam�lias. Embora esses itens n�o tenham registrado a maior varia��o dentro da infla��o de 2012, tiveram o maior impacto porque pesam bastante nos gastos das fam�lias, representando 39% da taxa do IPCA no ano. Nos servi�os, os empregados dom�sticos lideraram os reajustes. O aumento de 12,73% nos custos com os empregados dom�sticos em 2012 resultou em uma contribui��o de 0,45 ponto porcentual para a alta de 5,84% no IPCA.
Na Grande BH n�o foi diferente. O conjunto das despesas pessoais, puxado pelos servi�os, sofreu significativa influ�ncia da evolu��o dos gastos com excurs�es, de 12,39% em 2012. Com os pre�os mais altos, h� quem j� mude os planos para as pr�ximas f�rias. Depois de uma excurs�o com as amigas para a Disney, em 2010, a estudante Isabela Ba�ta quer refazer o passeio em julho, mas desta vez na Europa. Desde novembro, ela tem pesquisado os pre�os, que aumentaram muito. Diante do or�amento alto, Isabela e as amigas optaram por comprar as passagens, reservar os hot�is e fazer o passeio sem guia tur�stico. “N�o sei quanto vai ficar mais barato, mas sei que de excurs�o eu n�o vou pelos pre�os altos que temos encontrado.”
Hist�ria anunciada
Para o professor da Funda��o Getulio Vargas Paulo Picchetti, a infla��o dos servi�os � a grande vil�o da hist�ria e n�o d� mostras de que vai ceder no curto e m�dio prazo. “� certo que vivemos um per�odo at�pico desde 2009 na sa�da da crise. Mas, apesar do crescimento pequeno do PIB (Produto Interno Bruto), estamos convivendo com um mercado de trabalho pungente, com aumentos reais de sal�rio e a contrapartida disso � a disparada dos pre�os”, argumentou.
Os pr�ximos meses tendem a ser os piores. Em algum momento do primeiro semestre de 2013 a infla��o acumulada em 12 meses vai estourar o teto da meta. “Temos um ano come�ando com a economia ainda fraca e a infla��o em alta”, disse Eduardo Velho, economista chefe da Planner Corretora. Segundo ele essa situa��o se traduz numa rigidez para uma a��o do Banco Central no que se refere � taxa de juros.
O pr�prio Banco Central d� a entender que j� se conformou com uma infla��o mais alta durante algum tempo. Em nota divulgada logo ap�s o an�ncio do resultado do IPCA, o presidente do BC, Alexandre Tombini, fez quest�o de lembrar que a infla��o recuou durante 2011. “N�o obstante, na segunda metade de 2012, observaram-se press�es de pre�os decorrentes de choques desfavor�veis no segmento de commodities agr�colas, dentre outros fatores. No curto prazo, a infla��o mostra resist�ncia, mas as perspectivas indicam retomada da tend�ncia declinante ao longo de 2013”, assegurou. O cen�rio � adverso para a infla��o este ano, com riscos mais altos, na avalia��o do economista S�lvio Campos Neto, da Consultoria Tend�ncias. (Colaborou Carolina Mansur)

A infla��o oficial da Grande Belo Horizonte ficou acima da m�dia nacional, pelo segundo ano. O �ndice regional de 6,03% representou 0,19% acima do IPCA no pa�s. Diferentemente do que se poderia esperar, o al�vio dos pre�os em BH e entorno no m�s passado – que resultou na menor infla��o medida entre as regi�es metropolitanas analisadas, de 0,52% – n�o foi suficiente para contrabalan�ar o avan�o do �ndice apresentado ao longo de todo o ano de 2012.
Assim como os resultados nacionais, as maiores varia��es de pre�os no ano passado na Grande BH foram registradas para itens de despesas pessoais (11,68%), alimenta��o e bebidas (9,30%) e vestu�rio (9,29%). Para Ant�nio Braz Oliveira e Silva, analista do IBGE em Minas Gerais, a forte eleva��o no Brasil de alguns produtos j� era esperada, mas boa parte deles apresentou um aumento ainda mais significativo em Belo Horizonte. As despesas pessoais, por exemplo, sofreram remarca��o 1,51% superior � m�dia nacional. A lideran�a do grupo, por�m, ficou com o cigarro (20,11%). “A forte eleva��o est� associada, em grande parte, ao aumento do sal�rio m�nimo, com forte impacto nos servi�os que t�m valores baseados nele”, explica Braz. Isso inclui n�o s� os sal�rios dos empregados dom�sticos (14,86%), como tamb�m a remunera��o da manicure (10,87%) e do cabeleireiro (13,07%).
Para muitos belo-horizontinos, os resultados da infla��o divulgados ontem j� podiam ser sentidos quando as despesas do ano foram colocadas na ponta do l�pis – ou na mem�ria do computador, como � o caso da psicopedagoga Shirley Borja, de 44 anos. Ela tem hor�rio fixo semanal para fazer as unhas e j� havia sido alertada pelo marido sobre o impacto do servi�o da manicure. Para fazer as unhas dos p�s e das m�os, ela paga R$ 34 num sal�o da Regi�o Centro-Sul da capital. “Como n�o estou disposta a abrir m�o da manicure, equilibro os gastos em outros setores”, diz Shirley.
Vice-campe�o em varia��o de pre�os na regi�o metropolitana, o grupo de alimenta��o e bebidas refletiu o impacto dos pre�os de cereais, leguminosas e oleaginosas (35,09%), com destaque para o arroz (38,01%) e feij�o carioca (29,69%). O maior susto, por�m, foi a varia��o de 58% da batata-inglesa na Grande BH. Para a diarista Terezinha Vieira, de 63 anos, o jeito encontrado para tentar driblar a alta � pesquisar. “Pego os folhetos dos sacol�es e supermercados e vou comprando o arroz, o feij�o, o tomate de forma picada, cada coisa em um lugar diferente, onde estiver mais barato.” (CL)