
A demanda por vagas em institui��es que oferecem o hor�rio integral aumentou em m�dia 60% nos �ltimos dois anos. Os pais enfrentam at� mesmo uma lista de espera, o que acende o sinal verde para a expans�o das unidades. Para completar a equa��o, no or�amento de muitas fam�lias, as mensalidades escolares ficam mais em conta que a contrata��o, quando poss�vel, de um funcion�rio para cuidar da crian�a.
Os investimentos na educa��o infantil s�o estrat�gicos para as escolas manterem seus lucros e a sa�de financeira em dia. No Coleguium, com unidades em Belo Horizonte, Nova Lima e Lagoa Santa, as duas �ltimas na Grande BH, os alunos da educa��o infantil representam 36% do total de 4 mil matriculados. “Apostamos muito no segmento por serem estudantes que devem ficar conosco at� os 18 anos, na formatura do ensino m�dio. A ideia � que, a partir da capta��o do p�blico infantil, tenhamos um retorno ao longo dos anos seguintes”, explica Daniel Machado, diretor financeiro da institui��o.
Para Paulo Pacheco, consultor e professor do Ibmec Minas Gerais, o fato de o n�mero de filhos por fam�lia – 1,9 em m�dia, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) – ter diminu�do sugere inicialmente que o setor privado n�o deveria investir na educa��o infantil. Por�m, o aumento do poder aquisitivo e a possibilidade de dispor de mais recursos para cada crian�a levam os pais a dedicar uma grande parte do or�amento � educa��o. “A mudan�a de estrutura das fam�lias tem exigido uma resposta das institui��es. � uma tend�ncia de mercado que as escolas ofere�am servi�os completos e elas est�o come�ando a perceber as oportunidades. Ter em um s� lugar as atividades de educa��o que normalmente est�o dispersas no mercado � mais vantajoso para os pais, por isso caminhamos para a escola integral.”
No Col�gio ICJ, Bairro Nova Su��a, Regi�o Oeste de Belo Horizonte, o crescimento da educa��o infantil foi de 150% nos �ltimos cinco anos. A procura por vagas no hor�rio integral � o dobro da oferta atual de 50 alunos. De acordo com a diretora pedag�gica Christina Fabel, quando as matr�culas para este ano foram abertas, j� havia fila de espera para algumas turmas. “A escola est� em busca de novos espa�os na regi�o para amplia��o da educa��o infantil”, afirma. Como n�o foi poss�vel para este ano, a solu��o foi repensar o espa�o atual, com obras e outras interven��es para possibilitar novas turmas e atividades voltadas para esse p�blico, um investimento de R$ 200 mil. Espera-se que a outra unidade possa ser encontrada e reformada para 2014, a um custo de R$ 700 mil, referente somente �s obras.

Suporte
Tamb�m o Coleguium tem planos de expans�o para o ensino infantil. De acordo com Daniel Machado, a demanda comporta uma nova unidade exclusiva para esse segmento – atualmente s�o duas, no Bairro Gutierrez e na Pampulha –, que ser� inaugurada no ano que vem no Bairro de Lourdes, Regi�o Centro-Sul. O investimento previsto � de R$ 1,5 milh�o. Fl�via M�rcia Dias Bento, gerente do ensino infantil e fundamental I do Coleguium, afirma que at� no ber��rio a procura � grande. “Temos m�es gr�vidas que j� est�o na fila de espera”, conta.
A psicopedagoga Simone �vila Reis Miranda, m�e de Isadora �vila Reis Roncarati Miranda, de 4 anos, e Arthur �vila Reis Miranda, de 9, colocou os dois filhos bem cedo no ICJ, em hor�rios parciais. De manh�, ela fez um acordo com o marido, Rodolfo, para poder passar um tempo com as crian�as – nada de bab�s. “N�s trabalhamos fora e queremos ter seguran�a quanto ao que acontece com as crian�as, al�m de nos importarmos com o desenvolvimento deles. A escola n�o � respons�vel pela educa��o dos meus filhos, mas � um grande suporte.” Com os dois filhos, os gastos mensais com a educa��o, que incluem atividades extras, como aulas de ingl�s, bal� e futebol fora do hor�rio regular, ficam em torno de R$ 1 mil.
Economia com extracurriculares extracurriculares
A diretora pedag�gica do Col�gio ICJ, Christina Fabel, que tamb�m � coordenadora da C�mara de eEduca��o Infantil do Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep/MG), afirma que os casais mais jovens t�m mostrado maior preocupa��o em possibilitar ao filho um ambiente de est�mulos e seguran�a. “H� uma grande diferen�a entre uma creche e uma escola, principalmente em termos de estrutura f�sica e forma��o de professores. Muitos jardins de inf�ncia n�o preenchem os requisitos exigidos para a autoriza��o de funcionamento por meio da Secretaria Municipal de Educa��o”, diz a diretora.
As atividades extracurriculares s�o, de fato, atrativo � parte. No Col�gio Arnaldo, os principais investimentos para a escola integral este ano ser�o parcerias com escolas especializadas e contrata��o de professores para aulas de dan�a e circo, que devem complementar a grade, que j� conta com capoeira, nata��o e inform�tica, entre outras. “S�o atividades que os pais normalmente teriam que pagar por fora, o que fica economicamente mais vi�vel, al�m de ter a tranquilidade de ser realizadas com profissionais qualificados para esse atendimento”, explica Rosimeire Pacheco, coordenadora da educa��o infantil do Arnaldo.
A vendedora aut�noma V�nia Cl�udia de Resende matriculou o filho Arthur Berganini Resende, de 4 anos, h� dois anos na escola integral do Col�gio Arnaldo. Como a fam�lia mora em um condom�nio fora de Belo Horizonte, � mais f�cil levar e buscar a crian�a em hor�rios pr�ximos aos da jornada de trabalho dos pais. “N�o � uma quest�o de desenhar e colorir, mas de ser mais soci�vel, comunicativo. Ele j� escreve o nome, toma banho e se troca sozinho e, com uma bab�, por melhor que fosse, n�o teria esse est�mulo e independ�ncia. A escola me d� mais seguran�a, al�m de ser mais barato que um funcion�rio e mais interessante para a crian�a”, explica V�nia, que paga R$ 940 de mensalidade, com alimenta��o inclu�da.
A escola integral � a carta na manga da vendedora Cristiane Magalh�es Almeida, m�e de Maria Cec�lia de Almeida, de 4. A filha estuda atualmente no turno da tarde do ICJ porque uma tia pode lev�-la � escola, j� que Cristiane trabalha em Contagem, na regi�o metropolitana. “Esse arranjo � vantajoso porque pago R$ 510 de mensalidade, um custo menor que teria n�o s� com sal�rio e encargos trabalhistas, mas tamb�m gastos com luz, �gua, alimenta��o. Por�m, quando n�o puder ter essa ajuda mais, a solu��o ser� o hor�rio integral.” (CL)
