
Nos �ltimos meses, empres�rios e l�deres do setor, que passou a ser regulado pela Ag�ncia Nacional de Petr�leo (ANP), v�m apresentando � presidente Dilma Rousseff os seus argumentos favor�veis aos dois movimentos. Mais recentemente, eles somaram ao pleito a informa��o sobre a franca melhora da atual safra de cana-de-a��car em rela��o �s duas �ltimas, prejudicadas por estiagens, com alta de at� 10% nos volumes colhidos. O conjunto de dificuldades contrasta com o hist�rico do bem-sucedido programa brasileiro de substitui��o em larga escala dos derivados de petr�leo.
"A presidente tem todos os dados t�cnicos para tomar uma decis�o prometida h� meses. Queremos ver o aumento da mistura publicado no Di�rio Oficial da Uni�o (DOU) at� abril para espantar a inseguran�a no mercado interno", diz Antonio de P�dua Rodrigues, diretor t�cnico da Uni�o da Ind�stria de Cana-de-A��car (Unica). Mesmo animados com a rea��o do campo, usineiros avisam que a falta de rentabilidade ainda impede retomar projetos na gaveta desde 2008 e evitar fechamentos j� programado de usinas. "A decis�o de investir em unidades or�adas em R$ 1 bilh�o requer vis�o de longo alcance, de 20 anos. Em um ambiente de reviravoltas e pouca comunica��o fica muito dif�cil", explica Rodrigues.
Cerca de 40 usinas encerraram suas atividades nos �ltimos anos e pelo menos 10 dever�o engrossar a lista at� dezembro. O rem�dio contra os apertos conjunturais, gerados pela pol�tica macroecon�mica do governo e eventuais problemas clim�ticos, est� na estabilidade de regras e mais planejamento. Por isso, os fabricantes de etanol querem aproveitar a sinaliza��o de abertura do Planalto para cobrar pol�tica de longo prazo para o setor sucroalcooleiro, alcan�ando os governos estaduais.
As decis�es em favor do �lcool combust�vel se completam, � medida que diminui o apetite pelas crescentes importa��es de gasolina, puxadas pelo aumento da frota nacional e pela satura��o da capacidade de refino da estatal. Al�m dos preju�zos nos balan�os da Petrobras, pesa o fato de que as novas refinarias em constru��o no Nordeste e no Rio de Janeiro s� entrar�o em cena por volta de 2016. Nesse contexto, o consumo de gasolina subiu 12% em 2013 e o de etanol recuou 10%. Abastecer o carro com etanol s� � vantajoso quando o pre�o do combust�vel equivale a 70% ou menos do pre�o da gasolina.
EST�MULO Dados da ANP revelam que em 2007, quando o produto da cana era mais competitivo, o Brasil exportou 3,7 bilh�es de litros de gasolina. O quadro se inverteu, e em 2011, o pa�s importou 1,9 bilh�es de litros do combust�vel f�ssil, subindo no ano passado para cerca de 3 bilh�es de litros, volume s� atingido nos anos 1970. Com isso, mais de um d�cimo da gasolina nas bombas dos postos � importada. O governo, por sua vez, reconhece o significativo aumento dos custos de produ��o do etanol nos �ltimos quatro anos, de quase 100%, ante uma infla��o oficial acumulada de 29%. "Uma propor��o de equil�brio e um est�mulo ao consumo de etanol � primordial", acrescenta Rodrigues.
Leonardo Gadotti, vice-presidente da fabricante Ra�zen, torce pelo retorno aos 25% da mistura, no m�ximo, at� junho. "Basta o governo medir os estoques para decidir e afastar a inseguran�a dos investidores", avisa. Ele torce tamb�m para que o debate a cerca da unifica��o das al�quotas do imposto estadual (ICMS) sobre o etanol, que v�o de 12% (SP) a 24% (RJ), prospere.
"Todos ganhariam com uma redu��o, convergindo para um �nico percentual e seguindo o exemplo do governo paulista. Os resultados s�o positivos para a cadeia produtiva e torna a distribui��o mais racional", observa. O executivo ressalta ainda que a carga tribut�ria, como pol�tica p�blica, deve tamb�m se orientar pelos ganhos sociais e ambientais de garantir competitividade ao etanol. "Essa conta final n�o � pequena", garante.
Ajuda dos Estados Unidos
Bras�lia – Enquanto o setor sucroalcooleiro requer ajustes, a crescente demanda norte-americana pelo etanol � base de cana-de-a��car j� pressiona os pre�os, que estavam nos menores n�veis dos �ltimos dois anos. As importa��es do etanol brasileiro pelos EUA deram um salto de quase nove vezes em 2012, at� outubro, na compara��o com igual per�odo do ano anterior, refletindo tamb�m o fim, h� um ano, da barreira tarif�ria que existia por tr�s d�cadas.
As vendas do Brasil para os EUA somaram 1,27 bilh�o de litros nos primeiros 10 meses de 2012. A tend�ncia � de esse avan�o continuar em 2013. Segundo analistas, a abertura do mercado e a expectativa de uma maior procura dom�stica ter�o importante papel na recupera��o da rentabilidade dos produtores nacionais. A favor disso est� o fato de a legisla��o norte-americana em favor de uma maior participa��o do biocombust�vel de cana nos autom�veis, ajudando no decl�nio da produ��o local de etanol a base de milho.
ELETRICIDADE A crescente demanda de eletricidade para o Brasil poderia ser suprida por um proporcional aumento da participa��o do baga�o da cana na matriz energ�tica. A capacidade m�dia de produ��o atual apenas das usinas do estado de S�o Paulo gira em torno de 1,3 mil megawatts (MW). Segundo o representante da Uni�o da Ind�stria de Cana-de-A��car (Unica) em Ribeir�o Preto (SP), S�rgio Prado, esse volume poderia subir para 15,3 mil MW em uma d�cada. "� o equivalente a pouco mais de uma Usina de Itaipu", comentou, citando a maior hidrel�trica em opera��o no pa�s. "As empresas t�m interesse em investir, mas o custo � alto e elas ainda precisam de garantias do governo de que haver� estabilidade de regras tanto no etanol quando nos pre�os da eletricidade", afirmou. (SR)
Efeito flex
Relat�rios oficiais mostram que a tecnologia flex tirou efici�ncia energ�tica do etanol nas bombas de combust�veis. Enquanto nos anos 1990 o chamado pre�o relativo de indiferen�a entre o �lcool hidratado de cana-de-a��car e gasolina era, na m�dia, de 80,67% na frota movida apenas a etanol, o motor bicombust�vel que hoje domina as vendas de carros novos �, na pr�tica, favor�vel ao refino de petr�leo, abaixo de 70%.