A evolu��o do cr�dito no ano passado fundamenta a posi��o do Banco Central, conforme a �ltima ata de seu Comit� de Pol�tica Monet�ria, o Copom, de que as decep��es com o crescimento econ�mico lento “n�o podem ser endere�adas por a��es de pol�tica monet�ria”. De fato, as emiss�es monet�rias e o cr�dito, vitaminas do Produto Interno Bruto (PIB), tiveram desempenho robusto diante da resist�ncia da infla��o e da elevada taxa de inadimpl�ncia do consumidor.
Do cr�dito tamb�m se obteve o que poderia fornecer em situa��o de inadimpl�ncia recorde – e ainda mais preocupante porque registrada num cen�rio de virtual pleno emprego (4,9% da popula��o ativa em novembro, o �ltimo dado divulgado pelo IBGE) e com a renda real do trabalhador crescendo � base de 8% anual acima da infla��o.
A economia criou, no ano passado, 1,3 milh�o de empregos formais, conforme os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados na sexta-feira, um resultado 31% menor que o de 2011. Mas � preciso qualificar esse desempenho. O aumento do saldo l�quido das contrata��es foi expressivo, comparado ao crescimento estimado de 1% a 1,2% do PIB em 2012 (o n�mero final ser� divulgado em 1º de mar�o pelo IBGE, juntamente com as contas nacionais).
Uma economia estagnada, segundo os manuais, n�o cria empregos, os destr�i. Nem aumenta sal�rios. Mas, segundo o Caged, o sal�rio real m�dio de admiss�o aumentou 4,7% em 2012, j� deflacionado pelo INPC de 6,2% no ano. A for�a do emprego e da renda n�o � enigm�tica.
Ela resulta da forte atividade de servi�os, em especial do varejo (cujo volume de vendas no acumulado do ano cresceu 8,4% em 2012, no conceito ampliado, contra 6,7% em 2011), e do menor crescimento da popula��o – um vi�s que n�o pode mais ser omitido das an�lises.
O mal do Estado inepto
E por que a economia tem crescido t�o pouco, 2,7% em 2011 e cerca de 1% em 2012? As causas s�o mais profundas do que sugere a lista de provid�ncias do governo Dilma para empinar o crescimento do PIB.
A ind�stria – “sem sal�rio baixo para competir com o Vietn� (e gra�a a Deus n�o temos) nem produtividade alta para competir com a Alemanha (que pena!)”, conforme coment�rio humorado do economista Mansueto Almeida – � o grande contrapeso para a expans�o do PIB, assim como o investimento, que desponta como sequela desse quadro.
A economia perdeu competitividade em rela��o a qualquer outra que n�o tenha feito do Estado obeso e inepto estribo para al�ar o bem-estar e os resultados empresariais. � comparar, na Am�rica Latina, nosso desempenho com o M�xico. Ou Col�mbia e Chile com Venezuela e Argentina. O Estado inepto deforma a economia, ao extrair recursos crescentes da sociedade sem contrapartida em termos de custos.
Adequa��o � solv�ncia
N�o � com mais cr�dito que se vai impulsionar o PIB. O seu estoque total avan�ou 16,2% em 2012, comparativamente a 19% em 2011 e 20,6% em 2010. Mas a rela��o cr�dito sobre PIB atingiu 53,5%, contra 49% em 2011 e 45,2% em 2010. N�o houve, portanto, contra��o do cr�dito, apenas adequa��o de seu ritmo � situa��o da solv�ncia da economia.
As opera��es com pagamento atrasados acima de 90 dias fecharam o ano no n�vel de 5,8%, contra 5,9% em novembro e 5,5% em dezembro de 2011. A inadimpl�ncia foi pior para as pessoas f�sicas, com a taxa m�dia saltando de 7,4%, no fim de 2011, para 7,9%. Como a taxa de juros m�dia do cr�dito total manteve vi�s de queda, vindo de 37,1%, no fim de 2011, para 28,1% em dezembro (de 43,8% para 34,6% no caso do cr�dito a pessoas), d� para cogitar o que aconteceria se a banca seguisse facilitando o credi�rio: o calote viraria quest�o social.
Quest�o n�o � monet�ria
Se o emprego e a renda crescem, o com�rcio avan�a acima de 8% e os juros caem, n�o � por falta de demanda que a produ��o da ind�stria recuou de 2% a 4,5% em 2012, at� porque o cr�dito n�o encolheu, se ajustou � alta inadimpl�ncia e � menor propens�o ao endividamento.
O problema n�o est� com a pol�tica monet�ria, como destacou o BC, mas nos custos de produ��o, sin�nimo de maior produtividade, o que implica uma estrutura p�blica eficiente, que dispense a necessidade de carga tribut�ria crescente e j� das mais altas do mundo, al�m de gastos sociais em contradi��o com o mercado de trabalho apertado.